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Melhoria contínua, liberdade e responsabilidade
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Por Nelson Duarte, publicado pelo Instituto Liberal

A Amazon é uma das maiores empresas do mundo, uma das mais disruptivas e a que mais cresceu durante a crise causada pela pandemia do Covid-19. Esse sucesso é fruto da cultura criada pelo líder Jeff Bezos. A espinha dorsal da filosofia da empresa é o lendário termo “Day One”, que prega que, todos os dias, os funcionários e sócios devem se sentir como se estivessem começando do zero, o que protege a empresa de ficar acomodada em seu enorme sucesso. Perguntado sobre como seria o “Day 2”, Bezos respondeu: “Dia 2, uma paralisação, seguida de irrelevância. Seguida por um declínio torturante e doloroso. Seguida pela morte”.

O que devemos fazer para encontrar e manter a energia do “Day One” para nos mantermos comprometidos com o crescimento e sucesso de nossas empresas? Em uma startup, é mais fácil manter essa cultura devido à proximidade do CEO com todos os colaboradores. À medida que a empresa cresce, esse contato direto vai ficando mais difícil. Isso mostra a importância de se criar e manter uma cultura forte dentro da organização.

Uma das chaves para formação de cultura está em um dos conceitos do “Lean Manufacturing”: o “Gemba” (local onde as coisas acontecem). É função do líder manter uma rotina de visitas ao “Gemba” para manter todos engajados com a cultura do “Day One”. Dependendo da atividade ou contexto, o “Gemba” pode ser o chão de fábrica, a loja, o Website ou o escritório onde a equipe está trabalhando. No entanto, essa visita não pode ser um simples passeio, o foco deve estar em aprender. O líder precisa mostrar que ele está comprometido e com a “pele em jogo”, propondo reflexões do tipo “O que você está melhorando e como posso ajudar?”. Arriscar a própria pele impede que os sistemas apodreçam.

À medida que a empresa cresce, fica cada vez mais difícil melhorar os processos e a cultura do “Day One” tende a ser perdida. A melhoria contínua é chave para manter essa chama acesa. Uma visita ao Gemba é produtiva quando o líder aprende algo novo sobre seu negócio e quando o time ganha motivação e clareza sobre como melhorar seus processos.

Com o distanciamento social causado pela pandemia, a ida ao “gemba” se tornou muito mais difícil em diversas situações. Como manter uma cultura organizacional forte em tempos de “home office”? Isso só é possível com princípios e valores bem definidos e compartilhados com todos os colaboradores na busca do objetivo da organização. Um exemplo de sucesso é a Netflix, cuja cultura possui dois valores fundamentais: liberdade e responsabilidade. Segundo a cultura da empresa, “pessoas responsáveis alcançam sucesso com liberdade e são dignas de liberdade”. A empresa acredita que é mais produtivo que os colaboradores tomem suas próprias decisões, sabendo que eles possuem metas e resultados a entregar, do que criar uma série de regras que eles devam seguir.

Esse tipo de cultura está fortemente ligado ao conceito de liderança compartilhada do “Lean”, que se baseia na ideia central de que o papel principal do líder é guiar seu time para que alcance o objetivo comum, em vez de dar ordens diretas e dizer como fazer. O ponto central da cultura de liderança compartilhada é a delegação de responsabilidade na empresa a um grande número de pessoas com a habilidade de tomar decisões. Com isso, a equipe estará mais ciente do valor que produz e se sentirá mais livre para fazer melhorias nos processos.

A melhoria contínua é a chave para manter o espírito do “Day one” aceso. Dessa forma, liberdade e responsabilidade são os valores que irão conduzir a empresa ao sucesso.

*Nelson Duarte é associado I do Líderes do Amanhã. 

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