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Mercado de trabalho em 2019
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Por Marcel Balassiano, publicado pelo Instituto Liberal

O Brasil passou por uma das piores (talvez a pior) recessões da história, com dois anos de crescimento real do PIB negativo (2015 e 2016) e com uma recuperação lenta e gradual da economia no triênio 2017-19. A pior consequência dessa crise para a população brasileira foi no mercado de trabalho, onde ainda há milhões de brasileiros entre os desocupados e desalentados, além dos que trabalham (menos de 40 horas semanais) e gostariam de trabalhar mais e os que estão na informalidade. Lembrando que o mercado de trabalho geralmente é a última variável, tanto a entrar, quanto a sair da crise. Por exemplo, a recessão começou no segundo trimestre de 2014. Naquela época, o desemprego estava em 6,8%. Hoje, mais de três anos após o fim da recessão, o desemprego está em 11%.

O Gráfico 1 mostra a evolução das pessoas desocupadas, que foram de 11,6 milhões em dezembro de 2019, 2,5 milhões a menos do que no pico em março de 2017 (14,1 milhões de desempregados), mas ainda assim num nível muito elevado de desemprego.

Segundo o IBGE, há o conceito de força de trabalho potencial, formado pelas pessoas desalentadas mais aquelas que realizaram busca efetiva por trabalho, mas não se encontravam disponíveis para trabalhar na semana de referência, por diversos motivos (estudo, saúde, gravidez, entre outros). No final do ano passado, esse contingente era de 7,7 milhões de pessoas.

O Gráfico 2 mostra a quantidade de pessoas desalentadas (4,6 milhões), ou seja, aquelas que desistiram de procurar emprego (pessoas que não realizaram busca efetiva por trabalho, mas gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência). Pelo gráfico, percebe-se o forte crescimento durante a recessão (e mesmo após o fim) desse grupo de pessoas. Já o Gráfico 3 mostra o grupo de pessoas que realizaram busca por trabalho, mas não se encontravam disponíveis para trabalhar, por diversos motivos (3,1 milhões). Os Gráficos 2 e 3 juntos compõem a força de trabalho potencial.

Também há o conceito de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas, que são aquelas que trabalham, porém menos de 40 horas semanais, e gostariam de trabalhar mais. O Gráfico 4 mostra esse dado, que correspondeu a 6,8 milhões de pessoas no final de 2019.

Então, ao se somarem as pessoas desocupadas com as pessoas que compõem a força de trabalho potencial (desalentados + aquelas que realizaram busca por trabalho, mas não se encontravam disponíveis para trabalhar, por diversos motivos), chega-se a um número de 19,4 milhões de pessoas sem nenhum tipo de trabalho no final do ano passado no Brasil. Se adicionarmos as 6,8 milhões de pessoas que trabalham, mas menos do que 40 horas semanais e gostariam de trabalhar mais, o número sobe para 26,2 milhões (Gráfico 5).

O Gráfico 6 mostra as pessoas que estão na informalidade, sendo a informalidade definida aqui como a soma dos trabalhadores sem carteira assinada (setor privado, público e trabalhador doméstico) com os empregadores e conta-própria (ambos sem CNPJ) e o trabalhador familiar auxiliar. No final do ano passado havia 41,2 milhões de brasileiros trabalhadores informais, 3,4 milhões a mais do que no final de 2015.

O Gráfico 7 mostra o somatório de pessoas desocupadas, força de trabalho potencial, pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e as pessoas na informalidade, somando 67,4 milhões de pessoas nessa situação no Brasil, em dezembro de 2019. No final de 2015, havia 11,2 milhões de pessoas a menos nessa situação (56,2 milhões), mostrando um dos piores aspectos da crise econômica recente diretamente na vida da população.

O Gráfico 8 mostra um resumo mais amplo da situação do mercado de trabalho no Brasil no final de 2019, separado por pessoas desocupadas; desalentadas; que realizaram busca por trabalho, mas não puderam aceitar; subocupadas e informais, totalizando 67,4 milhões de pessoas.

Então, esse é o retrato do mercado de trabalho no final do ano passado, com quase 70 milhões de pessoas numa situação mais precária em relação ao emprego, reflexo da forte crise que o país passou entre 2014-16 e da recuperação, lenta e gradual da economia, desde 2017. Espera-se que, com um crescimento da economia mais robusto em 2020, esses números do mercado de trabalho melhorem.

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