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Moro mostra sua cara política – e sua nova voz!
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O ex-juiz Sergio Moro fez seu discurso de filiação ao Podemos. Aquele que disse que o Brasil "não precisa de líderes que tenham voz bonita" fez um claro treinamento com fonoaudiólogo para melhorar a impostura de sua voz, que lhe rendeu o apelido de "marreco" por alguns maldosos.

O que mais chama a atenção, logo de cara, é a forma, ainda mais do que o conteúdo. Moro virou político em todos os aspectos - ou será que sempre foi e disfarçava? No Estadão, consta o seguinte:

Moro tem sido auxiliado, quase que em tempo integral, pela empresa IV5 Inteligência em Comunicação, do marqueteiro Fernando Vieira, que recebeu R$ 396 mil do Podemos somente em 2021 – ano em que a legenda já recebeu R$ 10 milhões do Fundo Partidário. O QG da campanha, por enquanto, fica em uma sala comercial da empresa na zona sul de São Paulo, mas, conforme a eleição se aproximar, vai se mudar para um imóvel maior, alugado pela legenda. 

Até as vésperas do evento de filiação de Moro, a equipe preparava vídeos de divulgação do pré-candidato. Em uma das imagens filmadas, Moro aparece discursando enquanto anda em direção à câmera. As peças de divulgação também vão ser veiculadas em um canal dedicado ao ex-juiz no YouTube.

Faz parte da nova rotina de Moro ouvir atentamente da equipe de Vieira orientações a respeito de como deve ser sua comunicação com o público. Com o auxílio do marqueteiro, o ex-juiz também tem buscado construir uma imagem de “pré-candidato” e motes de campanha para o Palácio do Planalto. Foi de uma entrevista com o ex-juiz que Vieira arrancou o slogan: “um Brasil justo para todos”. 

Eis o que fica claro lendo isso: Moro se entregou ao marketing. E isso, ouso dizer, pode representar suicídio político nos tempos atuais. O povo quer alguém genuíno. Vide o caso do governador João Doria, o mais moldado pelo marketing. Tudo que Agripino faz é calculado com base no impacto marqueteiro para certo público. E o resultado é um índice pífio de aprovação, contra uma enorme taxa de rejeição.

Moro tenta ser o candidato da mídia: "Chega de intimidar e agredir jornalistas", disse o ex-juiz, ignorando que a liberdade de imprensa não está ameaçada no país hoje, mas que militantes disfarçados de jornalistas viraram o maior partido de oposição no Brasil de Bolsonaro. Trata-se de uma estratégia para ser o queridinho da velha imprensa, na esperança de que isso seja suficiente para compensar a falta de engajamento popular.

Moro atacou o "capitalismo cego, sem compaixão". Colocou a "justiça social" como uma das principais metas. Sim, é tucano. Fala como tucano, pensa como tucano, age como tucano. "Nós podemos erradicar a pobreza, e não é preciso furar o teto de gastos", prometeu Moro, sem explicar o mais relevante: como fazer! É típico da demagogia fazer promessas irreais sem entrar em "detalhes chatos" de como executa-las...

Na luta para ocupar a "terceira via" que se coloca equidistante entre os dois "extremos", veio a banalização do mensalão: Moro compara o projeto totalitário petista com rachadinhas ou até emendas "secretas". Petistas vibram com o discurso, claro, que compara tiros de bazuca com pedradas. O relativismo é o melhor amigo dos verdadeiros criminosos...

A visão política de Sergio Moro vai ficando mais clara, e para quem estudou história, conhece a mentalidade alemã desde Bismark, a crença de Woodrow Wilson e a Grande Sociedade de Lindon Johnson, saberá identificar a coisa: uma tecnocracia com amplo poder, sem rosto e sem voto, formada por "especialistas abnegados" que poderão guiar o povo. É a mentalidade por trás do "deep state", do gigantesco estado administrativo que se vê blindado contra anseios populares, ditando regras de cima para baixo.

Não por acaso Moro "marinou". O ambientalismo é o novo refúgio da esquerda globalista, que ambiciona controlar tudo de cima para baixo. O "crescimento sustentável" virou um slogan vazio que, na prática, significa delegar imenso poder aos tecnocratas distantes. Vide a agenda da ONU 2030, a histeria com o "aquecimento global" justificando intervenções cada vez mais bizarras nas economias e democracias locais.

Em suma, Moro toca em pontos importantes, sem dúvida, acerta em muitas pautas, mas adota discurso genérico, abrangente e um tanto demagógico, que parte da premissa de um estado quase onipotente capaz de resolver todos os males que assolam a humanidade.

Aquele que jamais poderia abandonar o Brasil pulou fora do governo no meio de uma pandemia, e saiu atirando. Moro não vai precisar de muito esforço para seduzir jornalistas. Esses já adotam a visão estética de mundo, e adoram uma narrativa megalomaníaca estatizante, com fortes pitadas de politicamente correto. Duro vai ser Moro atrair o povo...

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