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O editor do (fim do) mundo
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O ministro Dias Toffoli, num arroubo autoritário bastante revelador, comparou o STF a um editor da nação, sendo que não há em qualquer artigo da Constituição absolutamente nada que lhe outorgue função similar. Cabe ao editor cortar textos, filtrar conteúdo, impor linha editorial ou mesmo vetar uma publicação.

Toffoli, convém lembrar, foi o responsável pela abertura do “inquérito do fim do mundo”, aquele que transforma o Supremo em réu, procurador, investigador e juiz ao mesmo tempo. A relatoria ficou com Alexandre de Moraes, não por sorteio, mas no “dedaço”. E o ministro tem levado o autoritarismo ainda mais longe.

Não bastasse perseguir bolsonaristas no país, Moraes resolveu estender os tentáculos da censura para o resto do mundo. Ele obrigou o Twitter a suspender contas no exterior também. Transformou, assim, o STF não mais em vergonha nacional apenas, mas em vergonha mundial.

Especialistas contestam o absurdo da coisa. Um deles explicou na Folha como a coisa deveria acontecer: “O juiz manda uma ordem para a autoridade central do país, que manda uma ordem para a autoridade do outro país, que então comunica o juiz de lá e, então, o juiz do outro local manda cumprir. Isso é para não invadir jurisdição internacional”.

Mas na cruzada contra o “fascismo” bolsonarista vale tudo! Jornalistas ficaram em silêncio, e supostos liberais aplaudiram. Não percebem que alimentam o monstro totalitário que amanhã poderá devorar todos. O Twitter chamou a decisão de “desproporcional”, mas é eufemismo: ela foi totalmente descabida mesmo, absurda, esdrúxula e típica de tiranias.

Moraes alega que podem haver indícios de crimes cometidos por esses indivíduos. Perceberam a loucura? Nem mesmo o inquérito ilegal puniu os envolvidos por qualquer crime concreto, mas o ministro se sente no direito de suspender seus direitos básicos de liberdade de expressão. É ou não é ditadura?

Estou convencido de que algo deve ser feito imediatamente, no curtíssimo prazo, para conter os abusos do STF. E só consigo pensar num caminho a seguir: o tal impeachment de ao menos um dos ministros. Por isso toda pressão em cima dos senadores se faz necessária. Quem se cala sobre a maior ameaça concreta à nossa democracia hoje não tem qualquer direito de criticar qualquer arroubo autoritário do governo federal.

Que, convenhamos, inexiste. A retórica de alguns bolsonaristas pode ser excessiva às vezes, mas não há atos concretos do Poder Executivo na direção do autoritarismo. O mesmo não podemos dizer do STF. Estavam tão preocupados com o “fascismo” de Bolsonaro que permitiram que o verdadeiro método fascistoide fosse adotado pelo nosso Supremo, aquele que se considera o editor do mundo.

Artigo originalmente publicado pelo ND+

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