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O mundo contra a China: e o Brasil?
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Por João Cesar de Melo

No último dia 08 de junho, Jens Stoltenberg, Secretário-geral da OTAN, declarou que a China deve ser encarada como a maior ameaça à paz e à liberdade do ocidente. Uma notícia dessa importância deveria ter sido repercutida com destaque no Brasil, mas não ganhou uma única linha na grande imprensa.

A declaração do nome mais importante da maior aliança militar do mundo, fundada para proteger a Europa da União Soviética e, hoje, da Rússia, ilustra um cenário internacional extremamente tenso − a China vem utilizando seu poder econômico para avançar militar e politicamente sobre outros países.

Por décadas, vimos a ameaça comunista no Brasil simbolizada por Cuba e pelos integrantes do Foro de São Paulo. Agora, percebemos que uma ameaça imensuravelmente maior cercava não apenas nosso país, mas todo o mundo.

Um plano perfeito:

Enquanto a esquerda exigia mais e mais regulação de mercado nos países ocidentais, os comunistas chineses promoviam a plena liberdade econômica em seu território. Oferecendo mão-de-obra barata e ausência de leis trabalhistas, seduziram centenas de grandes empresas do ocidente a transferirem para a China seus parques industriais. Com grandes marcas internacionais operando no país, a espionagem industrial e a falsificação de produtos ficaram mais fáceis.

Enquanto a esquerda intensificava o movimento pacifista no ocidente, forçando a redução dos investimentos militares na grande maioria dos países, a China aumentava anualmente seus gastos, sem prestar contas a nenhuma organização internacional. Dessa forma, os comunistas obtiveram todos os recursos para aperfeiçoar o sistema de controle social, político e cultural, para criar grandes empresas estatais que passaram a representar os interesses do partido no mercado internacional e para criar um gigantesco aparato militar.

Aquela piada que diz “até a China tentou o comunismo, e não deu certo”, não faz mais sentido.

Comunismo é essencialmente CONTROLE sobre tudo e todos, não importando os métodos; e é exatamente isso que os comunistas chineses conseguiram em seu país e estão tentando sobre outros. A ditadura mais assassina da história desponta-se como uma superpotência econômica e militar. Os comunistas controlam não apenas o país mais populoso do planeta, mas também redes de infraestrutura e de tecnologia, grandes áreas de terras e enormes jazidas minerais em todo o mundo.

Tanto poder econômico dá condição para a China avançar sobre outros países sem temer reações. O exemplo mais escandaloso é o que vem acontecendo no mar meridional asiático.

Em 2014, Vietnam e Filipinas denunciaram que a China estava invadindo seus mares territoriais para aterrar recifes de coral e sobre eles construir bases militares. O então presidente americano Barak Obama questionou Xi Jinping, que garantiu que seriam apenas bases de apoio à marinha mercante e de estudos geoclimáticos. Obama acreditou. Nenhuma organização ambiental protestou. A imprensa internacional abafou. O caso foi julgado pelo Tribunal de Haia. As ações da China foram condenadas. A despeito disso, os comunistas chineses continuaram seus projetos, construindo literalmente dezenas de ilhas artificiais que hoje mostram-se como bases militares armadas até com lançadores de mísseis de longo alcance, numa agressão direta não apenas aos países da região, mas à todas as convenções internacionais. O próprio Xi Jinping já afirmou que enxerga como território de uso exclusivo da China toda aquela região por onde passa cerca de 1/3 do comércio marítimo mundial e que guarda grandes reservas de gás natural. Ele simplesmente ignora a zona marítima de todos os países da região.

Além disso, há a eminente invasão de Taiwan e as provocações nas fronteiras com a Índia e o Nepal. A China financia o programa nuclear da Coreia do Norte, utilizado para ameaçar a Coreia do Sul e os Estados Unidos. O Japão viu-se obrigado a mudar sua política de defesa nacional por causa das manobras cada vez mais provocativas da marinha chinesa ao largo de sua costa. Tailândia, Malásia, Brunei, Singapura, Indonésia e até a Austrália também estão sentindo o avanço chinês na região. Há poucas semanas, Austrália, Japão e Estados Unidos se reuniram para traçar um plano comum de defesa. A Austrália e a Índia já haviam assinado, em 4 de junho, um acordo de cooperação militar contra a China.

Países europeus e os Estados Unidos estão tomando providências para deter o avanço chinês, desfazendo acordos políticos, rescindindo contratos com grandes empresas chinesas e criando condições para a volta dos parques industriais de suas multinacionais, principalmente por causa do fato cada vez mais evidente de que a pandemia e o lockdown como protocolo de combate ao vírus formaram, em conjunto, um grande ataque da China contra o ocidente.

Poucos dias atrás, o FBI informou que o Partido Comunista da China vem infiltrando agentes em universidades e centros de pesquisa americanos, principalmente nas áreas de biotecnologia.

(fontes no final do texto)

Esse é o clima dos países mais importantes do mundo em relação a China. Estão se conscientizando e se unindo contra a ameaça chinesa assim como, 70 anos atrás, fizeram diante da ameaça soviética. Naquela época, o Brasil se posicionou do lado dos países livres e democráticos. E hoje?

Creio não ser necessário explicar a razão da omissão da grande imprensa brasileira sobre o expansionismo chinês e a reação internacional. No entanto, é importante destacarmos a posição daquele movimento, daquele partido e daquele governador que se dizem liberais: estão desde o começo apontando a China como exemplo no combate a pandemia, não questionam nada do que vem da China, não têm críticas nem denúncias àquele regime e ainda fazem campanha em favor que a vacina chinesa seja aplicada em larga escala no Brasil. Em coro com a grande imprensa e com os tradicionais partidos socialistas, não permitem críticas de políticos à China. Comportam-se como lobistas dos comunistas chineses.

Isto é gravíssimo! O mundo está entrando numa nova guerra fria e a esquerda está empurrando o Brasil para o lado errado. Qualquer proposta de neutralidade é uma dissimulação da esquerda para manter e aumentar a influência chinesa no país. Estamos numa situação muito mais perigosa do que há 5 anos. Em 2015, tínhamos a nova esquerda lutando contra a velha esquerda, o que nos ajudou a tirar o PT do poder. No entanto, hoje temos a velha e a nova esquerda unidas contra a direita, que chegou há menos de dois anos ao poder e ainda está em processo de formação. Além de tentar derrubar o presidente, ainda querem transformar o país num aliado da maior ditadura comunista da história.

* João César de Melo foi articulista do Instituto Liberal de 2015 a 2020 e está lançando o livro Comunidade Progresso, pela editora Armada, no qual imagina o que aconteceria a um condomínio se nele fosse implantado o socialismo. Para comprar o livro, acesse este link: https://editoraarmada.com.br/produto/comunidade-progresso/?fbclid=IwAR3o_xsLn3bEgVuz8MWRTO2xLrq1v2ikHQ1u3IsdpGQ0N9Ep-Z3loD7PidY

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