Poucas coisas são capazes de unir uma nação, especialmente em tempos de polarização tribal. Mas guerra costuma ser uma dessas coisas. Diante de uma ameaça comum, todos se lembram de que estão no mesmo barco, e as diferenças desaparecem temporariamente. Ou não.
O clima está tão acirrado nesse tribalismo que mesmo sob a ameaça do vírus chinês temos visto um uso político escancarado da crise. Em vez de todos abandonarem as picuinhas e concentrarem esforços no que pode ser feito para reagir, muitos colocam como prioridade os dividendos eleitorais de suas ações - ou falas.
Aqui nos Estados Unidos a coisa tomou ares bizarros. Trump, que no começo desmereceu o tamanho do problema, logo mudou de postura e passou a agir como um estadista, a ponto de ter sido elogiado até na CNN. Ele mobilizou gente boa para cuidar da força-tarefa no combate ao Covid-19, sob a liderança do vice Mike Pence, e anunciou um pacote enorme de ajuda financeira. Do outro lado, porém, encontrou apenas cálculo eleitoral. Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara, deu o tom populista da reação:
Os democratas, cada vez mais radicais à esquerda, partiram para a pura demagogia. Ano eleitoral, todos sabemos. Mas pode ter um efeito bumerangue, como teve na tentativa de impeachment sem fundamento: o povo percebeu o oportunismo político...
O que os democratas fizeram nas negociações do pacote de ajuda mostra o grau de radicalismo ideológico da esquerda americana. Bloquearam o deal, depois apresentaram uma contraproposta incluindo um monte de coisa sem qualquer sentido ou ligação com a crise, como ajuda às "minorias", cartada racial, ambientalismo, tudo para jogar para sua plateia.
A demagogia tomou conta do partido que já foi do católico anticomunista JFK. Uma vergonha! Não ligam para o todo, para a nação. Só pensam nas eleições e em suas claques radicais. Parecem populistas do tipo PSOL mesmo, querendo perdão das dívidas estudantis e outros absurdos que inviabilizam o pacote e condenam o futuro fiscal do país. São oportunistas da pior espécie.
Mas Trump rebateu à altura, sem se intimidar:
Trump assumiu a postura de comandante em chefe numa guerra, mas os democratas querem, de forma oportunista, colocar suas cascas de banana ideológicas no acordo. É lamentável essa postura mesquinha, pequena, eleitoral da esquerda democrata...
No Brasil, como sabemos, há oportunismo político de todos os lados, seja por parte de alguns governadores, seja do próprio presidente. Falta o senso de urgência e união que deveria prevalecer em estadistas numa hora dessas. Mas o povo saberá avaliar isso na hora do voto. Comentei sobre isso no Jornal da Manhã hoje:
Quem usar a crise como palanque vai pagar um alto preço...
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