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Pior que a pandemia são os discursos sobre ela
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Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal

Fui formado tardiamente numa escola filosófica chamada “ceticismo filosófico” ― ainda que efetivamente meu diploma tenha saído de uma instituição católica; paradoxal, não? Isso significa que eu aprendi e assimilei que a prudência e o tempo são os melhores professores, que geralmente uma verdade não vem tal como um achocolatado, pronto para misturar e tomar. Duvidar e perguntar são, para mim, o início mesmo de qualquer conhecimento seguro e duradouro; até a mais fulcral das verdades nasce antes de uma dúvida profunda e uma solução demorada. Tal como não é possível fazer uma estrela em uma noite, não é provável que uma certeza fique pronta em 9 meses. Por tudo isso, ser cético ante as imposições políticas é uma conduta de vida, um método de reflexão e avanço seguro.

Na esteira de Sócrates, aprendi a duvidar de tudo e todos até que haja bons argumentos para se crer no que foi expresso. Não abro mão disso, me parece que ainda hoje é o melhor método, inquirir, duvidar e refletir até que um conceito concretize o que antes era uma suspeita.

​Um dos novos adjetivos que emplacaram contra mim ― por ocasião desse meu ceticismo ― foi o de “conspirador”; ao que parece, em 2020, “conspirador” não é mais aquele indivíduo que acredita facilmente em qualquer asneira extraterrestre ou na promessa de cura universal dos males que nos assolam, mas sim aquela pessoa que definitivamente não acredita na boa vontade dos burocratas, nem nas narrativas sobre os puros políticos e santos jornalistas. Na realidade, eu odeio conspirações, elas são as evoluções da “boa” e velha mentira, uma versão piorada do engodo. A mentira se autorrevela aos poucos, ninguém consegue esconder sua natureza por muito tempo; mas a conspiração consiste num update constante de distorções e mentiras misturadas a meias-verdades; por isso que ser chamado de “conspirador” é algo que realmente me incomodou.

Eu até queria prontamente acreditar nos discursos em torno da pandemia, só que existem muitas cordas partidas nessa ponte, muitas correntes sem elos, narrativas sendo catequeticamente emplacadas sem nenhum pudor. Ora, a verdade não parece ser algo que necessite do auxílio da coerção. Eu simplesmente não me convenço com muitas das justificativas oficiais, não parecem ser ao menos sensatas se levantamos um voo de coruja e lá de cima observamos toda a história em 360º. Ao que tudo indica, isso é um pé no saco para muitas pessoas.

​Um vírus MORTAL, ANIQUILADOR, GENOCIDA, que mata menos que o infarto, mas que, não obstante, causou a maior pandemia dos últimos séculos; o vírus surgiu na China, em uma cidade onde há um dos maiores laboratórios de manipulação de vírus do país ― o qual, inclusive, manipulava exatamente esse vírus maldito da COVID-19 ―, mas, segundo os órgãos super-mega-hiper renomados, o vírus veio de um mercado de comidas exóticas… e só, é isso que você e eu precisamos saber, dizem. Mil especialistas ditam ― em nome de uma mesma ciência ― mil caminhos diferentes, em questões de horas mudam os rumos de suas previsões e conselhos cientificíssimos. Tratamentos prévios foram renegados, no entanto, vacinas feitas nas coxas vão sendo exaltadas. A obrigatoriedade da vacina será imposta, temos até um senador brasileiro propondo 8 anos de prisão para quem escolher não se vacinar; ao mesmo tempo que as fabricantes de vacinas pedem isenção para efeitos colaterais das suas substâncias.

​Sério, vocês não veem nada de errado aqui? Talvez eu seja muito desconfiado, eu sei. Tá bem, eu confesso, ok… Mas vocês não acham mesmo que há alguma coisa que extrapola a sensatez nesse script?

​A OMS atuou como uma verdadeira organização submissa à China; a própria China demorou semanas para relatar o real problema de contágio logo em janeiro; médicos chineses que alertaram o mundo sobre a seriedade do contágio foram sistematicamente suprimidos, muito provavelmente mortos ou torturados. Enquanto isso a mídia mundial, unissonamente, pregava um discurso oficial sem contestar as discrepâncias gritantes dos relatos, parecia ensaiado, rítmico, previamente desenhado…Repito, não houve nenhuma pressão internacional séria contra o país onde se originou a pandemia, que escondeu deliberadamente a seriedade dos contágios, que aprisionou médicos que não assumissem em suas falas aquilo que o partido determinava.

Caramba, é preciso ser conspiracionista para não acreditar nesse romance?

​Ninguém parece estar seriamente investigando tudo isso; os veículos de impressa nacionais e internacionais parecem não querer questionar a China em sua ferida, muito menos responsabilizá-la por algo. Por quê?

A China já possuía milhões de EPIs prontinhos para vender ao mundo quando ocorreu o boom de contágios no Ocidente, já os possuía numa quantidade tão gigantesca que soa como se adivinhasse previamente o que ocorreria. Lockdowns ineficientes se espalharam como uma liturgia social salvífica, outras tantas medidas sanitárias pouco convincentes foram tomadas como regras indiscutíveis. A economia ocidental entrou em uma derrocada nunca antes vista; aliás, o colapso econômico do Ocidente interessava muito a um país...

​Para vocês não soa como se quisessem emplacar uma versão unívoca sobre a pandemia, como se só uma versão pudesse ser contada, enquanto todas as estranhezas eram sublimadas? Por que até hoje a China censura informações sobre a Covid? São muitas perguntas que não se harmonizam com o todo pintado no Jornal Nacional ou na Folha de São Paulo; são muitas dissonâncias para poucos questionamentos sérios e profundos.

​Talvez eu seja cético demais para acreditar que tudo esteja tão arrumadinho como aparece na boca do Willian Bonner, ou nas sempre enfáticas falas do Senhor de todos nós, Dória; quiçá eu incorra na heresia de não acreditar que os burocratas e o Estado estejam profundamente preocupados com todos nós. Nem que o ato de suprimir a minha liberdade de escolha, via canetada do STF, “seja apenas uma garantia para que depois eu possa exercê-la com mais robustez” ― assim como um amigo acadêmico me disse.

Talvez me falte o que sobrou em Paulo de Tarso, uma fé arrebatadora que não era capaz sequer de questionar, uma disposição para a auto entrega sem devaneios. Quem sabe eu tenha que acreditar mais nos jornalistas do UOL do que em meus olhos e consciência; adotar prontamente as vacinas fast-food ao invés de problematizar uma substância que poucos sabem ao certo o que contém, se é de fato segura e o que a longo prazo pode causar em mim e em minha família.

​Antes que cogitem: eu conheço a olho nu a seriedade do vírus, não desdenho dos seus males e nem minoro a sua sisudez. Ser cético não é o mesmo que ser cego; eu duvido da trama, do roteiro montado e das apologias oficiais decantadas. Eu não quero apenas tomar o vinho, quero também saber onde ele foi feito, aqueles que o produziram, suas técnicas, história, em que barril fermentou e em qual vidro foi envasado; e isso não significa, em hipótese alguma, que duvido da existência do vinho em si e de seu teor alcoólico, significa apenas que não sou daqueles que entornarão o copo sem questionar seu conteúdo.

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