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Quem é “o leitor” da Folha?
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Todos temos uma visão de mundo, alguns uma ideologia mesmo. O jornalista, porém, precisa tentar deixar de fora o máximo possível isso na hora de relatar fatos, ou ao menos tornar mais transparente qual a sua visão política.

Faço aqui uma distinção entre o repórter e o comentarista, pois muitos ignoram essa diferença básica. O repórter que está relatando acontecimentos importantes deve filtrar ainda mais suas próprias opiniões, pois ele está ali para levar ao conhecimento do público os fatos relevantes. Já o comentarista (meu caso) claramente não só pode como deve emitir a sua visão, pois é pago para isso.

Pois bem: minha principal crítica à imprensa em geral é justamente sobre seu escancarado viés ideológico, que aponta sempre para a esquerda. E pior: os jornalistas não enxergam isso, negam o viés, acreditam ou fingem acreditar que são mesmo imparciais e desprovidos de preconceitos ideológicos.

Há várias maneiras de usar essa visão de mundo de forma mais sutil: a escolha de pautas; as chamadas; o enfoque da reportagem; quem recebe destaque para comentar; etc. Os jornalistas que negam o viés apontando para fatos incômodos contra a esquerda que os principais veículos de comunicação trouxeram ignoram essa realidade. Sim, foi a mídia que levantou informações que prejudicaram o projeto petista. Isso não nega, porém, o viés ideológico da imprensa.

"Reportagens" sobre baboseiras que servem apenas para fazer campanha contra governos de direita são exemplos claros desse viés, algo que não víamos quando a esquerda estava no poder. Trump e Bolsonaro foram alvos de todo tipo de ataque chulo, idiota, que passam pelo cabelo, a forma como alimentam peixes, até a escrita da primeira-dama que seria de um perfil autoritário.

Isso para não falar do duplo padrão nos termos utilizados. Por exemplo, invasão de esquerdista vira "ocupação"; qualquer um à direita dos tucanos é rotulado como "ultraconservador" ou "extrema direita", enquanto ninguém, nem mesmo Boulos ou Freixo, é chamado de extrema esquerda; e por aí vai.

Uma das táticas mais manjadas para usar o viés de forma disfarçada sempre foi a escolha dos "especialistas" que vão comentar as matérias. Normalmente escolhia-se a dedo nomes alinhados à ideologia predominante, quase hegemônica, e colocava-se um mais neutro em meio a dois radicais do outro lado, para simular imparcialidade. Isso gerava um vetor resultante claramente à esquerda, e dava ares de normalidade inclusive aos extremistas. Basta ver quantos políticos do PSOL dão entrevistas na TV, sendo que sua representatividade popular é baixíssima.

Mas se antes a mídia ao menos se esforçava mais para encontrar seus "especialistas" preferidos, alinhados ideologicamente, para corroborar com a narrativa vigente, agora vale lançar mão só do tal "leitor" mesmo. Essa coisa de "leitor diz" é realmente o fim da piada, digo, da picada! Cabe tudo aí. Vejam um caso, entre tantos que até já viraram motivo de piada nas redes sociais:

Qual a relevância disso? Que leitor é esse? Fica óbvio que o jornal, sem coragem de declarar a sua opinião própria, ou tentando dar peso a ela com uma "reportagem", destaca "o leitor" que lhe interessa. Há milhares, milhões de "leitores", não? Qualquer coisa se encaixa nessa chamada. Por exemplo: Leitor diz que Folha de SP é o Pravda brasileiro. Que tal? O que importa isso? Quem é esse leitor, afinal de contas?!

É tudo muito constrangedor. Os ataques populistas de Trump e Bolsonaro aos jornalistas não são saudáveis para a democracia, que necessita de jornalismo independente. Mas convenhamos: a mídia não ajuda!

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