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Quem fala em nome da ciência?
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Há uma tática bem antiga e manjada no jornalismo militante, que consiste na escolha dos "especialistas" certos. Ora, sabemos que em questões complexas haverá sempre toda uma gama de opiniões embasadas, que diferem em suas conclusões. Não é algo trivial, preto no branco. O militante, então, seleciona a dedo aqueles cientistas cujas conclusões batem com a sua, e garante uma aura de respeitabilidade para sua mensagem.

Poucas coisas são mais condenáveis, portanto, do que a postura arrogante de muitos jornalistas que alegam falar somente em nome da ciência e dos fatos, tratando todos os outros como ideológicos e preconceituosos. O jornalista não paira acima do bem e do mal, desprovido de paixões e visão de mundo pré-concebida. Muitas vezes ele busca a confirmação de suas teses, rejeitando justamente o método científico, que clama por refutação. Alexandre Borges resumiu bem a coisa:

Não obstante, muitos "conservadores" têm se calado diante do abuso dessa tática por parte de militantes disfarçados de jornalistas. Acho que poucos discordariam que, hoje, Vera Magalhães abandonou qualquer pretensão de jornalismo imparcial, tornando-se uma militante que bate panela contra o presidente. E ela resolveu entrevistar um desses cientistas no Roda Viva desta semana, para reforçar sua retórica de que fala em nome da ciência contra obscurantistas reacionários.

O cientista em questão pega as previsões mais sombrias e sem fundamento sobre o coronavírus, e vira celebridade para militantes que desejam vender o caos para atacar o governo. É convidado para a entrevista, mas sequer faz de casa! O isolamento total é para os outros!

Leonardo Coutinho, colunista desta Gazeta, tocou na ferida ao mostrar o viés de boa parte da imprensa nessa questão do coronavírus. Numa thread imperdível, ele expõe a escolha seletiva de fontes, com as demais devidamente jogadas para debaixo do tapete. E deu um exemplo:

Há muito tempo escrevi um texto sobre Nostradamus, explicando porque o catastrofismo seduz e como charlatões tiram proveito disso. Não afirmo que o cientista em questão seja um desses embusteiros, mas vale a pena resgatar um trecho:

A natureza humana costuma ser atraída por previsões catastróficas, que mexem com o temor pela morte. O Apocalipse bíblico é prova disso. As projeções de Malthus também. O Armagedon assusta, e por isso conquista.

[...] A verdade é sacrificada pelos interesses imediatos. Enquanto existirem crédulos ingênuos, iremos conviver com profetas. Pelo que podemos presumir, ainda vamos ter que aturar profetas por muito tempo… Eis a profecia que faço!

O cientista em questão repete as previsões mais sombrias sobre o "aquecimento global" também, algo que muitos conservadores rebatem faz tempo, por perceberem o uso político da "ciência", por gente como Al Gore e Greta Thunberg.

Ele é defensor do aborto também, o que parece não incomodar certos "conservadores". Aliás, faço um parêntese para publicar um desabafo de um verdadeiro conservador cristão:

Clínicas de aborto são "essenciais" e continuam abertas. Igrejas são "não essenciais" e estão fechadas à força. Pastores que mantêm serviços são presos. Isso é algum tipo de pesadelo distópico esquerdista, só que real. Está acontecendo. E muitos "conservadores" estão bem com isso.

Conservador, segundo o cientista, quer voltar ao passado (confunde com reacionário), e o aquecimento global vai ferrar tudo em 20 anos (era uma década atrás, mas ok). Eis o cientista que os "conservadores" resolveram enaltecer só para atacar o governo Bolsonaro...

Claro que não cobro concordância com tudo. Estou apenas apontando as prioridades desses "conservadores". Para eles, um cientista que corrobora com a visão apocalíptica que serve, no momento, para atacar o governo, merece efusivos elogios, mesmo abortista e ecoterrorista; já um conservador que elogia parte deste governo é execrado!

Quem fala em nome da ciência, afinal? Há consenso ou algo perto disso sobre as previsões mais catastróficas do coronavírus? Vera pretende convidar o toxicologista Anthony Wong para ouvir um contraponto? Quero entender por que um virou "sumidade" e fala em nome da ciência, enquanto o outro é ignorado ou cortado em entrevistas, como ocorreu vergonhosamente na CNN Brasil. Qual o critério que os "jornalistas" usaram aqui para escolher quem pode falar em nome da ciência e quem é "obscurantista tacanho"?

Na Jovem Pan, entrevistamos o Dr. Wong sem qualquer tipo de censura ou corte:

Eis o currículo de cada um deles:

Tudo bem ouvir o que Atila tem a dizer, claro. Mas o intuito desse texto é deixar evidente que há um filtro ideológico e político no momento da seleção das fontes que falam em nome da ciência. Essa tática não engana mais ninguém. Ao menos ninguém minimamente atento aos acontecimentos recentes...

Fecho com uma pergunta de um grande conservador verdadeiro, Thomas Sowell: Por que continuamos em pânico quando ouvimos previsões terríveis de grupos que estão no negócio de fazer previsões terríveis?

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