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Minhas leituras de 2017
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Chegou o momento que muitos leitores gostam, em que faço uma retrospectiva de minhas leituras do ano, algo que já virou uma espécie de tradição do blog (aqui vocês podem ver as listas de 2014, 2015 e 2016). Esse ano o ritmo caiu um pouco, por conta do nascimento do meu filho. A “meta” não foi atingida, mas quantidade não é qualidade. E li bons livros esse ano. Segue abaixo a lista:

  • Um cântico para Leibowitz – Walter Miller

Recomendação do editor da Gazeta Marcio Antonio Campos, trata-se de um instigante romance que resenhei aqui. Parece inegável que muitos, na era da “morte de Deus”, passaram a depositar na ciência toda a sua esperança, inclusive no que diz respeito ao nosso maior receio: a morte. Mas se os conservadores religiosos têm algo a nos dizer sobre isso, é justamente que a natureza humana não pode ser manipulada impunemente pela tecnologia: os avanços da ciência encontram, como obstáculo frequente e instransponível, a relativa imutabilidade de nossa alma, de nosso espírito. Não deixem de ser esse livro!

  • O Antigo Regime e a Revolução – Alexis de Tocqueville

Todo ano separo em meu método caótico de leitura, que tem de tudo, alguns clássicos para ler ou reler. Tocqueville é sempre leitura rica, pois o homem era um conservador de boa estirpe, um arguto analista do cenário político e defensor dos valores da civilização ocidental. Esse clássico é uma análise minuciosa da Revolução Francesa, com a tese original de que os jacobinos não fizeram de fato tábula rasa, como gostariam, mas se aproveitaram da estrutura centralista de poder do Antigo Regime, a marca registrada da França. E se trata de algo que todo brasileiro conhece muito bem. Leiam Tocqueville!

  • The Welfare of Nations – James Bartholomew

Esse excelente livro me rendeu vários textos, divididos por temas que são capítulos distintos na obra, mas com o fio condutor que é demonstrar como o modelo de estado de bem-estar social acabou prejudicando os mais pobres (o inferno está cheio de boas intenções). Uma análise detalhada, honesta e o mais imparcial possível sobre os efeitos desse agigantamento estatal em busca da “justiça social”. Aqui faço uma resenha geral, aqui falo sobre o sistema de saúde, aqui sobre o ensino público e aqui sobre o esgarçamento familiar provocado pelo estado. Como podem ver, um livro que produz tanta pauta assim deve ser lido!

  • Adios, America! – Ann Coulter

A imigração foi “o” tema da eleição que levou Donald Trump ao poder. E se Trump acusa a mídia de desonestidade, não há tema em que isso fica mais escancarado do que nesse. São muitas inverdades, omissões e manipulações por parte da grande imprensa, que parece se recusar a lidar com o assunto com a honestidade que ele merece, dado o enorme potencial de mudança que ele tem na América que conhecemos hoje. O livro mais influente sobre o assunto, que teve grande impacto nas urnas, foi Adios, America!, de Ann Coulter. Ele me rendeu vários textos também, todos voltados para o polêmico tema da imigração. Aqui vocês podem encontrar vinte fatos totalmente desconhecidos sobre o assunto. O debate será melhor com o conhecimento deles.

  • Investigação Filosófica Sobre a Origem de Nossas Ideias do Sublime e da Beleza – Edmund Burke

Burke é Burke! E esse foi o seu primeiro livro, uma análise interessante sobre o conceito de beleza e do sublime. Usei o pensamento de Burke para escrever uma crítica do arrebatador filme “Manchester à Beira-Mar”. “O assombro, como eu disse, é o efeito do sublime em seu mais alto grau; seus efeitos menores são a admiração, a reverência e o respeito”, escreveu Burke. Respeite o sublime. E faça um favor a você mesmo: respeite o pensamento de Burke e leia seus livros.

  • Athens, Rome, and England: America’s Constitutional Heritage – Matthew Pauley

Compreender de onde vieram os pilares constitucionalistas que moldaram a América dos “pais fundadores”, até hoje um dos experimentos mais bem-sucedidos de sociedade, que mistura liberdade individual com valores tradicionais e relativa participação popular, é crucial para defendê-los, para não embarcar em aventuras utópicas. Esse livro é um excelente resumo do legado da civilização ocidental. Escrevi uma resenha aqui.

  • A beleza salvará o mundo – Gregory Wolfe

Falo muito em “conservadores de boa estirpe”, e esse foi justamente o título que dei para a resenha que escrevi desse ótimo livro. Gregory Wolfe tenta justamente resgatar o humano por meio das artes em uma era ideológica. Quando falamos em “guerra cultural”, o termo “guerra” já denota a necessidade de eliminar o inimigo. O adversário deixa de ser alguém de quem discordamos, mas com quem podemos conviver de forma civilizada, e passa a ser alguém que merece ser aniquilado. Essa postura é perigosa, e é bom estar alerta ao perigo.

  • The man who was Thursday – G.K. Chesterton

Em minha fase de liberal mais conservador, tenho corrido atrás do prejuízo em termos de leitura, como o leitor poderá perceber. Chesterton é bom demais, e seu personagem Father Brown é um dos meus preferidos (recomendo também a série da BBC, em cinco temporadas que devorei este ano). Esse pequeno romance é um livro diferente, estranho até, que mexe com conspiração, com filosofia, e prende o leitor do começo ao fim. Gostei muito e recomendo.

  • Reagan – Brett Harper

Ronald Reagan foi um estadista, um dos maiores presidentes americanos de todos os tempos, e ler biografias desse personagem fundamental para o resgate da América e a derrocada comunista é sempre um prazer. Essa é boa, mas a que Dinesh D’Souza escreveu é melhor.

  • Rules of Civility – Amor Towles

Eu adorei esse romance! Ele se passa na década de 1930, em Nova York, quando duas amigas conhecem um sujeito refinado num bar de jazz. A vida dos três muda completamente a partir dessa data, que era Ano Novo. Envolve tragédia, valores morais, amizade. Um livro nostálgico, das memórias tristes e felizes, daquilo que a vida poderia ter sido, se ao menos aquele episódio isolado não tivesse ocorrido…

  • Unlearning Liberty – Greg Lukianoff

O tema da destruição acadêmica no mundo tem sido um dos mais explorados no blog, pois considero essa a estratégia mais nefasta e ao mesmo tempo bem-sucedida da esquerda para detonar o Ocidente. O autor, de esquerda, concorda e lamenta o rumo das coisas. Escrevi essa resenha e recomendo muito a leitura do livro.

  • The Great Debate – Yuval Levin

Leio bastante e escrevo muitas resenhas, recomendando muitos livros. Reforço, portanto, que este se trata de um dos melhores livros que li nos últimos anos. E como são centenas de livros, isso quer dizer que se trata realmente de leitura imperdível, obrigatória até, eu diria, para quem quer compreender melhor as disputas no campo das ideias no mundo atual. Paine ou Burke? Libertário revolucionário ou liberal conservador? Minha própria trajetória diz para qual lado minha resposta pende. Mas só lendo o livro para entender melhor os principais argumentos. A resenha está aqui.

  • Big Agenda – David Horowitz

Conhecer a esquerda a fundo é algo que um ex-esquerdista pode fazer melhor do que alguém que, como eu, sempre foi liberal. É o caso de David Horowitz, o terror dos socialistas, pois foi um deles, e vive hoje para denunciar seus planos, suas táticas, sua agenda. Esse livro faz exatamente isso, explicando como os “progressistas” posam de moderados para, na prática, enfiarem uma agenda totalmente radical goela abaixo das vítimas. Escrevi uma resenha aqui.

  • Morte em Veneza – Thomas Mann

Um clássico de um grande escritor, sobre a beleza e, também, uma paixão arrebatadora que um homem de meia idade, chegando perto da velhice (para os critérios da época), sente por um garoto durante a estadia na praia, em meio a uma epidemia cruel e assassina. Resumir o livro à pedofilia ou ao homossexualismo é besteira, pueril demais. O livro é sobre paixão mesmo, uma doença que torna sua vítima obcecada a ponto de levar à própria destruição.

  • A Grande Degeneração – Niall Ferguson

O Ocidente em geral e a América em particular são ícones de um progresso material e social sem precedentes na história da humanidade. Mas, de uns tempos para cá, esse relativo sucesso está ameaçado. O mundo ocidental vive uma fase mais estacionária, da qual a crise de 2008 foi apenas um sintoma mais grave e evidente. O que explica essa decadência? Nesse livro, Niall Ferguson tenta responder essa questão, resgatando aquelas que seriam as causas do enriquecimento dinâmico desses países. Há resenha sim!

  • O homem eterno – G.K. Chesterton

Olha o Chesterton de novo aí! Minha filha já tem até implicado comigo: “Lá vem você falar do Chesterton novamente”. Mas fazer o quê? Estou finalmente entrando em contato com seu pensamento (aliás, por $2 você pode comprar sua obra completa, 50 livros, na Amazon). E esse livro é uma bela defesa do conceito de Deus, e não de qualquer um, mas do cristão. Como o agnóstico mais cristão que existe, confesso que fiquei tentado a sair do armário de vez, assumir minha “fé racional”, mas o fato é que as dúvidas permanecem. O livro me rendeu ao menos uma boa defesa do legado cristão, hoje tão ameaçado.

  • Os caminhos para a modernidade – Gertrude Himmelfarb

Quando se fala em Iluminismo, costuma-se pensar em Voltaire, no racionalismo francês, na própria Revolução Francesa. Mas esse foi apenas um lado do fenômeno. No Reino Unido, especialmente na Escócia, ocorria uma fervilhante troca de ideias também, mas com abordagem bem distinta. No fundo, faz sentido falar em Iluminismos, pois foram mais de um. E esse aspecto acaba sendo ignorado inclusive por muitos professores de História. Mas esse Iluminismo britânico também ajudou a moldar a era moderna, e merece maior atenção. Se vocês querem conhecer melhor esse outro lado – e acho que deveriam – então é fundamental ler esse brilhante livro da historiadora conservadora. Claro, há resenha.

  • A sociedade dos indivíduos – Norbert Elias

Até que ponto o individualismo deve ir? Se o coletivismo é uma praga, ao transformar o indivíduo em simples meio sacrificável, parece claro que um individualismo exacerbado, levado ao extremo e beirando a sociopatia, que não dá a mínima para o entorno, para o coletivo, é uma doença tão grave quanto. Esse livro de Elias, pouco conhecido no Brasil, lança luz sobre a questão. Não escrevi resenha, pois usei muito material para meu novo livro, Confissões de um ex-libertário, que será lançado pela Record no começo do ano que vem. Aguardem!

  • 10 Mandamentos: Do País que somos para o Brasil que queremos – Luiz Felipe D’Ávila

O Brasil cansa. Esse tem sido o meu bordão, e convenhamos: é difícil não ficar pessimista com o “país do futuro”, que insiste tanto em se manter aprisionado aos mesmos erros do passado. Por isso mesmo, para contrapor minha quase desesperança, gosto de ler autores mais otimistas, que procuram focar nos aspectos positivos, ainda que sem cair em ilusões infantis. É o caso de Luiz Felipe D’Ávila. Ele percorre os principais problemas que impedem nosso avanço, mergulha nas características culturais da formação do povo brasileiro, e apresenta soluções práticas, mandamentos que precisam se tornar obsessões de todos aqueles que ainda escolhem acreditar no Brasil. Eis aqui a resenha.

  • Quem é esse moleque para estar na Folha? ? Kim Kataguiri

Sou o autor do prefácio, com muito orgulho. Kim é um jovem guerreiro da causa liberal, que sabe mobilizar militância e demonstra senso de pragmatismo em busca de um país melhor e mais livre. Compra brigas boas com os esquerdistas também. Suas colunas, reunidas nesse livro, merecem ser lidas.

  • Guia bibliográfico da nova direita ? Lucas Berlanza

Escrevi o prefácio também, e com orgulho. Lucas trabalhou para o Instituto Liberal e é nosso colunista. Demonstra grande maturidade para sua idade, e tem um viés conservador patriótico que faz muita falta, resgatando nossos clássicos. O livro é ótimo para contextualizar o leitor na trajetória do pensamento de direita no Brasil.

  • None Dare Call It Conspiracy – Gary Allen & Larry Abraham

Falar em globalismo está na moda, mas poucos sabem do que se trata. E dos que sabem, poucos procuram estudar mais a fundo para entender o que pode estar por trás disso, preferindo ou enxergar conspiração em todo lugar, ou ridicularizar como conspiração o que tem lógica e base factual. Será que é mesmo absurdo falar em capitalistas organizados para bancar movimentos socialistas? Aqui escrevi uma resenha com minha opinião sobre o assunto, com base nesse livro antigo, mas atual.

  • The Shipwrecked Mind – Mark Lila

Entrar em contato com a vida inteligente à esquerda (para o padrão americano) é sempre saudável, pois devemos evitar o “viés de confirmação”, de quem só quer ler aquilo com o que já concorda. Eu não. Eu gosto – e me sinto na obrigação – de ler o contraditório, sempre. E nesse ano conheci Lilla, professor “progressista”, um “liberal” democrata, mas honesto, inteligente, articulado. Foram três livros em poucos meses. Esse foi o primeiro, e a resenha está aqui.

  • On Tyranny – Timothy Snyder

Seguindo a linha de ler o contraditório, li o novo livro de Snyder sobre o fascismo, no qual ele faz alertas aos americanos sobre a ameaça Trump, sem citar seu nome (julguei isso um ato de covardia). O livro é razoável, tem bons pontos, mas peca por forte viés ideológico e não passa no teste da honestidade intelectual, em minha opinião. O ódio ao presidente republicano fanfarrão parece maior do que o desejo de realmente compreender o fenômeno. Mas tem uma resenha aqui, pois sempre podemos aprender com nossas leituras.

  • The Righteous Mind – Jonathan Haidt

O trio do Podcast Ideias da Gazeta é formado por Leandro Narloch e Alexandre Borges, além de mim. Os dois, amigos e pensadores que admiro e respeito, adoram esse livro. Na primeira vez que mencionaram eu já tinha comprado. Na segunda, pulei a enorme fila de espera e o coloquei na frente. Li, e de fato, uma baita livro! Agora o leitor já tem Narloch, Borges e eu recomendando fortemente a leitura da obra. Vai ignorar? Será para o seu próprio prejuízo. Eis aqui a resenha.

  • The Father of Us All – Victor Davis Hanson

Já tinha lido Por que o Ocidente venceu, do historiador militar Hanson, assim como vários textos de sua autoria. É um conservador que respeito muito, pé no chão, realista, defensor de valores tradicionais contra modismos da bolha “progressista”. Esse livro é um choque de realidade para quem tem alguma inclinação “pacifista”. Não era o meu caso, mas ainda assim aprendi um bocado. Aqui estão dois textos com base nele: um que usa como gancho o filmaço “Dunkirk”; e o outro que fala do “liberalismo militar”. Ambos lembrando da importância das Forças Armadas para a liberdade, que muitas vezes tomamos como garantida.

  • The Closing of the Liberal Mind – Kim R. Holmes

O liberalismo é uma doutrina com um longo histórico de conquistas, um legado extremamente positivo para a humanidade, e que está intrinsecamente ligada ao sucesso do experimento americano. Os “pais fundadores” foram bastante influenciados pelo pensamento liberal. Mas, de uns tempos para cá, o liberalismo foi usurpado por uma agenda radical esquerdista, transformando-se em algo bem diferente do que já foi, e se fechando como uma concha para novas ideias ou, pior ainda, para o debate de novas ideias. Quem quiser entender melhor o fenômeno deve ler esse livro, cuja resenha está aqui.

  • The Evolution of the West – Nick Spencer

Vivemos dentro de 1984, a distopia de George Orwell, em que o Ministério da Verdade controlava as informações sobre o passado para influenciar o futuro com suas mentiras. Nesse revisionismo histórico, o legado ocidental precisa ser pintado como uma sucessão de horrores perpetrados pelo grande vilão da humanidade: o homem branco cristão. Eis o denominador comum de toda a marcha das minorias oprimidas. E esse é um livro que pode ajudar a lançar luz sobre essa questão. Aqui está a resenha.

  • Beyond Democracy – Frank Karsten & Karel Beckman

Suas expectativas quanto à democracia têm batido com os resultados que você observa no dia a dia? Não? Você não está só. A decepção tem sido tanta que falam em uma grande “crise de representatividade”. De quem é a culpa? Dos governantes? Do povo? Ou seria do próprio sistema? E, se for este mesmo o caso, há alternativas melhores? Os autores desse livro sistematizaram os principais pontos fracos do modelo democrático. E eu escrevi uma resenha.

  • One Nation, Two Cultures – Gertrude Himmelfarb

Após ler o clássico livro sobre os iluminismos da autora, parti para sua análise sobre a divisão cultural da América. A “guerra cultural” parece cada vez polarizar mais a nação. O grau de ruptura interna é enorme, e às vezes o abismo que separa os dois lados parece intransponível. Espera-se que não, pois foi a capacidade de união em prol de objetivos e valores comuns que permitiu um contínuo avanço de nossa civilização. A leitura é imperdível, e aqui está a resenha.

  • The Retreat of Western Liberalism – Edward Luce

Na toada de entrar em contato com o contraditório, eis mais um livro de “progressista” que li no ano. Formado pela Oxford University em Política e tendo trabalhado no governo Clinton, seguindo depois para o Financial Times, a visão de mundo do autor é claramente “progressista”, mas isso não o impede de tecer severas críticas aos próprios “liberais”, ainda que o alvo principal seja o “populista” Donald Trump. Minha resenha está aqui.

  • Endurance: Shackleton’s Incredible Voyage – Alfred Lansing

Para ser brasileiro, para continuar sendo brasileiro, só mesmo aderindo ao estoicismo, a filosofia grega que prega o esforço de se manter imune ao infortúnio. O sujeito tem sua calma colocada à prova todo instante, mas não sucumbe, permanece impassível, apostando num futuro melhor. Atravessa até mesmo a era lulopetista, e não desiste. Convive com o caos da insegurança carioca, e resiste. É um ato de fé, sem dúvida. Essa incrível aventura de Shackleton na Antártica em 1915, relatada por Alfred Lansing, pode ajudar a suportar esse fardo. Resistir e sobreviver: eis a missão. E também o título da minha resenha.

  • Uma breve história da Europa – Jacques Le Goff

Le Goff é um dos mais respeitados historiadores da Idade Média, e esse é um livrinho bem resumido da história da Europa, desde os primórdios até o presente. Por ser muito resumido, uma página para cada grande evento, não chega a agregar tanto, é muito superficial. Mas quem quer só um resuminho mesmo, o livro ajuda, pois traça uma trajetória da nossa civilização.

  • The Once and Future Liberal – Mark Lilla

Eis aí o segundo livro do Lilla que li, e também o seu mais novo. Ele mostra como a política de identidades destruiu a esquerda. E quando um conservador diz isso, é uma coisa, mas quando um “progressista” afirma o mesmo, aí é para escutar mais ainda. Aqui está a resenha.

  • Barbarians: How Baby Boomers, Immigration, and Islam Screwed my Generation – Lauren Southern

Quando falamos em bárbaros, logo vem à mente imagens de visigodos invadindo Roma, ou dos mongóis de Gengis Khan aterrorizando suas vítimas. Dificilmente pensamos em “liberais” com discursos de tolerância defendendo o multiculturalismo, enquanto desfrutam da prosperidade ocidental. Mas são esses que a canadense Lauren Southern chama de bárbaros em seu livro. Resenha aqui.

  • O segredo da Dinamarca – Helen Russell

A autora, uma jornalista britânica com passagem pela Marie Claire, escreveu um livro sobre a busca da felicidade no país “mais feliz do mundo”, segundo pesquisas, e tem uma pegada bem feminina, até feminista, eu diria. Também é visível o viés “progressista”. Mas além de ser leitura boa e leve, da mudança do casal para uma cidadezinha “congelada” onde fica a sede da Lego (novo emprego do marido, o “Legoman”), tem também fatos interessantes sobre o país, e uma análise cultural que agrega, apesar de muito subjetiva. Não acho que o modelo de “welfare state” é desejável, tampouco replicável, e não acho que seja a causa da “felicidade” escandinava. Mas o livro serve para conhecer melhor o dia a dia desse povo diferente, que já foi viking e hoje é bem “progressista”. Trata-se de uma sociedade da confiança, em que pais deixam o carrinho do bebê do lado de fora do restaurante!

  • A corrupção da inteligência – Flávio Gordon

Grande lançamento da Record este ano! Trata-se de um resumo do quadro atual de nossas universidades federais, que se transformaram em antros de comunismo e anarquia, especialmente na área de humanas. O grau de doutrinação ideológica e bagunça é tanto que se fala em “antes” e “depois” da federal, com imagens bizarras – e tristes – de jovens que entraram normais e saíram deformados, física e mentalmente falando. Gordon faz uma ótima análise do fenômeno, que tentei resumir nessa resenha.

  • The Conscience of a Conservative – Barry Goldwater

Nada como ler o senador que pavimentou a estrada para a vitória de Reagan explicando as bases do pensamento liberal-conservador, já em 1960, em meio ao modismo “progressista”. Trata-se de um livro excelente com os pilares da tradição liberal americana, que fizeram da América o que ela é, ou já foi. “Extremismo na defesa da liberdade não é vício; moderação na busca por justiça não é virtude”, resumiu Goldwater em seu ataque aos “isentões” de sua época.

  • The Big Lie – Dinesh D’Souza

Hitler e Mussolini eram de extrema-direita, e Stalin e Mao, de extrema-esquerda. Comunistas lutavam contra fascistas. Logo, a esquerda “progressista”, que hoje se diz antifascista e acusa a direita de fascista, representa o oposto daquilo que os seguidores de Hitler e Mussolini pregavam, certo? Errado. O autor resgata as raízes históricas que ligam a esquerda americana e os nazistas e fascistas, argumentando que somente uma mentira escabrosa, que inverte totalmente a realidade, poderia passar impune por tantas décadas. Escrevi uma resenha, claro.

  • Money, Greed and God – Jay W. Richards

A mensagem cristã é uma de amor ao próximo, de sacrifício pessoal, de altruísmo, de compaixão e cooperação. Como é possível coadunar isso ao capitalismo, que defende a concorrência, o lucro, até mesmo a ganância? Será que todo cristão deve ser um anticapitalista, quiçá um socialista convicto? O autor, Ph.D. em filosofia e teologia, garante que não. Ele faz uma eloquente defesa moral do sistema capitalista, argumentando ser este o mais alinhado aos propósitos cristãos. Aqui está minha resenha.

  • Threats of Pain and Ruin – Theodore Dalrymple

Mesmo quando não está em seus melhores dias, Dalrymple é boa leitura. É o caso desse livro, nem de perto entre seus melhores, e o décimo-primeiro que leio do médico britânico. Mas sempre suscita boas reflexões. Se o leitor não leu nada do autor, comece por outros livros, como Nossa cultura…, mas se já leu outros, esse vai agregar também. Rendeu um texto sobre vitimismo ao menos.

  • A tragicomédia acadêmica – Yuri Vieira

Nunca tinha lido nada de Yuri Vieira. Que desperdício! O prejuízo foi meu, certamente. Foi ler sobre seu livro A Tragicomédia Acadêmica – Contos Imediatos do Terceiro Grau, em A corrupção da inteligência, de Flávio Gordon, que fiquei curioso e o comprei. E logo o devorei. Divertidíssimo! Aqui está a resenha.

  • 100 Best-Loved Poems – Philip Smith

Os poemas clássicos sempre merecem ser relidos. Há Shakespeare, Byron, Yeats, Kipling, Whitman, Allan Poe e tantos outros reunidos nesse livro. A leitura em inglês dificulta um pouco, especialmente os mais antigos, em inglês arcaico. Mas é um sopro de ar fresco sair das redes sociais para apreciar os poemas que sobreviveram ao teste do tempo.

  • A sábia ingenuidade de Dr. João Pinto Grande – Yuri Vieira

Depois de ler os contos do autor sobre a vida acadêmica brasileira, fui ler seu novo livro, com o impagável personagem Dr. João Pinto Grande, advogado com postura elegante e tolerante, quase um Padre Brown tupiniquim. A resenha foi uma só para ambos.

  • A mente imprudente – Mark Lilla

O terceiro livro de Lilla no ano, dessa vez sobre os intelectuais que se apaixonam por ideias, e ideias perigosas, redentoras, utópicas, coletivistas. Por que tantos intelectuais apoiaram e de certa forma viabilizaram regimes totalitários terríveis como o nazismo e o comunismo? O que leva um pensador a defender movimentos de “libertação nacional” que imediatamente se transformam em tiranias opressoras, levando miséria e sangue a seus povos? Por que esses mesmos intelectuais desprezam as democracias liberais, apresentadas como a verdadeira tirania – a tirania do capital, do imperialismo, do consumismo burguês? Lilla tenta responder essas questões, e eu fiz a resenha.

  • What’s wrong with the World – G.K. Chesterton

E toma mais Chesterton! Nesse livro, ele faz um ataque às feministas, numa defesa até reacionária da família tradicional. Fora de moda, sem dúvida, e irritaria qualquer leitora dos tempos modernos. Criticar até mesmo o voto feminino, ou a mulher trabalhar fora de casa?! Calma! Antes de rir ou de ridicularizar o autor, acho que vale a leitura, nem que seja para se entender melhor aquilo que se perdeu com as mudanças, inevitáveis ou não, da era industrial. Chesterton tem sempre boas metáforas e argumentos embasados, e não é diferente nesse caso. O mundo está doente e todos falam isso, mas para fazer tal diagnóstico é preciso, antes, saber o que seria um mundo saudável.

  • A tradutora – Cristovão Tezza

Segundo livro que leio do Tezza, depois de O professor, que resenhei aqui. Beatriz é a figura central do livro, narradora num surto de memórias livres, entrelaçadas pelo livro de Xaveste que está traduzindo, sobre esquerda e direita e a era moderna, com suas decepções amorosas e também descobertas recentes, misturadas ao sentimento de culpa pela traição, confissões com a amiga etc. E numa conjuntura que inclui governo Dilma, Copa e FIFA. Um ótimo romance!

E com isso, meus caros, fecho o ano de 2017 no que diz respeito às leituras. É sempre tão pouco perto do que gostaria! Há tanto o que ler ainda, tantos livros na estante pedindo para pularem a fila, para serem degustados. Mas, infelizmente, o tempo é escasso e é preciso escolher. Que venham os livros de 2018!

PS: Se você aprecia meu trabalho e deseja que ele continue, há diferentes formas de colaborar (não excludentes). Uma delas é assinar a Gazeta do Povo, que está com uma promoção imperdível de Natal; a outra é se tornar mantenedor do Instituto Liberal; e, por fim, você pode ser meu “patrono” direto também. Obrigado a todos pela indispensável ajuda.

Rodrigo Constantino

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