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Trump decide subir tarifas sobre nosso aço e alumínio: populismo nacionalista
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O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na manhã de hoje que o país irá aumentar as tarifas para importação de aço e alumínio vindos do Brasil e da Argentina. Trump anunciou a medida em um post no Twitter, acusando os dois países de provocar a desvalorização de suas moedas de forma deliberada.

A justificativa do presidente norte-americano é de que a valorização do dólar, nesses casos, prejudica os produtores dos EUA. "O Federal Reserve deveria atuar para que países como esses não tirem vantagem do dólar forte, por meio da desvalorização de suas próprias moedas", disse o presidente em uma das publicações.

"Isso faz parte de uma retórica do presidente norte-americano de preservar indústrias tradicionais e mais antigas do país, que não são de alta tecnologia. Em tese, elas sofreram mais com a concorrência estrangeira. É uma narrativa para o público interno porque, na prática, nem Brasil nem Argentina desvalorizaram suas moedas de propósito", explica Wagner Parente, CEO da consultoria BMJ.

A visão mercantilista de mundo, de que exportar é bom e importar é ruim, representa o calcanhar de Aquiles do governo Trump. Ele é obcecado com a balança comercial, e chama de "perda" quando o saldo é negativo com determinado país. Isso é uma bobagem refutada por Adam Smith no século XVIII, mas o ranço mercantilista segue vivo ainda.

No mais, Trump quer agradar o eleitor do "middle America", do "cinturão da ferrugem", e sabe que essa mensagem nacionalista agrada essa turma. Não é exatamente o interesse dos americanos que ele estaria defendendo, e sim o de alguns produtores e seus funcionários, à custa do restante, que terá de pagar preços maiores pelos bens.

Trump também vem pressionando o Fed para reduzir juros e adotar política monetária mais frouxa. Ele quer mais crescimento econômico de curto prazo, produzido artificialmente, de olho nas eleições do ano que vem. Felizmente o banco central americano é independente e não precisa se curvar aos desejos do governo.

Por fim, essa medida de Trump reforça a noção de que uma "liga de nacionalistas" é algo um tanto contraditório, como já argumentei aqui. Se cada um vai defender a sua nação, então claro que haverá conflito de interesses eventualmente, e é preciso lembrar, portanto, que Bannon e companhia priorizam os interesses dos americanos supostamente, não os nossos.

"Se for o caso, ligo para Trump. Tenho canal aberto", disse Bolsonaro sobre o aumento das tarifas. O quanto antes cair a ficha do presidente de que diplomacia não funciona na base da camaradagem, melhor. "Amigos", "amigos", negócios à parte, como diz o ditado. Achar que na "amizade" vai beneficiar o Brasil é de uma ingenuidade ímpar...

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