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Um dia normal na imprensa
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Acordo cedo para entrar ao vivo no jornal da rádio, e faço aquela varredura nos principais veículos de comunicação do país. Começo sempre pela Gazeta do Povo, o melhor jornal do Brasil, para ver o que é realmente importante. Mas, ossos do ofício, preciso navegar pelos demais também. E, pasmem!, qual não é minha surpresa ao detectar somente aquela militância contra o governo?

Na Folha de SP, então, nem se fala! É artilharia concentrada em Bolsonaro. O destaque é para o saldo governo até aqui, dois terços do mandato: um "fracasso inegável". A situação "parece irreversível", e o jornal aponta para a "gritaria golpista" do presidente. O colunista Vinicius Torres Freire aparece em seguida chamando o ato patriótico marcado para o dia 7 de golpista também, e o jornal encontrou um produtor rural que alega que Bolsonaro quer confronto e Supremo caiu nessa queda de braço. Nenhum produtor rural - entre a maioria - para apontar para os abusos supremos!

Aí vou para o Estadão. O jornal tem dedicado 9 em cada 10 editoriais para detonar Bolsonaro como a pior coisa que aconteceu em nossa democracia, isso mesmo com Lula e Dilma no passado bem recente. Não foi diferente hoje: "16 meses até a saída do pior presidente que já governou a Nação", diz a chamada, em contagem regressiva para a eventual derrota de Bolsonaro ano que vem. É torcida que chama? Ao lado, uma coluna do tucano Luiz Felipe D'Avila alertando que é preciso frear o presidente que virou ameaça, e logo abaixo Rosângela Bittar afirmando que Bolsonaro não permitirá uma campanha como se pratica. Não tem jeito: o homem é terrível mesmo, pela ótica tucana, que prefere até o corrupto autoritário do Lula!

No Globo, um editorial sobre a PM, além de várias colunas massacrando Bolsonaro. O jornal carioca acha que os governadores têm razão em combater a "politização das PMs", ignorando talvez que a manifestação de muitos policiais não é necessariamente a favor de Bolsonaro, mas sim da Constituição, da Nação, do resgate da Lei e da Ordem ameaçados pelo ativismo supremo.

Enquanto isso, José Dirceu escreve coluna no Poder360 convocando a militância petista para o dia 7 também:

Tecla SAP: O guerrilheiro Daniel, treinado em Cuba, quer que seus militantes mortadela causem confusão para ter violência e vandalismo no dia 7. As manifestações patriotas, afinal, costumam ser sempre muito ordeiras, com famílias inteiras e muito verde e amarelo, ao contrário dos atos esquerdistas, repletos de vermelho e quebra-quebra. As autoridades vão permitir que Dirceu leve o caos às ruas?

Por fim, na página de Esportes do UOL, nós encontramos um elogio constrangedor ao "porte físico" de Lula:

Mas quando Bolsonaro dá uma resposta atravessada a algum militante desses disfarçado de jornalista, o mundo vem abaixo, as entidades corporativistas ficam histéricas com a "ameaça à liberdade de imprensa", as mesmas que não enxergam nada demais na promessa de Lula de regular a mídia se voltar ao poder. Tudo isso seria bem cômico, cá entre nós, não fosse tão trágico...

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