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“Debate do século”: Jordan Peterson x Zizek
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Poucos dias atrás tivemos o “debate do século” entre Zizek e Jordan Peterson, num anfiteatro lotado. Centenas de milhares de pessoas já assistiram ao “duelo intelectual” na internet, o que não deixa de ser alvissareiro: nem só de baboseira vive a era digital. Há muito interesse em pensamentos mais profundos, em debates calcados em argumentos e com respeito pelo oponente. Na era do tribalismo, em que tudo passa a ser como torcida de futebol, só isso já é algo que deveria ser celebrado.

Mas preciso ser sincero: acho que Peterson, o psicólogo canadense com viés mais conservador, deu um banho em Zizek, idolatrado por parte da esquerda – apesar de ele mesmo não poupar críticas ao esquerdismo. O foco do debate era o marxismo, e Peterson mostrou, com grande poder de síntese e objetividade, como as premissas fundadores do marxismo são falsas, absurdas ou mesmo doidas. Ele elencou dez itens e dissecou cada um deles, mostrando a incoerência ou a ingenuidade de certas crenças divulgadas por Marx e Engels. O resultado concreto dessas ideias equivocadas nós já conhecemos bem: um rastro de sangue, miséria e opressão, que deixou mais de cem milhões de mortos no caminho, sacrificados no altar da utopia coletivista e igualitária.

Zizek, por outro lado, mostra-se alguém com uma mente um tanto confusa, o que seu inglês com péssimo sotaque em nada ajuda. Mas o problema maior está mesmo no conteúdo, não na forma. Ele acha, por exemplo, que o marxismo cultural é coisa da direita alternativa, e que Trump é o ícone da pós-modernidade, o que significa fechar os olhos para todas as evidências de como a Escola de Frankfurt e os “progressistas” vêm dilapidando os fundamentos básicos da civilização ocidental desde a década de 1960.

Talvez o principal ponto a ser feito sobre o debate é como Peterson defende o sistema capitalista de livre mercado, ainda que imperfeito, com base em premissas realistas da natureza humana, enquanto Zizek apela para a “falácia do Nirvana”: criticar uma realidade imperfeita oferecendo como alternativa uma utopia. Enfim, recomendo a todos que assistam ao debate.

Rodrigo Constantino

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