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| Foto: PAULO WHITAKER/REUTERS

O Brasil já registra 1.761 casos suspeitos de recém-nascidos com microcefalia, má-formação cerebral que pode trazer problemas graves ao desenvolvimento da criança. Os casos abrangem 422 municípios de 13 estados e o Distrito Federal, segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira (8).

Na última semana, boletim apontava 1.248 casos suspeitos de microcefalia também em 13 estados e Distrito Federal, um aumento de 41%. O novo número também é 11 vezes maior do que o registrado em todo o ano passado, quando houve 147 casos da má-formação.

Pernambuco registra o maior número de casos suspeitos, com 804 registros. Em seguida, estão Paraíba (316), Bahia (180), Rio Grande do Norte (106), Sergipe (96), Alagoas (81), Ceará (40), Maranhão (37), Piauí (36), Tocantins (29), Rio de Janeiro (23), Mato Grosso do Sul (9), Goiás (3) e Distrito Federal (1).

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Entre os casos, também foram notificadas 19 mortes de bebês com microcefalia, ocorridas em oito Estados. Segundo o Ministério da Saúde, os casos ainda estão em investigação para verificar as possíveis causas. A suspeita é que tenham relação com uma possível infecção pelo vírus zika.

Novos critérios

O novo balanço de casos suspeitos ainda não considera a mudança de critérios para detecção dos casos de microcefalia, anunciada na última semana.

Antes, o governo considerava como microcefalia quando os recém-nascidos, em caso de partos não prematuros, em caso de partos não prematuros, tinham perímetro da cabeça menor ou igual a 33 cm. Agora, esse limite passa para 32 cm.

A alteração segue o parâmetro da Organização Mundial de Saúde (OMS). O Ministério da Saúde justificava a medida anterior devido à necessidade de adotar um critério mais “sensível”, capaz de detectar mais casos diante de um surto inédito no país.

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“Em um primeiro momento, optamos por superestimar o tamanho do problema para não deixar nada de fora. Nunca havia sido identificada a microcefalia com relação pelo vírus zika”, afirma o diretor de vigilância de doenças transmissíveis, Cláudio Maierovitch.

Segundo o diretor, o novo critério deve trazer maior precisão, o que ajudará na confirmação dos casos. Crianças com perímetro da cabeça entre 32 cm e 33 cm continuarão a ser acompanhadas. “Mas a probabilidade terem microcefalia é bem menor”, diz.

Ainda não há informações sobre quantos casos devem ser descartados com os novos critérios. Novos números devem ser divulgados até a próxima semana.

Vírus zika

O governo considera que o avanço de casos de microcefalia tem relação com o vírus zika, identificado no Brasil neste ano e transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Em poucos meses, o vírus se espalhou e já tem circulação confirmada em 18 estados e DF.

A relação entre o surto de microcefalia e o vírus zika foi confirmada após resultados de exames em um bebê diagnosticado com microcefalia do Ceará, que morreu após o parto. Análise apontou a presença do vírus zika em amostras de sangue e tecidos.

Semanas antes, o vírus também foi detectado no líquido amniótico de duas grávidas cujos bebês foram diagnosticados com microcefalia durante a gestação.

Com poucas informações sobre o vírus, o Ministério da Saúde divulgou nesta terça um protocolo de “vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus zika”.

O documento visa orientar profissionais de saúde de todo o país e equipes técnicas sobre as ações a serem adotadas para coleta de exames e assistência a grávidas cujos bebês apresentam sinais de alteração do sistema nervoso central observados por ultrassom ainda durante a gestação e aos recém-nascidos com microcefalia.

O protocolo também visa aumentar a investigação de casos de abortos espontâneos em mulheres que relatam infecção por zika durante a gravidez.

Vacina

A presidente Dilma Rousseff deve se reunir com governadores nesta terça para discutir, entre outros temas, ações de combate ao Aedes aegypti, vetor do vírus zika.

Questionado sobre a possibilidade do governo investir em outros recursos, como o desenvolvimento de vacinas, o diretor Cláudio Maierovitch disse que a estratégia não deve estar disponível a curto prazo.

“Não vamos vender falsas expectativas”, disse. “Não esperamos que uma vacina para zika seja desenvolvida em um tempo tão curto, mas também esperamos que ela não chegue ao período que habitualmente demora.”

Segundo ele, o Instituto Evandro Chagas, vinculado ao Ministério da Saúde, já analisa a possibilidade.

“Existem pesquisadores interessados e o plano emergencial para enfrentamento da microcefalia prevê possibilidade de que pleiteiem recursos para isso”, disse.

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