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Em uma das experiências em andamento, um Aedes aegypti transgênico está sendo testado para reduzir a população do original nas áreas de maior infestação do mosquito. | Paulo Whitaker/Reuters/Arquivo
Em uma das experiências em andamento, um Aedes aegypti transgênico está sendo testado para reduzir a população do original nas áreas de maior infestação do mosquito.| Foto: Paulo Whitaker/Reuters/Arquivo

Na guerra contra o Aedes aegypti, o mosquito pode se tornar um aliado. É isso o que esperam os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, ligado a Fiocruz, e da empresa Moscamed, instalada no interior da Bahia. Cada uma ao seu modo, as experiências tentam combater o vetor da dengue, do chikungunya e do zika por meio do próprio inseto.

No caso da pesquisa da Fiocruz, o ataque é feito com o uso de mosquitos infectados por uma bactéria – a Wolbachia, já presente em outros insetos, como pernilongos. Testes de laboratório mostram que o Aedes aegypti infectado por essa bactéria tem menos capacidade de transmitir doenças tropicais, caso do trio que circula hoje pelo país e preocupa as autoridades.

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Outra vantagem é que pelas características de transmissão da bactéria entre os mosquitos, a tendência é de que ela se espalhe naturalmente com o passar das gerações. Quando o ovo é resultado da cruza entre um macho com a bactéria e uma fêmea descontaminada, ele não vingará. Se a cruza for entre dois mosquitos com a Wolbachia ou entre um macho normal e uma fêmea com a bactéria, o resultado serão ovos que também carregarão a bactéria.

Essa mesma experiência está sendo realizada em outros locais do mundo. Na Austrália, onde as pesquisas começaram, já são colhidos bons resultados. Aqui no Brasil, os trabalhos de campo começaram em setembro de 2014, após a liberação da Anvisa, do Ibama e outros órgãos competentes. Bairros do Rio de Janeiro e Niterói receberam ovos e mosquitos adultos contaminados. Os cientistas buscam agora demonstrar a eficácia dos dois métodos.

Os pesquisadores garantem que não há qualquer risco de contaminação dos humanos pela bactéria. De acordo com eles, a saliva que o mosquito secreta durante a picada não contém a Wolbachia, que se instala em células maiores que o canal salivar do bicho.

Aedes transgênico

Em outra linha de ação, pesquisadores da empresa Moscamed –em parceria com cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP), da Faculdade de Higiene e Saúde Pública (FSP/USP) e da Oxitec (Universidade de Oxford/U.K)– desenvolvem um Aedes aegypti geneticamente modificado e capaz de controlar as populações naturais. A ideia é introduzir no ambiente machos que passem para a prole um novo gene – introduzido pelos cientistas –, o qual provoca a produção exacerbada de uma proteína. Em grande quantidade, essa proteína se torna tóxica para os mosquitos, o que não permite que eles passem da fase de pupa.

Com comercialização já aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio), o mosquito modificado ainda precisa de liberação da Anvisa. Em caráter experimental, ele vem sendo usado em bairros de algumas cidades do país. Caso de Jacobina, no interior da Bahia. Na cidade, se percebeu uma drástica redução da população de Aedes aegypti nos locais em que foi introduzido o mosquito transgênico.

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