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Uma das maiores autoridades no mundo em doenças cardíacas congênitas, o médico americano Zyiad Hijazi, chefe da ala de pediatria cardiológica do Rush University Medical Center, em Chicago, esteve em Curitiba em dezembro para um congresso sobre cardiologia intervencionista, promovido pelo Hospital Cardiológico Costantini. Ele falou com exclusividade ao caderno Saúde sobre os avanços da medicina na área e o tratamento de crianças.

Quais são as doenças cardíacas mais comuns em crianças?

As comunicações intraventriculares, um buraco entre os dois lados do coração que exige maior trabalho dele para funcionar, doença associada a derrames. Estamos fazendo estudos para saber se para prevenir um segundo derrame é mais eficaz tapar aquele buraco com uma prótese ou utilizar medicamentos.

A medicina já sabe porque essa malformação ocorre?

Ninguém sabe ainda. A maioria desses buracos não precisa ser tapada, são muito pequenos e a criança pode viver normalmente. Caso sejam grandes podem ser fechados com próteses implantadas por cateterismo ou cirurgia de peito aberto. Infelizmente não conseguimos prevenir pois não sabemos como o problema acontece. É difícil dizer a alguém "faça isso, não faça aquilo".

O que há de novo nesta área da medicina?

Para o paciente são as válvulas percutâneas. Nós podemos colocar válvulas no coração através de um catéter implantado pela virilha, sem a necessidade da cirurgia de peito aberto. É um procedimento simples e na manhã do dia seguinte o paciente pode ir para a casa, sem grandes cortes e cicatrizes. Pacientes com problemas desse tipo terão de fazer seis ou sete cirurgias ao longo da vida. Com essa técnica baixamos para quatro ou cinco e reduzimos o risco. Em cada nova intervenção de peito aberto o risco e a dificuldade aumentam pelo excesso de tecido cicatricial. É também um ganho na qualidade de vida do paciente.

Como é a qualidade de vida das crianças cardíacas hoje?

Em geral é boa. Mais de 92% das crianças que nascem com problemas cardíacos têm uma vida normal. Somente uma pequena porcentagem precisa viver com cuidados.

O preparo psicológico da criança pode ajudar no tratamento?

As crianças são muito espertas, quando você as vê pela primeira vez estão assustadas, mas quando continuam o tratamento acabam ficando amigas e não se assustam com a cirurgia, pois sabem que aquilo é o melhor para elas.

É mais fácil do que tratar adultos?

Eu acredito que sim. Os adultos, na maioria das vezes, tratam problemas causados por eles mesmos, por fumarem, comerem muita gordura, não se exercitarem. As crianças não são culpadas por aquilo, então você estabelece uma relação diferente com elas e com a família. É mais compassivo. Quando você cura um adulto com problemas cardíacos você lhe dá 10, 20 anos de vida. Quando você trata uma criança, você dá a ela 70. Elas crescerão e se tornarão seus amigos para sempre, é extremamente gratificante.

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