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A decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) de colocar a carne processada na lista de substâncias que provocam câncer praticamente dividiu o mundo em dois times: os que defendem o bacon e os que são contrários a ele. Exageros à parte, o consenso entre a comunidade médica é que o problema das carnes processadas e da carne vermelha – que foi classificada como “provavelmente cancerígena” – não está no consumo em si, mas no excesso.

Preparo

Mais do que os componentes da carne em si, são os corantes e aditivos somados aos alimentos processados – que servem para aumentar o prazo de validade ou manipular o gosto, por exemplo – os principais responsáveis pelas conclusões da OMS. Para o médico Gilberto Schwartsmann, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), as técnicas de conservação desses alimentos contam com produtos potencialmente causadores de tumores e, por isso, devem ser consumidos com muita moderação: “Essa é uma recomendação que já se encontra em publicações científicas, pois os malefícios desses produtos já foram comprovados. O hábito de comer muitos alimentos processados deve ser evitado pelo potencial de causar principalmente tumores no trato intestinal, onde esses produtos são processados e ficam mais tempo”.

“Qualquer substância é uma droga potencial. O segredo é a quantidade consumida. Só espero que não ocorra agora o mesmo que aconteceu com o ovo, condenado nos anos 80 e agora absolvido”, diz o médico Beny Schmidt, chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular da Unifesp. Ele ainda ressalta que muitos desses alimentos, em especial as carnes vermelhas, têm alto valor nutricional e são historicamente importantes para a dieta humana.

De acordo com a médica Andrea Pereira, nutróloga especialista em oncologia do Hospital Albert Einstein de São Paulo, as sociedades brasileira e americana de oncologia recomendam um consumo de até meio quilo de carne vermelha por semana (100 gramas por dia), já que elas são ricas em proteínas, ferro e vitamina B12. Já as processadas, pela grande quantidade de conservantes e de sal, devem ser consumidas em quantidades menores.

“O que sempre recomendamos é manter uma alimentação saudável, que mescle carne vermelha com peixes, ovos e vegetais. Enfim, o mais indicado é equilibrar todos esses alimentos ao longo da semana”, resume a especialista.

Os estudos da OMS apontaram que o o consumo diário de 50 gramas de carne processada por dia – o equivalente a duas fatias de bacon –amplia em 18% o risco de câncer colorretal. No caso da carne vermelha, o consumo diário de 100 gramas amplia em 17% o risco de se desenvolver a mesma doença.

Exagero

Schmidt avalia que é um exagero comparar o potencial cancerígeno do cigarro ao da carne processada. A própria OMS destaca que, embora estejam no mesmo grupo das substâncias que comprovadamente aumentam o risco de câncer, isso não significa que tabaco, amianto e bacon e cia. sejam igualmente perigosos.

Embutidos

Carnes processadas são aquelas transformadas pela fermentação, defumo ou qualquer técnica com o objetivo de realçar o sabor e melhorar a conservação. Exemplos: bacon, salsicha, presunto, linguiças, carne enlatada, carne seca e carnes em conserva.

Estimativa da Global Burden of Disease atribui ao consumo exagerado de carne processada a morte de 34 mil pessoas por câncer no mundo todos os anos. Já as dietas ricas em carne vermelha seriam culpadas por 50 mil mortes causadas por câncer todos os anos. Números altos, mas que não chegam nem perto dos relacionados ao tabaco (1 milhão de mortes por ano), ao álcool (600 mil mortes por ano) e à poluição do ar (200 mil mortes por ano).

Escala

Como funciona a classificação da Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC):

GRUPO 1

O agente é carcinogênico

Exemplos:
Tabaco e tabagismo passivo, bebidas alcoólicas, vírus do HIV, carnes embutidas e radiação solar.

GRUPO 2A

O agente provavelmente é carcinogênico a humanos

Exemplos:
Anabolizantes, carne vermelha, emissões dos motores a diesel e inseticida Lindano.

GRUPO 2B

O agente é possivelmente carcinogênico a humanos

Exemplos:
Cafeína, gasolina, alguns herbicidas.

GRUPO 3

O agente não é classificado como carcinogênico a humanos

Exemplos:
Ácido acrílico, Iluminação fluorescente e mercúrio.

GRUPO 4

O agente provavelmente não é carcinogênico

Exemplos:
Caprolactama, matéria-prima para a produção de náilon, embalagens, pneus, entre outros.

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