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Poluição atmosférica: legislação brasileira tolera níveis mais altos do que o aceitável pela OMS | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Poluição atmosférica: legislação brasileira tolera níveis mais altos do que o aceitável pela OMS| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Ar tóxico

Confira quais são os principais poluentes do ar e quais os níveis de concentração dessas substâncias estabelecidas pela OMS como aceitáveis:

Material particulado

Considerado o principal vilão da poluição para a saúde, é formado por partículas grossas e finas que entram no sistema respiratório, atingem os alvéolos pulmonares e a corrente sanguínea. Está associado a diversas doenças, podendo chegar a causar câncer de pulmão. As partículas chamadas grossas (MP10) têm de 2,5 a 10 micrômetros. Já as finas (MP2,5), são as de 2,4 micrômetros para menos. As primeiras se formam por meio de processos mecânicos, como pó produzido pelas obras. As partículas menores são provenientes da queima de combustíveis fósseis e biomassa. Os níveis anuais de exposição a esse tipo de material considerados aceitáveis pela OMS são de 20 microgramas por metro cúbico de ar para as partículas grossas e de 10 microgramas por metro cúbico de ar para as finas.

Dióxido de ozônio

Importante para proteger a terra dos efeitos nocivos dos raios solares, o ozônio prejudica a saúde do homem quando encontrado em grandes concentrações na troposfera. Pesquisas indicam um aumento no número de mortes por doenças respiratórias, principalmente entre as crianças, em dias que a média de concentração de ozônio no ar durante oito horas é superior a 100 microgramas por metro cúbico de ar – valor considerado aceitável pela OMS.

Dióxido de nitrogênio

Esse gás está relacionado à queima de combustíveis, principalmente os utilizados por veículos pesados, como os caminhões. A OMS estabelece 40 microgramas por metro cúbico de ar a concentração média anual aceitável para esse tipo de gás.

Dióxido de enxofre

Estudos indicam que esse poluente está associado a doenças respiratórios de crianças e a redução da função pulmonar de asmáticos. A exposição média ao dia ao dióxido de enxofre aceitável é de 20 microgramas por metro cúbico de ar.

Fonte: OMS

Pesquisa produzida por cientistas norte-americanos e recém-divulgada deixou mais clara a relação entre a poluição atmosférica e problemas cardiovasculares. O estudo indica que a redução média de 3,9 microgramas por metro cúbico de material particulado no ar poderia prevenir até 8 mil internações anuais por acidentes cardiovasculares nos Estados Unidos. A Organização Mundial de Saúde considera que a exposição diária aceitável a esse poluidor, que tem como principal fonte a queima de combustíveis fósseis, é de até 10 microgramas por metro cúbico de ar.

"No caso dos idosos, quando se tem uma concentração maior de 10 microgramas por metro cúbico de ar, já se percebe um aumento de internações", observa o médico An­tônio Leite Radicci, que é coordenador do Núcleo Saúde e Ar da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele explica que o material particulado é formado por partículas microscópicas, com tamanho inferior a 10 micrômetros (leia mais no quadro desta página). "Essa partículas vencem as barreiras respiratórias e vão atingir os alvéolos pulmonares. Isso tem uma associação também com o câncer de pulmão", diz Radicci.

Além do sistema respiratório, o sistema cardiovascular também é prejudicado por essas partículas. Estudos indicam que a exposição prolongada ao material particulado e ao dióxido de nitrogênio está associada a acidentes cardiovasculares e disfunções cardíacas. Juntas, as substâncias podem causar um aumento da pressão sanguínea e arritmias e, como consequência, mortes prematuras.

Dados da OMS indicam que até 3,3 milhões de pessoas morrem em todo o mundo devido a doenças relacionadas aos diversos poluentes do ar. No Brasil, estima-­se que essa situação provocou a morte de 99 mil pessoas entre 2006 e 2011, apenas na Região Metropolitana de São Paulo.

Além das vidas perdidas, as doenças associadas a uma atmos­fera poluída também causam prejuízos aos cofres públicos. Pesquisa coordenada pelos médicos Paulo Saldiva e Evangelina Vormittag e divulgada no mês passado, a respeito dos impactos da poluição no estado de São Paulo, mostrou que em 2011 foram gastos R$ 31 milhões com internações devido a doenças relacionadas à poluição na capital paulista.

Além de mostrar o custo dessas doenças, o estudo também apontou outra realidade: a pouca preocupação das autoridades para a medição e a manutenção de padrões de qualidade do ar em níveis considerados aceitáveis para a saúde do homem. No caso do material particulado grosso – aqueles de até 10 micrometros –, a organização mundial prevê uma concentração diária de até 50 microgramas por metro cúbico de ar, enquanto a legislação brasileira aceita um nível de até 120 microgramas.

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