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Agentes e soldados das Forças Armadas em inspeção a uma residência em Paranaguá, no Litoral do Paraná. Uso de larvicida é recomendado apenas em locais  de difícil limpeza, como tanques e piscinas abandonadas. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Agentes e soldados das Forças Armadas em inspeção a uma residência em Paranaguá, no Litoral do Paraná. Uso de larvicida é recomendado apenas em locais de difícil limpeza, como tanques e piscinas abandonadas.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Colocado sob questão por um grupo de médicos argentinos, o pyriproxifen é utilizado no Paraná nas ações de combate ao mosquito Aedes aegypti desde 2014. Mas isso somente nos locais onde há criadouros que não podem ser removidos manualmente, não na água que é usada pela população. Segundo a superintendente em Vigilância em Saúde do Paraná, Cleide de Oliveira, a prática no estado é orientar a lavagem de caixas d’água e a proteção, com telas e tampas, dos locais de armazenamento de água para beber. “É uma questão de rotina. Nunca tivemos na nossa rotina de controle do vetor o uso de larvicidas na água de uso”, explica.

No último sábado (13), a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul decidiu suspender o uso do pyriproxifen devido a divulgação de um artigo de médicos argentinos que associa o aumento de casos de microcefalia no Brasil à introdução do larvicida no país. A suspeita, levantada pelo grupo “Physicians in the Crop-Sprayd Tows (médicos em cidades com colheita pulverizada, em tradução livre), foi rebatida pelo Ministério da Saúde. Em nota, a pasta garantiu a segurança do larvicida e destacou que diversos estudos reforçam a relação entre o zika e a microcefalia.

No Paraná, o pyriproxifen é aplicado em criadouros que não podem ser removidos mecanicamente e estão em estado de abandono, como piscinas e tanques. “Ele continuará a ser utilizado. Mesmo porque, é o único que o Ministério da Saúde nos manda. Mas acredito que o ministério não compraria um produto que não tivesse a segurança garantida”, afirma Cleide.

Não existe na literatura médica qualquer estudo que associe o larvicida a algum tipo de má-formação em humanos. Liberado para comercialização há 15 anos e indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o controle do Aedes aegypti, o pyriproxifen imita um hormônio juvenil encontrado no inseto. Esse hormônio impede que a larva se transforme em mosquito alado. Esse processo se dá por uma interferência na capacidade do animal de produzir quitina, que é a base para o exoesqueleto.

Testes

Fabricante do larvicida doméstico Straik Mata-larvas, que tem como princípio ativo o pyriproxifen, a paranaense Dexter Latina também afirma que o produto é totalmente seguro. O diretor da empresa, Milton Braida, cita estudos realizados por um braço da OMS para a avaliação de pesticidas que descartam a possibilidade do larvicida ser cancerígeno, mutagênico ou causar algum risco para a formação do bebê (teratogênico).

As avaliações de toxidade do pyriproxifen indicam que a dose diária aceitável do larvicida é de até 0,1 miligrama por quilo. Valor bem acima da recomendação de uso do produto para exterminar as larvas – que é de 0,01 miligrama por litro de água. “Considerando que a pessoa tome dois litros de água, ela vai consumir 0,02 miligramas por dia do produto”, diz Braida. Ainda segundo as pesquisas de avaliação de risco do produto, para o pyriproxifen causar efeitos adversos em uma criança de 10 quilos, seria preciso que ela ingerisse 33 litros de água com o larvicida num mesmo dia.

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