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Veja a evolução da doença nos últimos anos e quais os tipos mais comuns |
Veja a evolução da doença nos últimos anos e quais os tipos mais comuns| Foto:

Duas notícias e um susto

"O médico me disse que tinha duas notícias. A boa era que meu problema era operável. A ruim, que eu tinha câncer de rim. Fiquei tão chocada que não escutei mais nada depois disso." É assim que a funcionária pública aposentada Suelci Teresinha Pereira Franzen (foto)relembra o diagnóstico da doença, em abril de 2011. Depois de uma consulta de rotina, que revelou o problema, em poucos dias ela fez uma cirurgia para retirar o rim esquerdo e os linfonodos (nódulos que funcionam como parte do sistema de defesa do organismo e, em geral, aumentam de tamanho para combater processos infecciosos ou infecções locais). "Não sentia nada, então foi um susto. Hoje, bebo muita água para evitar o aparecimento de pedras no rim direito", diz. Em 2010, Suelci havia cuidado de sua irmã, que teve câncer de fígado e faleceu no ano passado. "No meu caso, foi emocional. Fiquei abalada no período final com minha irmã e o problema apareceu."

Prevenção

Quer se prevenir contra o câncer? Segundo os especialistas, algumas atitudes ajudam a evitar que a doença apareça:

- Tenha uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes, verduras, cereais integrais e carnes magras. Nada melhor que os tradicionais arroz, feijão, salada e carne. Fuja dos alimentos industrializados, daqueles com gordura animal, de fast- food e de fontes de sódio e açúcar em excesso.

- Beba água. Refrigerantes, sucos industrializados e águas aromatizadas aumentam as chances de câncer, principalmente de cólon retal, pelo excesso de corantes e conservantes.

- Sempre que possível, fuja da cidade e passe uns dias em um local mais tranquilo e menos poluído.

- Não fume. O tabagismo (mesmo que esporádico) aumenta em 40% as chances de câncer.

- Não beba em excesso.

- Pratique exercícios físicos três vezes por semana, por pelo menos 50 minutos.

- Se está acima do peso, emagreça. A obesidade é fator de risco para vários tipos de câncer.

Diagnóstico

Detecção precoce ajuda a reduzir mortes

Se os casos de câncer estão aumentando no Brasil, o número de mortes em decorrência da doença está caindo, principalmente pela facilidade de detecção precoce dos tumores. "Há uma década, recebíamos mais pacientes em estado avançado. Hoje, a maioria dos casos é de tumores em estágio inicial, o que aumenta a possibilidade de cura", comenta José Clemente Linhares, médico oncologista e superintendente do Hospital Erasto Gaertner.

Segundo ele, as ações governamentais de prevenção também vêm surtindo efeito e alguns tipos de câncer, como o de colo de útero, tiveram redução na taxa de mortalidade em Curitiba e em todo o Brasil nas últimas décadas. "O mesmo deve acontecer com o câncer de pulmão em 15 ou 20 anos, graças às campanhas e à proibição de fumo [em locais públicos fechados]", aponta o diretor do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), Luiz Antonio Negrão Dias.

A Região Sul é a que concentra a maior incidência de câncer, proporcionalmente, no Brasil, segundo balanço divulgado pelo Ins­­tituto Nacional do Câncer e pelo Ministério da Saúde. Os dados são referentes a 2008 e 2009. Para 2012, os números são claros: deve haver aumento nos registros em todo o país.

Juntos, os três estados do Sul tiveram taxa de incidência anual da doença, em 2008 e 2009, de mais de 504 casos a cada 100 mil habitantes. No Sudeste, o índice ficou em 423 e, na Região Norte, em 159 – a menor entre as regiões brasileiras. Entre os estados, o Paraná foi o quinto colocado, com taxa de 437 pacientes.

O diretor do Instituto de Onco­­logia do Paraná e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cance­­rologia, Luiz Antonio Negrão Dias, explica que a grande incidência no Sul e Sudeste se deve a alguns fatores, como a alta urbanização e a lon­­gevidade da população – co­­mo a doença é crônico-degenerativa, o número de casos é maior conforme a idade. Na Região Sul a ex­­pectativa de vida ao nascer, segundo o Censo de 2010, era de 75,2 anos e na Região Sudeste, de 74,6 anos. No Norte, a média foi de 72,2.

As estatísticas do Inca mostram ainda que o número de casos de câncer em todo o Brasil deve crescer neste ano, com 519 mil novos registros. No Sul, a estimativa é que sejam identificados 91 mil novos casos, uma taxa de 643,26 pacientes para cada 100 mil habitantes. No Paraná, por sua vez, devem ser mais de 31 mil registros e, em Curitiba, 5,5 mil.

Os tumores mais comuns serão os de pele, próstata, mama, colo de útero, pulmão, cólon e reto. "Em 2011, as estatísticas previam cerca de 500 mil novos pacientes no Brasil e, em 2000 e 2001, o crescimento não ultrapassava os 160 mil. Hoje, é comum os registros da doença aumentarem 10% ao ano."

Vilões

Entre os vilões, um dos que mais exige atenção é a alimentação. "Saímos do tradicional regime de arroz, feijão, carne e salada para uma dieta cheia de fast-food e refrigerantes, rica em sódio, gorduras de origem animal, hormônios, aromatizantes, corantes e conservantes. Pesquisas mostram que isso aumenta a incidência de câncer, principalmente de próstata, mama, bexiga e cólon retal", afirma Dias.

Fatores ambientais e comportamentais também contribuem. Como a maior parte da população vive nas cidades grandes, as pessoas têm maior contato com agentes poluentes, que podem provocar vários tipos de tumores, em especial de pulmão e fígado. "E, como vivem isoladas, deprimem mais, o que reduz a imunidade e facilita o aparecimento da doença", diz.

Quanto aos hábitos de vida, a combinação de falta de exercícios físicos regulares, excesso de peso, tabagismo (mesmo que esporádico) e ingestão exagerada de bebidas alcóolicas são uma bomba para o organismo. "A obesidade é um dos principais fatores de risco para câncer de mama e próstata", exemplifica José Clemente Linhares, médico oncologista e superintendente do Hospital Erasto Gaertner.

Dias explica que, em 1970, o câncer era a quinta maior causa de mortes no mundo. Hoje, é a segunda e, em 2030, deve assumir a liderança. Por outro lado, as possibilidades de restabelecimento da saúde também aumentaram. "Se algumas décadas atrás as chances de cura eram de 30% no Brasil, hoje temos sucesso em 55% dos casos."

PR lidera casos de tumor no estômago e na boca

Assim como no restante do Brasil, no Paraná, os tipos de câncer mais registrados são os de mama, pele e próstata, porém, outros dois tipos vêm exigindo cuidado. Em 2008 e 2009, o estado liderou o ranking de registros de câncer de estômago – foram 23 casos em homens e 11 em mulheres a cada 100 mil pessoas –, e foi o primeiro colocado no Sul em câncer de boca, com 15 casos em homens e quatro em mulheres a cada 100 mil.

"Sabe-se que os dois são tipicamente masculinos, mas ainda não há pesquisas que tragam uma explicação clara do porquê de aparecerem tanto entre os paranaenses", explica o diretor do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), Luiz Antonio Negrão Dias.

Segundo ele, o câncer de estômago sempre foi relacionado ao consumo excessivo de sal e alimentos muito condimentados, mas hoje vem crescendo o número de casos associados ao uso exagerado de medicamentos para bloquear a produção de ácidos no estômago. "Quanto menor a acidez, maiores as chances de a pessoa ter o problema. Há alguns anos, notávamos uma redução na incidência, agora ela está subindo novamente."

No caso do câncer de boca, os fatores de risco são tabagismo, principalmente pelo consumo de cigarros e cachimbos sem filtros; a ingestão exagerada de bebidas alcóolicas – quanto maior a ingestão e mais alto o teor alcóolico da bebida, maiores os riscos –; má higiene bucal e contato com HPV.

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