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| Foto: Júlio Boll/Gazeta do Povo

Um dos espetáculos mais impressionantes do Natal curitibano terá sua última apresentação na noite desta quinta (8), a partir das 21 horas, no Sesc Paço da Liberdade, na Praça Generoso Marques. Quem presencia a série de músicas e a atuação sincronizada dos atores com os efeitos especiais no prédio não imagina quantos detalhes estão por trás para a magia encantar o público. O processo de produção começa seis meses antes das apresentações, com a preparação da projeção técnica e a concepção do roteiro. A reportagem da Gazeta do Povo conversou com a equipe técnica e descobriu uma série de curiosidades inimagináveis.

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Como funcionam as projeções?

Seis meses antes da realização do espetáculo, uma equipe visita a Praça Generoso Marques e faz uma foto da fachada, o mais reto possível, para se estabelecer a base para a composição visual dos efeitos especiais. Essa imagem é computadorizada e ocorre a criação de uma versão digital do Paço (o chamado blue print).

Esse formato técnico é retrabalhado por oito designers e produtores de vídeo, que criam os cenários em softwares em 3D e 2D em conjunto com a equipe de roteiro e direção do espetáculo. Uma única cena de 10 minutos – com o mesmo fundo em 3D, por exemplo – leva cerca de 3 dias inteiros para ser renderizado, ou seja, convertido para o formato final do projetor.

Com todo o arquivo pronto, as imagens são projetadas na fachada do Paço da Liberdade graças ao trabalho de quatro projetores de 16 mil lúmens cada um (um projetor simples, por exemplo, gera em média 2500 lúmens): ou seja, seriam necessários cerca de 30 projetores, todos em sincronia, para fazer o mesmo efeito.

Esses quatro equipamentos funcionam simultaneamente, cada um focado em uma parte do prédio, e juntos emitem as imagens em três dimensões. As luzes especiais são liberadas da cabine de luz que fica em frente ao busto do Barão do Rio Branco, no meio da praça.

Júlio Boll/Gazeta do Povo

Crianças no palco? São adultos (renomados no teatro paranaense!)

Acredite: as crianças que oferecem um chá de “sumiço” ao Papai Noel e os outros pequenos que são convocadas para salvar o bom velhinho na terra da Sumiçolândia estão bem distantes de suas infâncias. E mais: são atores entre 30 e 50 anos – alguns deles já muito conhecidos no teatro paranaense.

Um dos vilões, por exemplo, é interpretado por Maurício Vogue, de 50 anos, filho da atriz veterana Regina Vogue e ator conhecido por diversos espetáculos na capital paranaense. Outro destaque é a atuação de Diegho Kozievitch, 30 anos, conhecido pela interpretação de Nino no filme “Castelo Rá-Tim-Bum”, que faz outro pequeno que irá salvar o Papai Noel.

Ao todo, são 17 adultos que fazem parte do elenco – dez integram o coro de vozes e dançarinos e outros sete atuam com falas mesmo. Crianças não participam do espetáculo por normas do próprio Paço e questões de segurança. Todos eles foram selecionados em audições realizadas no início de outubro coordenadas pelos diretores do espetáculo Gabriela Vernet e Rodrigo Alonso.

Quanto tempo levou para ser produzido?

Além da parte técnica, que iniciou seis meses antes, o espetáculo tem roteiro, direção e coordenação de elenco sob a batuta de Gabriela Venet e Rodrigo Alonso. A dupla assina o texto da produção, assim como as letras das músicas. As inspirações, como ficam evidentes, são musicais como “Mary Poppins” e “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, que ganham novas roupagens. “Não utilizamos músicas natalinas porque é mais do mesmo. É bonito, adoramos, mas queríamos algo original. Por isso, montamos todas as canções e refizemos arranjos junto com um diretor musical e usando as vozes dos próprios atores”, explica Gabriela.

O corpo de elenco gravou, em uma semana, todas as faixas do musical individualmente. Depois, o produtor musical foi responsável por mixar todas as 17 vozes, assim como as falas da apresentação. Além disso, os atores tiveram dois ensaios com média de 3 horas cada um por cerca de seis semanas. Todo esse processo iniciou nos dias 3 e 4 de outubro (datas das audições) até o primeiro fim de semana de dezembro. “Foi bem difícil e cheio de pressão, porque eles precisaram gravar as vozes, aprender todas as músicas e decorar falas em pouquíssimo tempo”, detalha Alonso.

Como funciona a projeção de fotos do público?

Uma das ações interativas do espetáculo deste ano estimula que o público envie selfies em frente ao Paço e publique nas redes sociais com a tag #NatalNoPaço2016. A seleção acontece antes do espetáculo iniciar. Então, quem fizer sua foto e publicar nas redes sociais precisa retornar no dia seguinte para ver ela projetada no Paço.

“Infelizmente, temos que fazer a seleção e com isso todas as imagens que serão utilizadas são escolhidas durante a tarde”, explica Gabriela. Durante o show, a equipe técnica continua a verificação da hashtag nas redes sociais e, quando possível, tenta incluir alguma foto de última hora. “O mais garantido é vir no dia seguinte mesmo”. Para iluminar o Paço, além dos projetores, são utilizados 40 refletores.

O Paço já foi sede da Prefeitura de Curitiba?

Sim. Inaugurado em fevereiro de 1916, o Paço Municipal foi construído para ser a primeira sede própria da prefeitura. Projeto por Cândido de Abreu, com o escultor Roberto Lacombe, o Paço substituiu um mercado que existia ali. A prefeitura permaneceu na edificação até 1969. Depois, por volta de 1974, o prédio sediou o Museu Paranaense até 2002. Anteriormente, foi o gabinete de 42 prefeitos da capital paranaense e historiadores indicam que o edifício já passou por, pelo menos, três reformas.

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