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Policiamento nas ruas da Vila Torres foi reforçado pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal: atentado que deixou quatro feridos no último domingo | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Policiamento nas ruas da Vila Torres foi reforçado pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal: atentado que deixou quatro feridos no último domingo| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

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Medo impõe silêncio

Na Vila Torres, reina o silêncio depois do tiroteio que feriu quatro pessoas na tarde do último domingo. Entre elas, duas crianças. Um menino de 11 anos levou um tiro na perna e foi liberado pelo Hospital Cajuru após ser atendido. Outro, de 10 anos, continua internado na UTI. Eles eram alunos das duas escolas que tiveram o maior número de evasão escolar.

Os outros dois baelados, Jussara Henrique, 57 anos, e Lucas Vieira, 27 anos, também foram vítimas dos tiros desferidos por dois homens de dentro de um carro Corolla, quando passavam na Rua Manoel Martins de Abreu. Ao lado de um telefone público, perto de um bar, há marcas de sangue. Segundo testemunhas, eram dois adolescentes e seriam integrantes da "Turma de Baixo", como chamam os que fazem parte da gangue liderada por Jefferson Napoleão de Almeida.

A Polícia Militar, que atendeu a ocorrência, não descarta a possibilidade de haver uma ligação com o assassinato de Jonathan de Oliveira, 18 anos, no dia 14 de novembro. O rapaz foi encontrado com um tiro na cabeça e os olhos furados. Conforme testemunhas, ele seria membro da "Turma de Baixo".

Um tiroteio no último domingo, na Vila Torres, em Curitiba, deixou quatro feridos e mais de 900 alunos fora da sala de aula. Uma provável rixa entre duas gangues do lo­­cal suscitou boatos entre os mo­­radores de uma possível represália contra um aluno de uma das escolas do bairro. E o resultado foram pais atemorizados que preferiram não arriscar. Os que levaram as crianças, resolveram buscá-las mais cedo. Foi o caso de uma mãe chamada pela direção do Centro Mu­­nicipal Infantil Vila Torres (CMEI), no Prado Velho, às 16h40, para buscar o filho de 2 anos. Assim como ela, a avó e a tia de um menino de 5 anos também chegaram assustadas depois dos comentários. "Estamos com muito medo", afirma a avó do menino. Em meio a viaturas da Guarda Municipal e policiais fortemente armados, dezenas de mães também saíam às pressas com o mesmo sentimento. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, os alunos atendidos e funcionários foram dispensados no turno da noite.

A diretora da Escola Estadual Hidelbrando de Araújo, de ensino fundamental e médio, Adriana Xavier Escobar, conta que diversos pais ligaram para a instituição em busca de informações. A orientação, segundo ela, era de que estava tudo tranquilo e que as aulas seriam ministradas com normalidade. No entanto, dos 680 alunos dos três turnos, somente 60 compareceram ontem no turno da manhã e da tarde.

Na principal avenida da Vila Tor­­res, a Escola Estadual Manoel Ribas enfrentou os mesmos problemas. Segundo o diretor Wilson João Marconílio Alves, das 380 cri­­an­­ças e adolescentes atendidos na es­­cola integral, pouco mais de 60 foram às aulas. "O problema não é dentro da escola. É de segurança pública." Ele lamenta os boatos e afirma que as crianças estão mais seguras dentro da escola.

O tenente-coronel Douglas Sa­­ba­­tini Dabul, responsável pelo Ba­­ta­­lhão de Patrulha Escolar Comu­­ni­­tária, reforça que problemas co­­mo esse podem ser resolvidos se houver denúncia. "A criança está correndo risco na rua", diz, lembrando que os pais retiram os fi­­lhos da escola e os deixam circulando pela vila.

Desde segunda-feira, houve reforço no número de viaturas que circulam no bairro. Policiais do Batalhão da Patrulha Escolar e guardas municipais têm ficado na frente dos prédios das três escolas.

Prisões

Para os moradores da Vila, as prisões iniciadas em julho eram a esperança de que os conflitos po­­deriam diminuir. Porém, conforme uma das mo­­radoras da rua onde as quatro pessoas foram baleadas, isso não ocorreu. "Depois das 18 horas, não dá para sair de casa. E tiroteio tem toda semana."

Em julho, a Operação Maresia II, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado no Paraná (Gaeco), prendeu, entre as 20 pessoas envolvidas no tráfico de drogas na região da Vila Torres, Alan Fábio dos Santos, líder da "Turma de Cima". Segundo a polícia, a Vila Torres era controlada por dois grupos rivais liderados por Santos e Jefferson Napoleão de Almeida, conhecido como Pioto e líder da "Turma de Baixo". Almeida foi preso em outubro. A operação também foi responsável pela prisão de cinco policiais.

A delegada Vanessa Alice, da Delegacia de Homicídios, informou que está investigando a autoria do tiroteio ocorrido no último domingo.

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