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No Museu Paranaense, exposição explica a emancipação, liderada por Góes e Vasconcelos | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
No Museu Paranaense, exposição explica a emancipação, liderada por Góes e Vasconcelos| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Decisão veio após apoio ao Império

Somente 32 anos depois do brado de Bento Viana em Paranaguá é que o sonho de emancipação se concretizou. Para isso foi necessária muita persistência e jogo de cintura político. Lideranças, como o tropeiro Francisco de Paula e Silva Gomes e Manuel Francisco Correia Júnior, que tinham um bom relacionamento na Corte, articularam diversas campanhas emancipacionistas. Todas as solicitações eram negadas.

A situação mudou a partir de 1835, quando começou a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul que lutou contra o regime imperial. A situação política do Rio de Janeiro e Minas Gerais era parecida. O Partido Liberal nos dois estados se articulou contra o governo da época.

A situação ficaria mais crítica se os liberais mineiros e fluminenses se unissem aos revoltosos gaúchos. Dessa forma, eles formariam uma frente única revolucionária que poderia abalar os pilares imperais.

O governador de São Paulo, Barão de Monte Alegre, preocupado com a situação, propôs que, caso as forças militares da comarca de Paranaguá e Curitiba se aliassem às forças do Império, ele iria lutar pela emancipação do Paraná. "O Paraná serviu como uma muralha para que as lutas não se unissem", explica o historiador Wilson Maske.

A proposta foi aceita e a promessa, cumprida. Em 1842, Monte Alegre solicitou ao governo imperial a separação da região paranaense. O deputado paulista Carneiro de Campos apresentou o projeto de emancipação da nova província. As discussões acerca do tema duraram 10 anos no Legislativo Imperial. Somente em 1850, já no Senado o assunto voltou a ser debatido e em agosto de 1853 o projeto que criava a província do Paraná foi sancionado pelo imperador dom Pedro II. A província foi instalada no dia 19 de dezembro daquele ano e seu primeiro governador foi o baiano Zacarias de Góes e Vasconcelos.

Exposição

O Museu Paranaense exibe, em comemoração aos 160 anos de Emancipação Política do Paraná, a mostra sobre as comemorações da elevação à província da então 5ª Comarca de São Paulo. São retratados quatro momentos históricos: 1853, o ano da Lei Imperial que criou a província; 1903, cinquentenário de emancipação; 1953, na comemoração do centenário; e 2003.

Serviço:

Local: Museu ParanaenseEntrada gratuitaEndereço: Rua Kellers, 289, Alto São Francisco, Curitiba.

  • Quadro da chegada de Góes e Vasconcelos, o primeiro governador do Paraná

O povo e as autoridades estavam reunidos em uma praça de Paranaguá diante do juiz Antonio Azevedo de Melo e Carvalho. Era 15 de julho de 1821. Todos juraram lealdade à Constituição Imperial. Inesperadamente, o capitão Floriano Bento Viana levantou-se em direção ao magistrado. O comandante da guarda do Regimento de Milícias clamou pela separação da comarca de Curitiba e Paranaguá da capitania de São Paulo.

Durante o brado, que ficou conhecido nos livros de história como conjura separatista, Bento Viana solicitou a nomeação imediata de um governo provisório separado da capitania paulista. E também que a situação fosse comunicada a dom João VI. O juiz ouviu o discurso do capitão, e rapidamente disse: "Ainda não é tempo". Viana retrucou e esperou que outros que lutavam pela emancipação se pronunciassem.

Mas o que viu foram todos os seus colegas amedrontados diante da rápida e pronta resposta do magistrado. Viana, um dos primeiros a defender a criação do que se tornou o estado do Paraná, ficou abandonado na luta pela emancipação do estado.

Solitário em sua proclamação, ele escapou de severas punições porque a Coroa Portuguesa reconhecia seu valor lealdade. O que mais intrigou Viana foi ter sido abandonado em momento tão importante. Seu pronunciamento já havia sido combinado com demais líderes emancipacionistas, que inclusive o haviam procurado dias antes. Essas lideranças julgavam imprescindível o apoio do capitão.

Liderança

Segundo o historiador Wilson Maske, o capitão Viana era um líder da região e um homem que todos julgavam ser de extrema confiança. "Esse episódio influenciou o ideal emancipacionista no Paraná. O discurso de Viana teve uma importância muito grande."

Dentre os motivos que fizeram com que Viana peitasse a autoridade judicial estava o abandono em que se encontrava a região, além da falta de justiça devido à dificuldade em entrar com recursos perante autoridades paulistas e até falta de moeda na comarca. Os apelos de Viana foram sumariamente ignorados e a conjura separatista não obteve, naquele momento, êxito.

Após o episódio em Para­naguá, outras localidades, como Morretes, Antonina, Castro e Lapa também entraram na luta para endossar a vontade de Viana.

Antecedentes

Antes da luta de Viana, o território que hoje forma o Paraná já havia experimentado a sensação de ser emancipado. Em 1660, tinha sido criada a capitania de Paranaguá, que existiu somente até 1710. A partir desse período, ela foi incorporada pela capitania de São Vicente e Santo Amaro, formando mais tarde a capitania de São Paulo.

"Já existia essa memória de independência, afinal a região já teve anteriormente uma liberdade política", explica Maske. A capitania se São Paulo foi dividida em duas comarcas – a do Sul era sediada em Paranaguá e em 1812, a sede passou a ser em Curitiba.

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