Foi inaugurada ontem à tarde em Campinas (SP) a primeira fábrica brasileira de mosquito da dengue modificado geneticamente para não deixar descendentes. A tecnologia, criada pela empresa britânica Oxitec, tem como objetivo diminuir a população de Aedes aegypti na natureza e reduzir a incidência da dengue. A fábrica tem capacidade para produzir 2 milhões de mosquitos transgênicos por semana.
O uso do método já foi liberado no Brasil pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em abril, mas a comercialização dos insetos transgênicos ainda precisa ser autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A liberação veio após testes feitos na Bahia apontarem a redução de 90% no número de mosquitos selvagens nos locais em que os insetos modificados foram usados. Como ainda aguarda a liberação para a comercialização, a Oxitec busca agora parceiros para a utilização dos mosquitos em protocolos de pesquisa. "Cerca de 20 municípios já nos procuraram querendo saber mais sobre a técnica. Acho que nos próximos meses fecharemos contratos de pesquisa com alguns deles, incluindo cidades de São Paulo", disse Glen Slade, diretor global de desenvolvimento de negócios da Oxitec do Brasil, sem revelar os nomes dos municípios. A estimativa da Oxitec é que, após a liberação para venda, o serviço custe de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões para uma cidade de 50 mil habitantes.
Os mosquitos transgênicos da Oxitec têm um gene extra em seu DNA que impede que seus descendentes cheguem à fase adulta. Eles morrem ainda na fase de larva ou pupa (quando estão no casulo). O método tem como objetivo soltar na natureza apenas os machos transgênicos, para que eles copulem com as fêmeas selvagens, sem resultar em descendentes adultos. Apenas os machos são soltos porque eles não picam o ser humano.
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