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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) disse, em nota, que 70 dos 113 casos de agressão contra jornalistas ocorridos no país desde o início dos protestos deste ano, em junho, analisados pela associação foram intencionais, ou seja, realizados a despeito da identificação das vítimas como profissionais da imprensa. As agressões analisadas ocorreram entre 11 de junho e outubro.

Dentre os casos estão intimidação, violência física, tentativa de atropelamento, ataque de cães policiais, furto ou dano de equipamentos (não incluídos carros de reportagem ou sedes de empresas de comunicação), além de prisão.

A Abraji, a partir de novembro, tentou entrar em contato com todas as vítimas para verificar se a agressão havia sido deliberada ou não. Apenas em 21 casos não foi possível localizar a vítima ou ela não respondeu à solicitação. Além disso, um dos repórteres localizados não soube dizer se a agressão havia sido intencional ou não. A exceção desses jornalistas (22 casos), o universo analisado foi reduzido a 91 agressões, das quais 70 (ou 77%) foram deliberadas.

São Paulo e Rio de Janeiro, com 26 e 15 casos, respectivamente, são as cidades com mais agressões desse tipo. Na capital paulista, somente no dia 13 de junho foram registrados 14 ataques, todos de autoria da Polícia Militar. Na ocasião, os jornalistas Giuliana Vallone, da TV Folha, e Sérgio Silva, da Futurapress, foram atingidos por balas de borracha no rosto. O último perdeu a visão em um dos olhos.

Do total de ataques intencionais, segundo a associação, forças de segurança protagonizaram 55 deles (o correspondente a 78,6%) - apenas dois deles não foram feitos pela Polícia Militar. Os outros 15 casos de agressão deliberada foram cometidos por manifestantes (21,4%). A maioria desse tipo de ocorrência aconteceu no Rio de Janeiro (5 episódios), seguido de São Paulo (3) e Belo Horizonte (2).

"Isso é grave porque impede a liberdade de expressão e atenta contra os direitos humanos. Quando impedem o jornalista de fazer o trabalho dele, estão impedindo que a sociedade tenha acesso à informação, o que configura uma realidade muito ruim para o nosso país", disse o presidente da Abraji, Marcelo Moreira.

De acordo com a Abraji, dos 21 casos em que a vítima classificou o incidente como não intencional, quatro deles envolviam manifestantes e 17, forças policiais. Desses últimos, 7 envolveram ocorrências com tiros de balas de borracha.

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