O tribunal de júri federal reunido em Paranaguá, no Litoral do estado, decidiu pela absolvição dos cinco marinheiros acusados de tentativa de homicídio contra o clandestino camaronês Wilfred Happy Ondobo, de 28 anos. A sentença também inocentou o marinheiro Orhan Satilmis, que era acusado ainda pelos crimes de racismo e tortura. Satilmis, Ramazan Ozdamar, Zafer Yildirim e Ihsan Sonmezocak, de nacionalidade turca, e Mamuka Kirkitadze, da Geórgia, receberam seus passaportes imediatamente após o veredito e já estão livres para retornar a seus países de origem.
O advogado Giordano Vilarinho Reinert negou que os marinheiros acusados tivessem encontrado o clandestino do navio. Em relação ao crime de tortura, os jurados entenderam que não houve provas materiais do fato, já que o clandestino não apresentava nenhuma lesão quando foi recolhido.
Durante o julgamento, o próprio representante do Ministério Público Federal disse não estar convencido da prática de racismo. O clandestino disse não se lembrar das palavras "racistas"que lhe foram dirigidas e entrou em contradição várias vezes, chegando a afirmar que desceu por uma escada de cordas, instalada na lateral do navio. No inicio do caso, ele havia alegado que fora lançado ao mar pelos marinheiros.
No final de junho, o navio Seref Kuru, administrado por um armador da Turquia, foi retido no porto de Paranaguá, após o MPF receber a denúncia de que um camaronês que viajava clandestinamente na embarcação teria sido lançado ao mar pelos tripulantes, a cerca de 15 km da costa brasileira. Todos os 19 integrantes da tripulação foram desembarcados e mantidos sob liberdade vigiada. No inicio de agosto, o navio deixou o porto com nova tripulação, vinda da Turquia. No mesmo mês, a Justiça liberou 13 tripulantes e aceitou denúncia contra cinco marinheiros.
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