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Consternados, familiares e pelo menos 200 amigos  acompanharam a última missa em homenagem ao empresário Edmundo Lemanski, no cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Consternados, familiares e pelo menos 200 amigos acompanharam a última missa em homenagem ao empresário Edmundo Lemanski, no cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Visionário, troca banco por jornal. E dá certo

Mauri König

Só mesmo um visionário seria capaz de trocar um banco por um jornal. Essa decisão diz muito sobre o perfil empreendedor de Edmundo Lemanski, que em 1968 vendeu o Banco Comercial do Paraná para se dedicar à Gazeta do Povo, comprada seis anos antes em sociedade com o jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, morto em março de 2009. Diante das dificuldades de conciliar os dois negócios, vendeu o banco para ficar com o jornal. Nunca se arrependeu, nem teria motivo. Com a Gazeta do Povo, Lemanski e Cunha Pereira deram início àquele que seria o maior conglomerado de comunicação do estado, a Rede Paranaense de Co­­municação (RPC).

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Mais do que patrão, um amigo dos funcionários

"Ele era como um pai para nós." Essa foi uma frase recorrente entre os funcionários que prestaram serviços a Edmundo Lemanski e que compareceram ao velório. Cerca de 20 pessoas que trabalham em uma das chácaras do empresário, no bairro Santa Cândida, foram se despedir da pessoa que consideravam como alguém da família. O caseiro Marcelo Augustiniaq trabalha há 16 anos para Lemanski, mas o conheceu quando ainda era criança, pois seus pais também exerciam a mesma função na propriedade. "Era um homem sempre alegre, que adorava comida caseira, ler jornal e ver televisão. Sempre nos tratava com carinho e atenção. Agora vai ficar um buraco em nossas vidas", lamenta.

O ex-diretor financeiro da RPC, Dilmar Abílio Archegas, trabalhou ao lado de Lemanski por 40 anos e também recorda o cuidado que ele tinha com os funcionários. "Mesmo com o ar sério e fechado, ele se preocupava muito com os que o cercavam. Sem contar que espontaneamente ensinava também. Eu, por exemplo, aprendi com ele a ter tino comercial", diz.

Outro funcionário que ficou muito emocionada com a perda do empresário foi sua secretária pessoal, Iracilda Schenfeld, que trabalhou com ele por 15 anos. Tão leal a Lemanski quanto outros funcionários antigos, ela se considerava amiga dele porque sempre esteve a seu lado para ajudá-lo a resolver os mais diversos problemas. "Acompa­nhava ele no seu dia a dia. Cui­dava desde as contas até o acompanhamento a exames médicos", diz.

Iracilda conta que ele era muito educado com os funcionários e gostava de fazer pequenos gestos, como abrir a porta e ir no meio da tarde comer sonho de doce de leite na panificadora. "É impossível não se emocionar. Ele esteve sempre ao meu lado, conhecia minha família inteira, inclusive a minha filha, que ele acompanhou desde que nasceu e que hoje cursa Direito. Ele dava conselhos profissionais a ela", lembra. (AS)

Enterro ocorreu às 17h deste domingo

No final da tarde de ontem, às 17 horas , o corpo do diretor-presidente da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), Edmundo Lemanski, foi enterrado no Cemitério Parque Iguaçu, em meio a 200 pessoas, entre familiares, amigos, colegas de trabalho, colaboradores e autoridades. Com uma cerimônia tão discreta e tranquila quanto ele, a tarde de sol coroou a despedida do empresário, que morreu de câncer às 14h15 do dia anterior. Desde o início do velório, às 21 horas de sábado, as coroas de flores não paravam de chegar, assim como as mensagens de condolências. A movimentação era constante, mas sem tumultos. Meia hora antes do enterro, o padre Levi Bonato celebrou a missa de despedida.

Com palavras simples, o padre lembrou os presentes que a morte é uma passagem para o encontro com Deus. Emo­cio­nada, a filha Elizabeth, grávida da segunda filha, pediu para ler uma carta que escreveu no Dia dos Pais, mas que acabou não entregando. Nela, agradecia a educação que recebeu do pai e se desculpava por nem sempre poder estar tão próxima. Os ou­­tros três filhos do empresário, Mariano, Mau­rício e Marco, também estavam emocionados e lembraram como o pai dava importância à família.

Dedicado e companheiro

"Ele era muito dedicado, companheiro e presente. Todas as decisões que tomei na vida tiveram o conselho e o dedo dele. E sempre deu certo", disse Mariano. Maurício ressaltou que ele não esquecia dos parentes de Porto Alegre, cidade onde nasceu, e sempre que podia ia visitá-los. "Até hoje ele mantinha algumas tradições de lá, como as músicas gauchescas que adorava ouvir", conta.

Entre os outros presentes, principalmente as autoridades, a ideia mais forte era sobre a importância do trabalho de Lemanski para o desenvolvimento da comunicação no Paraná. "Decretamos três dias de luto no estado. Não podia ser de outra forma, pois ele se destacou como empresário competente e deixou um legado enorme para o crescimento do Paraná. Nós todos perdemos um grande homem", disse o governador em exercício Celso Rotoli de Macedo.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, José Lúcio Glomb, também lembrou a importância de Lemanski para o Paraná e ressaltou que ele tinha um grande entusiasmo em todos os seus projetos . "Ele confiava nas pessoas para ajudá-lo no que planejava. Era firme e forte nas decisões, e embora não gostasse de estar em primeiro plano na cena, sempre participava dela", disse se referindo à discrição com que o empresário sempre conduziu seu trabalho.

Discreto e admirado

Para o candidato ao governo do estado Beto Richa (PSDB-PR), foi essa discrição que fez com que ele tivesse um estilo próprio para administrar seus negócios e assim conquistasse a admiração dos paranaenses. "Ele representou muito para o crescimento do nosso povo". O prefeito de Curitiba Luciano Ducci também esteve no velório e lamentou o que chamou de uma grande perda na área da comunicação. "O doutor Edmundo sempre mostrou muita disposição e era um homem de luta que, com persistência e força, mostrava seu grande valor."

Entre seus amigos, outras características foram ressaltadas, como companheirismo, dedicação, força de vontade e seriedade. "Tomava decisões muito rápido e era dono de uma memória invejável. Tudo estava na sua cabeça, nomes de pessoas, número de telefones. Acho que era por isso que conseguia administrar muito bem seus múltiplos negócios, embora a Gazeta do Povo e a TV Para­naense fossem suas grandes paixões", disse o amigo e colega de trabalho Edivaldo de Melo, assessor da vice-presidência da RPC, com quem conviveu por 38 anos.

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