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A última sexta-feira (9) vai ficar na memória da professora carioca Érica Acosta Plak como o dia em que conseguiu, após uma batalha judicial de mais de seis meses, recuperar o filho Nicholas, de 1 ano e 4 meses, que havia sido retido pelo pai, o holandês Michiel Plak, e os avós na Holanda.

Mas apesar do alívio de reencontrar o pequeno Nicholas, a disputa judicial pelo filho nascido no Brasil ainda não terminou. "Penso em voltar para o Brasil, mas ainda preciso da guarda definitiva do Nicholas. Ainda tenho medo do pai e da família dele depois de tudo o que aconteceu", contou a brasileira ao site G1, por telefone, da Alemanha, onde vive atualmente.

Érica e Michiel Plak se casaram no Brasil, em 2005, e viveram no país até 2008, quando decidiram mudar para a Europa, onde ela descobriu estar grávida. Segundo a brasileira, nem o marido nem os pais deles aceitaram a gravidez, o que fez com que ela voltasse ao Brasil para ter o filho.

Inicialmente, conta Érica, nem o marido nem os avós de Nicholas se interessaram em conhecê-lo. A brasileira iniciou então um processo de divórcio no Brasil no mesmo ano. No ano passado, decidiu retornar à Alemanha para recuperar documentos e objetos pessoais e tentar uma separação amigável com o marido.

Agressão

A história começou a se agravar no último Natal quando, convidada a passar o feriado com os pais de Michiel na Holanda, Érica diz ter sido agredida pelo marido e o sogro e expulsa da casa.

"Eu já não falava com Michiel. Mas os pais dele ainda cogitavam uma possibilidade de volta [da relação]. Eles queriam falar comigo e eu disse que não tinha muito o que conversar. Foi aí que ele e o pai partiram para a agressão física, me jogaram no chão, pisaram em cima de mim. Depois, ligaram para a polícia e disseram que eu era desequilibrada mental", conta.

Érica afirma que conseguiu fugir para a casa de vizinhos e também acionou a polícia. Mas mesmo depois de mostrar o documento brasileiro que lhe garantia a guarda provisória do filho e o passaporte brasileiro dele, não conseguiu voltar para a Alemanha com Nicholas.

À BBC Brasil, a assessoria de imprensa da policia da região Norte e Gelderland Leste, informou ter avaliado que o melhor para a criança seria deixá-la no local, "já que estava muito frio, os ânimos estavam acirrados, e que a criança estava assustada, além do que o pai também tem direito sobre a criança".

De volta à Alemanha, a brasileira deu início à batalha judicial que se estenderia até a última sexta-feira, quando a polícia holandesa finalmente conseguiu reaver Nicholas e devolvê-lo â mãe.

Fuga

Logo que soube do segundo veredito favorável a Érica pela justiça holandesa, no dia 29 de junho, Michiel fugiu com o filho para Kleeve, na Alemanha, impedindo o cumprimento da decisão. A brasileira então deu início a um novo processo: um pedido de homologação da sentença holandesa num tribunal alemão.

Durante este período, Érica conta ter visto o filho apenas duas vezes, ambas por decisão judicial, durante sessões de mediação na justiça. Neste meio tempo, a professora carioca diz ter gastado cerca de 15 mil euros (cerca de R$ 33 mil) com advogados. Sem os documentos necessários para conseguir um emprego formal, ela diz ter contado com a ajuda de uma madrinha que vive em São João Del-Rey (MG), que chegou a vender um apartamento para cobrir as despesas.

Agora, Érica diz que agora só quer recuperar o tempo perdido longe do filho. "Preciso dedicar um tempo maior para o Nicholas. Dá pra perceber que ele está inseguro. Fica perto de mim o tempo todo", diz. Segundo a brasileira, o filho está "saudável e feliz", mas ainda não pronuncia nenhuma palavra – o que acredita ser resultado da mudança no aprendizado de português para o holandês do pai e avós.

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