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Em meio a críticas de parentes de vítimas do voo 447 e de moradores do Leblon, a Air France inaugura neste sábado (7), no Mirante Sétimo Céu, um monumento em memória às 228 pessoas mortas na queda do Airbus A330, em 31 de maio passado. Para as famílias brasileiras, a companhia aérea está criando "cortina de fumaça" para encobrir problemas - há queixas sobre a demora no pagamento do seguro, informações desencontradas relativas a documentos e bagagens dos mortos, e questionam o tratamento diferenciado que a companhia aérea estaria dispensando às famílias francesas.

A Associação de Familiares das Vítimas do Voo 447 divulgou nota de repúdio ao monumento e promete fazer protesto durante a cerimônia. "Não queremos homenagem, monumento, plantio de 228 mudas de árvore. Meu filho não é uma árvore. Queremos respeito, esclarecimento e transparência. Há famílias cujos provedores morreram no voo e até agora não receberam o seguro de 17 mil euros", afirmou o presidente da associação dos familiares, Nelson Marinho, pai do mecânico Nelson Marinho Filho, um dos passageiros.

Marinho disse que famílias francesas e alemãs já se reuniram com representantes da Air France e ouviram explicações sobre os procedimentos que estão sendo tomados, inclusive a respeito das indenizações. "Aqui no Brasil eles desmarcaram a reunião que aconteceria em outubro. E, de repente, aparece essa homenagem, num formato que não foi discutido com os parentes das vítimas. Isso é cortina de fumaça", afirmou.

O monumento também desagradou moradores do Leblon, surpreendidos com a obra no Mirante Sétimo Céu, que chegava a obstruir a passagem. "Não fomos consultados se queríamos um monumento ali. A gente quer o mirante como ele é", afirmou a presidente da associação de moradores, Evelyn Rosenzweig.

Evelyn recebeu documento da prefeitura, por fax, informando que a Air France havia "adotado" o mirante e que a homenagem se trata de um "evento privado". "Evento particular não pode ser em área pública. Além do mais, está havendo uma certa arrogância ao excluir os brasileiros que foram tão solidários com as famílias de todas as vítimas".

A assessoria de imprensa da Air France informou que a companhia não se pronunciaria sobre as críticas. Também não deu esclarecimentos sobre pagamentos de seguros e indenizações. Em nota, informou que a cerimônia atende a pedido de "75% dos familiares contatados", mas não especificou quantos foram procurados pela empresa. Segundo o texto, o evento ocorrerá em caráter "estritamente privado", sem a presença da imprensa e "público em geral". Hoje, o fotógrafo do jornal "O Estado de S. Paulo" foi expulso do mirante por seguranças da obra.

A secretaria municipal de Meio Ambiente confirmou que a Air France adotou o mirante e foi autorizada a realizar o evento O subsecretário Altamirando de Moraes lamentou a "deselegância" dos funcionários contratados pela companhia aérea.

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