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Repercussão

O delegado Operacional da Delegacia de Estelionatos e Desvio de Cargas de Curitiba, Rodrigo Brown Oliveira, acredita que a variação de preços do combustível em Londrina está sim ligada à quebra do cartel. "Havia uma combinação de preços e os donos de postos eram forçados a seguir a cartilha. Agora, abriu espaço para a livre concorrência", declarou. "Trabalhamos com o efeito didático que [a operação] gera em todo o segmento. Vêem que não é tão fácil, que não estão livres para fazer a prática lesiva ao comércio. A ANP [Agência Nacional de Petróleo] também veio atrás e isso tudo acaba chamando a atenção de outros órgãos, mas não dizemos que não voltará a acontecer. A fiscalização cabe à população e aos comerciantes. E nós [Delegacia de Estelionato] estamos atentos."

Réus respondem a duas ações

Procurado pela reportagem, o promotor de Defesa dos Direitos do Consumidor, Miguel Sogaiar, não quis comentar o assunto, dizendo apenas que competência da promotoria terminou com a apresentação da denúncia contra os envolvidos no esquema de cartel em Londrina. Dois processos correm no Fórum de Londrina, um na 3ª e outro na 5ª Vara Criminal. A primeira audiência do processo que corre na 3ª vara está marcada para o dia 6 de dezembro. Na outra ação, os réus foram interrogados e foram expedidas sete cartas precatórias.

Os consumidores de Londrina, no Norte do Paraná, que estavam habituados à equiparação de preços dos combustíveis nos postos podem agora voltar a pesquisar valores antes de comprar o produto. Há algumas semanas, o preço do litro da gasolina, que já ficou acima dos R$ 2,50 na grande maioria dos estabelecimentos, hoje varia de R$ 2,29 a R$ 2,47. Segundo os comerciantes, a oscilação nos valores deve-se à concorrência.

"Baixei o preço para acompanhar a concorrência, mas menos do que R$ 2,40 [o litro da gasolina] não dá para fazer senão vou ter prejuízo", disse um comerciante que não quis se identificar. Segundo ele, a queda no preço também está relacionada ao percentual de álcool na gasolina, que hoje é de 23%. "Na entressafra do álcool, esse percentual diminui e aí o preço da gasolina aumenta", comentou ele. "Isso deve acontecer em breve porque em dezembro e janeiro entramos na entressafra."

Em agosto passado, a Secretaria Estadual de Segurança Pública deflagrou a Operação Medusa III com o objetivo de desbaratar o esquema de cartel em Londrina e as autoridades envolvidas afirmaram que a ação faria baixar o preço dos combustíveis. Os proprietários de postos, no entanto, negam a relação da operação com a variação nos preços observada agora.

Cesar Augusto Malvezi, proprietário do Posto Petroband, na Avenida Duque de Caxias (centro), diz que depois da Operação Medusa III a situação melhorou. "Agora a gente tem que enfrentar apenas a concorrência do vizinho e os preços estão mais reais", afirmou. Ele explica que a variação de preço é normal, dependendo inclusive do local onde o posto está instalado. "Um tem aluguel mais alto que outro. Meu pai, por exemplo, é sócio de um que vende mais barato que o meu. Mas vai da localização, número de funcionários, entre outras despesas", afirmou. No seu posto, a gasolina custa R$ 2,43 o litro.

Para ele, é mais provável que os preços tenham subido depois da operação. "Quem fazia operações irregulares teve que rever suas ações depois da ação da polícia. E quando se começa a comprar com nota, vê que não dá para deixar o preço muito baixo", afirmou.

Já o gerente do Posto Santo Expedito, localizado na Avenida Arthur Thomas (zona oeste), João Batista de Lima, afirma que a variação do preço está diretamente ligada à concorrência. "Postos de bandeira branca, sem vínculos com as distribuidoras, podem pegar as melhores promoções e repassar ao consumidor", disse. Para ele, no entanto, o consumidor ficou mais atento depois da operação policial. "Eu não mexi um centavo no preço da gasolina e nem assim o movimento diminuiu. Antes de preço, o pessoal está procurando qualidade do combustível", afirmou.

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