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A rebelião de mais de 48 horas na Penitenciária Industrial de Guarapuava, iniciada na segunda-feira, 17, deixou estragos na unidade. Além dos seis agentes e de vários presos feridos, o diretor William Daniel de Lima Ribas pediu exoneração nessa sexta (17) alegando motivos pessoais. Quem assume é Aclínio José do Amaral, deslocado da Penitenciária Central do Estado, localizada em Piraquara, na região de Curitiba.

A estrutura física também ficou prejudicada. Um escritório, um consultório odontológico, o telhado de alguns pavilhões e, principalmente, as fábricas - onde os presos trabalhavam quando estourou a rebelião - foram depredados. A fábrica de luvas, gerenciada pela empresa KPS Industrial, em parceria com a PIG, é a mais comprometida. Uma das salas está inacessível, pois corre o risco de desabar.

De acordo com o Luiz Carlos Leitão, que coordena o projeto pela empresa KPS Industrial, ainda não foi possível avaliar os prejuízos, já que muitas máquinas não queimaram. "Dá para perceber que alguns presos arrastaram as máquinas para que elas não pegassem fogo. Teremos que verificar se elas continuam funcionando ou se foram afetadas pela fumaça", pondera. Ele estima que a fábrica tinha cerca de R$ 800 mil reais em máquinas. Aproximadamente 115 presos produziam cerca de 3.600 pares por dia, que eram vendidos para todo o país. Depen nega problemas na direção do presídio

O Departamento de Execuções Penais (Depen) da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju) não reconhece problemas na gestão da Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) e alega que as denúncias dos presos de maus-tratos, alimentação ruim, entre outras, são infundadas.

Para o ex-diretor da unidade, William Daniel de Lima Ribas, "não há como evitar uma rebelião, quando os presos querem se rebelar". No entanto, ele assume que há uma quantidade insuficiente de agentes penitenciários na unidade. "Atualmente temos em torno de 20 por turno, mas esse número diminui devido às licenças médicas, férias, etc. Então, são mais ou menos 15 agentes, quando deveria ter pelo menos 25 por plantão", avalia. No plantão noturno, após as 19h, apenas sete agentes permanecem na unidade.

Para Lucio Olider Michelini, diretor de segurança do Departamento de Execução Penal (Depen), não há falta de segurança e os presos não tinham motivos aparentes para realizarem o motim, já que quase 100% deles trabalham e os que tinham solicitado transferência foram atendidos. No entanto, ele aponta uma possível causa: "o que se deve ter em conta é o tipo de crime e o tempo de condenação dos presos. Antes de enviar novos presos para este tipo de penitenciária, é preciso fazer uma seleção com base nessas questões, pois essa estrutura aqui não é preparada para receber alguns tipos de presos", avalia.

O diretor interino do presídio, Aclínio José do Amaral, também defende que não há problemas de gestão e que a rebelião não tem relação com as demais ocorridas no Estado. Ele permanecerá por trinta dias na PIG para levantar os prejuízos e realizar os consertos. Durante esses trinta dias, as visitas, as aulas e os trabalhos na fábrica ficarão suspensos. Após esse período, acreditamos que o Depen nomeie o novo diretor para assumir a Penitenciária e continuar os trabalhos", explica o diretor interino.

Relembre o caso

A rebelião começou na segunda (14), quando os presos renderam alguns agentes enquanto eles entregavam as marmitas do almoço. Ao todo, 13 agentes foram feitos reféns, seis ficaram feridos – um deles com 40% do corpo queimado.

Dos 239 presos, 204 permanecem no presídio: 18 foram transferidos e os demais recebem tratamento médico. Dos presos feridos, um deles sofreu graves lesões e teve traumatismo craniano. O estado de saúde dele é estável.

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