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Prisão

Arrependido, foragido pede para voltar à cadeia

"Quero pagar tudo o que devo para a sociedade, ter meus documentos de volta, conseguir um emprego registrado, voltar a viver com minha mulher e meus filhos. Estou cansado de viver fugindo." Em tom de desabafo e dizendo-se arrependido, João Zenedin, 56 anos, foragido do sistema penitenciário, se apresentou ontem na Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba pedindo para ser preso novamente.

Condenado a 30 anos de prisão por ter cometido um homicídio em 1970, ele quer voltar ao sistema penitenciário para terminar de cumprir os últimos oito meses da pena para poder ganhar a liberdade. Zenedin estava foragido desde 2006.

Tudo começou aos 19 anos, na cidade de Teixeira Soares, Sudoeste do estado, quando Zenedin se envolveu em uma briga com outro rapaz por causa de uma mulher. A discussão acabou em morte. Em um momento de fúria, ele desferiu várias pauladas no homem, que acabou morrendo vítima das agressões sofridas.

Detido, ele foi condenado a passar 30 anos, em regime fechado, na penitenciária de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. "Passei quase 20 anos preso sem receber uma visita. Foi uma situação muito difícil pra mim. Na prisão, trabalhava na faxina, na cozinha e em outras coisas. Presenciei várias rebeliões. Lá sempre pensava em voltar para minha mulher, de quem eu sentia muita falta. A conheci no ano em que fui preso", explicou.

Motivado pelo anseio de ver a esposa, Zenedin fugiu da prisão três vezes. Após 19 anos na cadeia, em 1989, ele escapou pela primeira vez. "Mas logo fui preso em 1990 por ter cometido roubo e assalto. Novamente fui para Piraquara." Em 2000, nova fuga. Zenedin conseguiu ficar livre por cinco anos. "Trabalhei no corte de pínus e tive filhos com minha mulher. Nunca consegui parar em um emprego por causa da minha situação. Eu era um foragido. Sempre disse a verdade para meus patrões, mas não durava muito tempo."

Em 2005, novamente ele foi recapturado e conseqüentemente sua pena foi se estendendo. "A cada fuga, minha pena ia aumentando. Se continuasse assim eu nunca seria um homem livre. Pensei que ainda faltavam muitos anos de cadeia para cumprir. Então, um ano depois de ter sido preso novamente, escapei, sem saber que restavam apenas oito meses para minha pena acabar."

Em meio a todas essas fugas, Zenedin teve quatro filhos com a mulher e ganhou a confiança de um empresário da região, para quem trabalhou no corte de pínus. Ontem, ele foi até a DFR e se apresentou. "Já tenho onde trabalhar e viver com minha mulher. Eu só quero paz novamente. Só penso em ter uma vida normal", finalizou, antes de ser conduzido novamente para a prisão.

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