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Quatro municípios paranaenses ainda não têm ligação asfaltada com os demais do estado. O resultado é um desenvolvimento baixíssimo | Antônio Costa/Gazeta do Povo
Quatro municípios paranaenses ainda não têm ligação asfaltada com os demais do estado. O resultado é um desenvolvimento baixíssimo| Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo

Doutor Ulysses é logo alí, mas fica tão longe...

O fato de fazer parte da região metropolitana de Curitiba não garantiu ao município de Doutor Ulysses uma integração maior.

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O Paraná, segundo colocado no ranking dos estados com maior índice de desenvolvimento do país, de acordo com o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), ainda possui quatro municípios praticamente "isolados" no mapa. Doutor Ulysses (região metropolitana de Curitiba), Coronel Domingos Soares (Centro-Sul), Guara­queçaba (litoral) e Mato Rico (Centro-Sul) não possuem qualquer tipo de ligação por estrada pavimentada com o restante do estado. É o que mostra o Plano Estadual de Logística e Trans­porte do Paraná (PELT) 2020, elaborado pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR). As consequências desse isolamento podem ser medidas pelo IFDM de 2007 (o mais recente). Para os 26 mil habitantes desses municípios, o desenvolvimento, compartilhado pelos outros paranaenses, simplesmente não chegou.

Guaraqueçaba é o município com o pior índice de desenvolvimento municipal do estado. Numa escala de 0 a 1, em que, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento, o município apresentou, em 2007, IFDM de 0,5001. Doutor Ulysses tem o terceiro pior índice, com 0,5184. Coronel Domingos Soares ficou em nono lugar no ranking às avessas, com 0,5742. Mato Rico, puxado por indicadores de renda e saúde mais alto, conseguiu chegar ao patamar de 0,6329, ocupando a 65.ª pior posição no estado.

"Não há dúvida de que há ligação entre o desenvolvimento e a existência de rodovia asfaltada. O que você produz agrega valor. Não adianta o interesse de outros centros consumidores se você não tiver uma rodovia para escoar", afirma o presidente do Crea-PR, Álvaro Cabrini Júnior. "Geralmente esses municípios acabam produzindo produto de baixo valor agregado e ainda não têm como escoar", complementa. "O município acaba ficando limitado economicamente, o que interfere em emprego e renda", afirma o macroeconomista e professor do curso de Economia da Universidade Positivo Wilhelm Meiners.

De modo geral, o isolamento impõe um indicador de emprego e renda baixíssimo, o que acaba refletindo, de alguma forma, em saúde e educação, salvo raras exceções. "Acaba-se pecando pelo lado da saúde, educação, cultura...", lista Cabrini Júnior. "No caso de Guaraqueçaba, o turismo acaba sendo afetado", exemplifica Meiners.

Segundo o economista Másimo Della Justina, professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), esses municípios tendem a não ter uma estrutura econômica forte, o que dificulta ter o "lobby" necessário para convencer o poder público a implantar o asfalto. "Regiões e grupos mais prósperos acabam enriquecendo ainda mais em detrimento dos mais pobres." Os produtos para consumo também tendem a chegar mais caros aos municípios isolados. "O mais pobre acaba pagando mais", diz.

Os problemas decorrentes de isolamento por falta de ligação por rodovia pavimentada só não é maior no Paraná, porque outras duas cidades, Diamante do Sul (oeste) e Campina do Simão (centro-sul), que integravam a lista de cidades "ilhadas", receberam o asfalto no ano passado. Ainda não é possível medir os impactos positivos causados pela melhoria, pois o IFDM de 2007 é o indicador que mede desenvolvimento municipal mais recente. Mesmo assim, os moradores já conseguem perceber as mudanças (veja mais ao lado).

Mas, para os 26 mil paranaenses que vivem ainda "ilhados", é preciso esperar. Para que o Paraná tivesse todos os seus municípios interligados com vias pavimentadas seria necessário, ao menos, a implantação de 170 quilômetros de asfalto. O secretário estadual de transportes, Mario Stamm Junior, admite a importância dessas obras, mas diz que "com as dificuldades de recursos se faz o que é possível e acaba não se criando condições de pavimentação em todos os trechos necessários".

Segundo Stamm Junior, as superintendências regionais serão acionadas para a elaboração de projetos de engenharia das obras e para que se coloque dentro da possibilidade do orçamento para programação de implantação. No caso de Guara­queçaba, por motivações am­­bientais, será discutida com a secretaria de meio ambiente qual a melhor solução para o município. Mesmo assim Stamm Junior admite que as intervenções propriamente ditas devem ficar para o próximo governo. No plano de governo de Beto Richa, governador eleito, consta a pavimentação com asfalto nos acessos de Coronel Domingos Soares, Mato Rico e Doutor Ulysses. Em Guara­queçaba, por questões am­­bientais, o governador eleito promete não o asfalto, mas uma readequação do acesso.

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