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Ativistas de esquerda impedem candidatos do Novo de dar palestra na Unicamp
Vereador Fernando Holiday (Novo) era um dos palestrantes na Unicamp| Foto: Câmara Municipal de SP

Um grupo de estudantes da União da Juventude Comunista (UJC), vinculada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), impediu a realização de um evento que trataria de cotas raciais e financiamento nas universidades públicas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo. A ação, que ocorreu na noite desta quarta-feira (29), contou com o apoio do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição. Além de gritos de ordem, os palestrantes relatam que houve empurrões e até agressões durante o tumulto.

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Os palestrantes convidados para o evento, todos do Partido Novo, foram o vereador e pré-candidato a deputado federal Fernando Holiday e os pré-candidatos a deputado estadual Leonardo Siqueira e Lucas Pavanato. O ciclo de palestras havia sido organizado pelo grupo estudantil de viés liberal chamado União Juventude e Liberdade SP (UJL-SP). Em nota, o grupo afirma que o evento tinha a intenção de divulgar ideias liberais aos estudantes, especialmente aos mais pobres.

João Vitor Braga, um dos coordenadores do UJL-SP, disse que o DCE divulgou mensagens em grupos da Unicamp convocando estudantes para participar de um boicote ao evento. “Num piscar de olhos, eles já estavam em cima do palco. Quando o Fernando Holiday chegou, os ânimos se exaltaram e começaram a empurrar, a socar", relatou. Braga afirmou também que chegou a ser agredido com socos nas costas.

Holiday, em publicação nas redes sociais, definiu o episódio como censura. “A esquerda invadiu o evento e não quer deixar a gente falar de jeito nenhum. Aqui está cheio de pessoas radicais e antidemocratas [...] Esse é o Brasil da violência, da falta de democracia, do ódio, das pessoas que não admitem qualquer pensamento diferente, que não admitem discordância”, disse o vereador em vídeo gravado durante o tumulto.

Nas redes sociais, o grupo vinculado ao PCB defendeu a ação: “Não daremos um minuto de trégua aos responsáveis por fazer com que a nossa classe tenha que enfrentar a fome, o desemprego, a miséria e o sofrimento psíquico”, publicou o UJC no Twitter.

No mesmo tweet, o UJC fez mais declarações agressivas contra opositores políticos: “O neoliberalismo não se debate, se destrói! É importante que ele sinta medo de sair à luz do dia pra semear seu ódio. Lugar de fascista é na lata de lixo! Que sejam assim tratados quando tentarem aparecer com suas caras de pau privatistas e entreguistas nas nossas instituições públicas”, menciona publicação do grupo.

O DCE da Unicamp também endossou os atos: “No ano em que a lei de cotas será revisada e de vários ataques, é preciso que façamos da universidade um território de organização para a derrota da extrema-direita!”.

Em nota à imprensa, a Unicamp negou participação no ato e afirmou que “a Universidade condena quaisquer atos que, em detrimento do debate democrático, resultem em manifestações de violência”.

Manifestante chegou a morder cabo de microfone para inviabilizar evento

À Gazeta do Povo, Fernando Holiday relatou que, ao chegar ao evento, teria sido alvo de agressões físicas, e que para conseguir gravar o vídeo (veja abaixo), a equipe que o acompanhava precisou fazer uma espécie de cordão. A expectativa dos organizadores era retomar o evento em seguida, mas um dos manifestantes pegou o microfone que seria usado pelos palestrantes e, com os dentes, cortou o cabo do equipamento, inviabilizando a continuidade.

Sobre as publicações em tom agressivo por parte da União da Juventude Comunista, o vereador afirmou que se tratam de uma perigosa manifestação antidemocrática. “A esquerda, nos últimos anos e nos últimos meses, vinha tentando demonstrar que era a única chance para o Brasil sobreviver enquanto uma democracia. Mas acredito que atos como este acabam demonstrando o que realmente pensam, que são esses pensamentos autoritários, antidemocráticos, que não toleram quem pensa diferente e só admitem como virtude a ideologia deles”, disse o vereador do Novo.

Sobre os relatos de violência, os pré-candidatos do Novo não tinham registrado boletim de ocorrência até a tarde desta sexta-feira (1.º).

Lideranças de ambos os lados se manifestam após ocorrido

Após os incidentes na Unicamp, atores políticos se manifestaram publicamente sobre o ocorrido. O ex-juiz federal e ex-ministro Sergio Moro (União) lamentou o episódio em suas redes sociais: “Registro minha solidariedade ao Fernando Holiday e colegas. Essa ‘democracia’ petista que tenta calar a divergência e negar a verdade é retrato do autoritarismo e serve de alerta para os riscos ao futuro do Brasil”, publicou.

O pré-candidato à presidência da República Luiz Felipe d'Avila (Novo) também foi às redes se manifestar sobre o episódio: “Essa turma da esquerda, que adora chamar os outros de fascista, deixaria Mussolini [líder do fascismo italiano] orgulhoso”.

A vereadora de São Paulo Cris Monteiro (Novo) condenou a truculência dos manifestantes contra o membros do Partido Novo. “A ação predatória da extrema-esquerda silencia o contraditório. Democracia é troca e diálogo. Lamento pelo ocorrido e torço para que essa polarização violenta tenha fim”.

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O ex-secretário de desestatização do governo federal, Salim Mattar, disse que “ao impedir, até com agressões físicas, que três pré-candidatos a deputado pelo partido Novo fizessem palestra em universidade, a esquerda mostra sua verdadeira face autoritária, intolerante e antidemocrática”.

Do lado oposto, endossando os atos dos ativistas, a vereadora de Campinas Paolla Miguel (PT) publicou: “Imagine um sujeito entrar na sua casa para pregar que tudo o que existe ali está errado e que precisa ser demolida. É isso que a turma do Holiday foi fazer na Unicamp: pregar a destruição da universidade pública e da ciência brasileira”.

Já o pré-candidato ao governo de Pernambuco, Jones Manoel (PCB), parabenizou os militantes pela ação: “Parabéns, UJC! Tolerância zero com o fascismo!”, disse.

Manoel é conhecido por falas polêmicas quanto a atos de violência cometidos por motivos políticos: “Se tiver que usar medidas de ‘terror vermelho’ contra os contrarrevolucionários, historicamente isso é válido”, disse em vídeo no qual defende a morte de opositores de regimes socialistas.

Em outro vídeo publicado em seu canal no YouTube, o ativista defende que uma das tarefas fundamentais da militância seria a de “estimular o ódio de classe”, para que os trabalhadores acordem todo dia “querendo esfolar o patrão”. Na fala, Manoel critica os partidos e políticos que defendem o diálogo e reclama da existência de uma suposta negação do ódio por parte da esquerda brasileira. Para ele, sem o ódio não será possível fazer a “revolução” no Brasil. “O ódio é o afeto da política. Ou vocês acham que na revolução russa, cubana, chinesa, coreana, a galera foi dizendo assim ‘o amor vai vencer o ódio’?”, questionou.

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