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Legislação sobre álcool e direção ficou mais dura em 2012, com uma mudança no Código de Trânsito. No Paraná, a cada mês, 200 pessoas são presas por embriaguez. | Fernando Frazão/Agência Brasil
Legislação sobre álcool e direção ficou mais dura em 2012, com uma mudança no Código de Trânsito. No Paraná, a cada mês, 200 pessoas são presas por embriaguez.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Até por causa do balão usado para identificar os pontos de fiscalização, as blitze de Lei Seca no Rio de Janeiro são bem mais visíveis do que em Curitiba. Mas a impressão de que por lá as operações policiais são mais intensas pode também ser comprovada em números: enquanto em Curitiba foram vistoriados 34 mil veículos em 2015, na capital fluminense foram 344 mil – dez vezes mais.

A desproporção é bem maior do que a diferença da frota, que nem chega ao dobro (1,4 milhão de veículos em Curitiba e 2,6 milhões no Rio de Janeiro). Enquanto que, em média, 135 veículos a cada mil foram vistoriados no trânsito carioca no ano passado, por aqui a média ficou em 25 em cada mil.

Veja os dados comparativos entre Rio e Curitiba

A estratégia de intensificar as fiscalizações não foi capaz de eliminar a associação entre álcool e direção, mas lá, bem mais do que aqui, muitos motoristas mudaram de atitude: por exemplo, é bem mais comum escolher táxi para voltar de confraternizações. O número de mortes no trânsito em Curitiba está em queda ano após ano – em 2015, foram 184 – mas ao menos em um terço dos casos a bebida é um dos fatores presentes. E as noites e madrugadas de sexta, sábado e domingo concentram grande parte dos acidentes graves.

A secretária municipal de Trânsito, Luiza Simonelli, gostaria que fossem realizadas bem mais blitze de Lei Seca em Curitiba, mas alega que não está na alçada da prefeitura intensificar a fiscalização. Ela afirma que, em reuniões com o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), pediu inclusive que as equipes da administração municipal pudessem acompanhar as operações, mas não obteve autorização. A justificativa é de que não é seguro para “civis”, mas Luiza afirma que em outras cidades esse reforço na fiscalização é permitido. Para ela, a presença de mais pessoas nas blitze tornaria o trabalho mais transparente, menos sujeito a “carteiradas”.

3 por dia

De acordo com o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), na média, são realizadas três fiscalizações por dia em Curitiba. Não ocorrem mais porque a estrutura estaria “no limite”. A polícia não informa o tamanho do efetivo, o número de bafômetros e de viaturas. Mas o porta-voz, tenente Ismael Veiga, comenta que 60 novos policiais devem ser incorporados ao grupo em breve. “Será um ganho considerável na fiscalização”, diz.

Segundo o tenente Ismael Veiga, porta-voz do BPTran, a participação de civis em operações noturnas está fora de cogitação por causa dos riscos.

Ele comenta que as operações têm caráter policial, envolvendo não apenas os testes de álcool, mas também vistorias nos veículos e motoristas, não raro resultando na apreensão de armas e drogas e na prisão de foragidos.

Veiga reforça que a fiscalização tem poder preponderante para coibir os casos de bebida e direção, mas destaca que precisa ser acompanhada de esforços educativos também. “Só a fiscalização não adianta, nem só a educação. Precisa a combinação dos dois”, comenta.

Veiga conta que os locais de fiscalização são definidos por muitos fatores, inclusive por denúncias da população. Ele comenta que o BPTran não tem intenção de copiar o modelo usado no Rio de Janeiro. “Não vemos motivo de copiar a estrutura carioca dentro da nossa realidade”, diz.

Queda

O percentual de adultos que admitem beber e dirigir em Curitiba teve queda de 27,9% em relação a 2012, ano do endurecimento das regras da Lei Seca. Os dados são da pesquisa Vigitel , divulgada neste fim de semana pelo Ministério da Saúde . Mas a média curitibana ainda está acima da nacional. Enquanto 6,2% dos motoristas em Curitiba declararam ter dirigido após o consumo de álcool, o resultado para o Brasil é de 5,5%.

Três operações por dia

De acordo com o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), na média são realizadas três fiscalizações por dia em Curitiba. Não acontecem mais porque a estrutura estaria “no limite”. A polícia não informa o tamanho do efetivo, o número de bafômetros e de viaturas. Mas o porta-voz, tenente Ismael Veiga, comenta que 60 novos policiais devem ser incorporados ao grupo em breve – eles estão passando por um curso de formação. “Será um ganho considerável na fiscalização”, diz.

No Rio de Janeiro, 11 mil veículos foram apreendidos durante as blitze – três vezes o valor de Curitiba. Sendo assim, mesmo com a intensa fiscalização, os motoristas continuam se arriscando e – por motivos relacionados ao álcool ou outros, como atraso no recolhimento de impostos – os carros acabam guinchados.

Efeito

O endurecimento da legislação sobre a associação entre álcool e direção aconteceu em 2012, com uma alteração no Código Brasileiro de Trânsito. Ainda assim, cerca de 200 pessoas são presas por mês no Paraná por dirigir embriagadas. E mais de uma centena morreram no Brasil no último ano em acidentes causados por motoristas bêbados.

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