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Mais um corpo foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros no Parque São Rafael, na Zona Leste de São Paulo, por volta das 15h30 desta sexta-feira (4). Pai e filho desapareceram após um deslizamento de terra que soterrou três casas no local, na quinta. Com isso, já são sete as vítimas do temporal que atingiu a Grande São Paulo na quinta-feira (3). No interior e no litoral, foram mais três mortes, totalizando dez.

Os bombeiros dizem que o corpo é do adolescente. A equipe suspendeu as buscas durante a madrugada e as retomaram às 7h desta sexta. Ainda na quinta, o corpo de um homem foi encontrado no local.

De acordo com o tenente-coronel Carlos Carvalho, comandante do 3º Grupamento dos Bombeiros e responsável pelas buscas, o corpo do adolescente foi encontrado sem roupa, um indício de que o jovem estava tomando banho ou se trocando. Segundo parentes, o rapaz se arrumava para sair para a escola no momento do acidente.

A localização do corpo foi indicada por um dos cães da raça labrador que participam do trabalho dos bombeiros. "O labrador deu o sinal para nós e nós fomos escavar onde estava o corpo", afirmou o comandante. "A maior dificuldade aqui é o volume de terra, muito grande para um espaço pequeno. Esse volume também dificulta o trabalho dos cães."

O tenente-coronel também afirmou que as buscas continuam até que o corpo do pai do adolescente seja encontrado. Para isso, os trabalhos podem seguir durante a madrugada, e só devem ser interrompidos caso chova forte na região e haja risco de novos deslizamentos. "Uma das hipóteses é que o corpo do pai esteja perto de onde estava o adolescente. Ele pode ter visto o deslizamento e ido procurar o filho", afirmou Carvalho.

No total, três casas foram completamente destruídas e mais de 40 interditadas na área pela Defesa Civil. Por volta das 16h30, duas retroescavadeiras trabalhavam no local, e um caminhão estava a postos para a retirada de escombros.

Família

De acordo com o ajudante de montagem Mauri Donizete Martins, de 48 anos, irmão de Geraldo Darci Martins, que continua desaparecido, o irmão gostava muito do local onde morava. "Ele gostava muito daqui, nunca disse ter medo. Ele construiu a casa, o sonho dele era fazer a casa dele. Ela ficou pronta, e agora ele queria ampliar, construir mais um quarto", afirmou, enquanto acompanhava as buscas.

Mauri contou que trabalhava junto com seu irmão, e que a família toda veio de Minas Gerais. Além dele, outra irmã, que mora em Pindamonhangaba, no interior do estado, veio para a capital acompanhar as buscas.

De acordo com a família, pai e filho não deveriam estar em casa na hora do deslizamento. "Meu cunhado estava de atestado médico por causa de uma dor na coluna há três dias. Ele iria voltar para o trabalho hoje", contou Gilmar Farias Santos, de 27 anos. Segundo ele, o cunhado trabalha com instalação de telefonia. "Meu sobrinho também já estava se arrumando para sair para a escola. Foi por muito pouco. Perder a casa ainda vai, mas a perda maior é deles."

Os irmãos não moram no local, mas foram para lá assim que ficaram sabendo do ocorrido.

Outras casas afetadas

De acordo com o coronel Jair Paca de Lima, coordenador da Defesa Civil, os moradores das casas afetadas irão para as casas de amigos e parentes.

Um desses imóveis é onde morava a família da vendedora Maria das Graças Leite, de 27 anos. Nos fundos da casa, parte de um barranco desabou, derrubando terra no local. Como o solo ainda está instável, a Defesa Civil interditou a parte de trás da casa – apenas a cozinha e a garagem, na frente, estão liberadas. Por isso, a família resolveu já se mudar para outro local.

"Estou morrendo de medo, para cá eu não volto mais", contou Maria. Segundo ela, às vezes acontece de cair um pouco de terra no imóvel quando chove, mas nada como desta vez. "Já alugamos outra casa aqui no bairro, que não tem morro do lado. Não volto a morar aqui de jeito nenhum."

A mulher mora no local com o marido, o metalúrgico Valfrido Santos da Cruz, de 39 anos, e os dois filhos, uma menina de 3 e um menino de 5, há dois anos. Após o susto na noite de quinta, apenas ela e o marido ficaram no local – os filhos foram dormir na casa de uma amiga. "Foi sorte que já conseguimos uma casa para alugar", disse a mulher. "Já estava na hora de ir embora mesmo", afirmou o metalúrgico.

Já a doméstica Luciene Santana, de 36 anos, ainda não sabia se sua casa foi interditada, pois passou a noite na rua com os três filhos após o susto de quinta. Segundo ela, parte do barranco caiu nos fundos de sua casa, acertando lama na parede do quarto. "Dormi na rua com meus filhos com medo de desabar tudo. Ainda não tive coragem de voltar", contou ela, que tem um menino de 2 anos e duas meninas, de 9 e 11 anos.

Outros desabamentos

A Defesa Civil de São Paulo registrou quatro deslizamentos, oito desabamentos, duas quedas de muro e três quedas de árvores decorrentes da chuva de quinta.

Em Mauá, no ABC, quatro deslizamentos de terra seguidos por desabamentos deixaram um morto e oito feridos na madrugada desta sexta.

Em Itapecerica da Serra, três crianças e um adolescente morreram na tarde de quinta em um deslizamento. Uma adolescente de 13 anos ficou ferida, mas conseguiu escapar. Quarenta imóveis foram interditados na região.

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