Brasília - O Itamaraty informou ontem em nota oficial que o Brasil decidiu apresentar denúncia de tráfico de resíduos perigosos contra o Reino Unido na secretaria da Convenção da Basileia, que trata do assunto.
Segundo a nota, a delegação permanente do Brasil em Genebra foi instruída a apresentar a denúncia com base em comunicações do Ministério do Meio Ambiente, do Ministério Público Federal e do Ibama de que o Reino Unido enviou lixo tóxico para o Brasil.
O chanceler Celso Amorim também telefonou para seu equivalente britânico, David Miliband, para frisar que cabe ao país de origem da carga ilícita se responsabilizar pelo retorno dela. Citou para isso o artigo 9.º da Convenção de Basileia. Segundo a nota, Miliband "se prontificou a dar ao assunto a importância que merece.
Nos últimos meses, 48 contêineres com resíduos como pilhas, seringas, banheiros químicos e fraldas chegaram ao Rio Grande do Sul e estão parados em Caxias do Sul e Rio Grande. Outros 41 foram mandados ao porto de Santos (SP). A Polícia Federal investiga o caso o Reino Unido já aceitou receber o material de volta. Os contêineres somam cerca de 1,5 mil toneladas. As empresas brasileiras que importaram a carga alegam que haviam comprado material para reciclagem e que as companhias inglesas mandaram lixo tóxico.
Ásia e África
Antes de contêineres com lixo tóxico chegarem ao Brasil, empresas do Reino Unido tentaram exportar de maneira ilegal cargas tóxicas também para a Ásia e para a África, segundo a agência ambiental britânica. Uma operação do órgão em junho encontrou um grupo de contêineres com tevês, monitores e geladeiras velhas prestes a ser mandado a países africanos. A carga estava em Londres e Essex. Em maio, uma companhia local foi multada no equivalente a mais de R$ 330 mil por enviar 430 toneladas de resíduos de plástico aos Emirados Árabes entre 2006 e 2007. A carga saiu de Felixstowe, o mesmo porto de onde partiram os contêineres com lixo que chegaram ao Brasil.
O Reino Unido criou nos últimos anos novas legislações para tentar coibir o transporte de lixo para outros países. Segundo a agência ambiental, empresas do país se aproveitam de um mecanismo legal de exportação de produtos para reciclagem para colocar nos contêineres lixo em vez dos materiais. O órgão diz que há uma série de investigações sobre o assunto.
-
As bombas fiscais que Lira e Pacheco podem armar contra o governo Lula
-
Twitter Files Brasil: e-mails mostram que busca do TSE por dados privados também afetou personalidades da esquerda
-
O atraso como consequência da corrupção e da ineficiência
-
Silas Malafaia vira “porta-voz”de Bolsonaro para críticas a Moraes
Um guia sobre a censura e a perseguição contra a direita no Judiciário brasileiro
Afastar garantias individuais em decisões sigilosas é próprio de regimes autoritários
Justiça suspende norma do CFM que proíbe uso de cloreto de potássio em aborto
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
Deixe sua opinião