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Como outras cidades latinas, em Curitiba a riqueza e a pobreza também disputam espaço | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Como outras cidades latinas, em Curitiba a riqueza e a pobreza também disputam espaço| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

São Paulo terá 21 milhões de habitantes em 2025

São Paulo permanecerá entre as cinco cidades com maior população do planeta em 2025, quando o vertiginoso crescimento das cidades asiáticas terá alterado o mapa das metrópoles. Mas precisará de políticas sociais que melhorem os indicadores de desigualdade, que estão entre os mais altos, ao lado de cidades africanas. A conclusão faz parte do "Estado Mundial das Cidades 2008/2009", desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado ontem simultaneamente no Rio de Janeiro, em Londres, na Inglaterra, e em Bangcoc, na Tailândia.

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Desigualdade

Cidades da América Latina e Caribe são mais desiguais:

Região - Coeficiente de Gini*

América Latina e Caribe - 0,55

África - 0,54

Ásia - 0,4

Leste Europeu - 0,31

* calcula desigualdade na distribuição de renda; quanto mais próximo de 1, mais desigual

Fonte: Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Urbanos (UN-Habitat)

Rio de Janeiro - Relatório sobre o Estado das Cidades Mundiais 2008/09, divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostra que a desigualdade nas maiores cidades da América Latina está no mesmo nível de um conjunto de 26 cidades do continente africano. O início do capítulo "Harmonia Social", que traz a comparação, é ilustrado por uma foto que mostra um prédio com varandas e quadra de tênis separado de uma favela por um muro, em São Paulo.

O grupo de 19 cidades latino-americanas e caribenhas apresentou coeficiente Gini de 0,55, contra 0,54 para as 26 cidades africanas selecionadas pela ONU. São Paulo está no mesmo nível de Bogotá (0,61), na Colômbia, mas o índice na capital paulista foi superior, por exemplo, ao de Nairóbi (0,59), no Quênia. "A América Latina é campeã de desigualdade. Colômbia e Brasil são os dois que têm a maior quantidade de cidades com grande índice de desigualdade", disse Cecilia Martinez, diretora para a América Latina do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos.

Gini é o sobrenome do matemático italiano Corrado Gini, que desenvolveu o coeficiente adotado pela ONU para medir a situação dos países em relação à distribuição de renda. O cálculo leva em consideração variáveis econômicas para verificar o grau de espalhamento da renda, em escala de zero a 1. Quanto mais próximo de zero estiver o país, mais igualitária é a sociedade. Quanto mais se aproximar de um, maior é a desigualdade. O Gini não mede riqueza ou pobreza de um país, e sim a homogeneidade econômica e social de seu povo. "As cidades que têm mais de 0,4 devem procurar melhorar essa diferenciação", disse Cecilia.

Primeiro mundo

A manutenção da desigualdade em grandes metrópoles não é exclusividade de países africanos e latino-americanos. "Algumas cidades dos EUA, como Atlanta, Washington, Nova Orleans e Nova Iorque, têm índice de Gini muito grande, o mais alto do país, similar ao de cidades como Buenos Aires (0,52)", disse Cecilia. "O importante agora não é saber de onde veio (o problema), mas o que fazer. Temos de trabalhar mais nas zonas de maior pobreza."

A técnica da ONU avalia que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, "pode melhorar a situação". "Deve-se trabalhar muito nas zonas de pobreza. É importante melhorar os sistemas de transporte e certamente a condição social e econômica", disse ela. "A sustentabilidade da cidade implica buscar a igualdade. Ou seja: investimentos públicos e privados devem estar dirigidos para as zonas de mais pobreza, e não somente continuar em zonas de riqueza, que vão favorecer novamente os que têm mais. Isso é o mais importante."

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