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| Foto: MARVIN RECINOS/AFP

Os dados do Ministério da Saúde mostram uma redução de 87% nas notificações de pacientes contaminados pelo zika vírus no Brasil no comparativo entre o pico da doença, em fevereiro, e os últimos números disponíveis, da primeira semana de maio de 2016. De acordo com o Ministério, a maior incidência de notificações de zika foi registrada na terceira semana da fevereiro – foram 16.059 casos no país. Já na primeira semana de maio, o número de casos caiu para 2.053.

Para especialistas, a queda pode ser explicada por dois fatores: as ações de vistoria e eliminação do mosquito Aedes aegypti promovidas pelas entidades estatais e também pelo clima mais frio, que faz com que o mosquito não se desenvolva com tanta facilidade.

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Casos de zika no Paraná continuam subindo

Apesar da queda considerável no número de pacientes com zika no país, os casos confirmados da doença no Paraná aumentaram na última semana. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria do Estado da Saúde (Sesa), oito novos casos foram confirmados, somando 324 no total. Destes, 216 são auctóctones e 108 importados, quando o paciente é contaminado fora da cidade onde mora.

Ainda de acordo com a Sesa, desde agosto, 31 gestantes foram contaminadas pelo vírus da zika no estado. Dessas, duas sofreram abortos por causa da doença.

Para o epidemiologista e secretário-geral da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses (SBD/A), Luciano Pamplona, a soma dos dois fatores colaboraram para a redução dos casos. Mas, mesmo com um número menor de casos notificados, o vírus continua no país e deve continuar por um bom tempo.

“Existe uma grande possibilidade do zika vírus se tornar endêmico no país, assim como a dengue já é. O mesmo pode acontecer com a chikungunya, já que as três doenças são transmitidas pelo mesmo vetor”, explica o epidemiologista.

Redução de casos não é o fim de problema

A baixa considerável no número de casos notificados não significa o fim do problema. Por onde passou, o zika vírus já deixou uma série de sequelas em crianças e adultos, como os casos bebês que nasceram com microcefalia e adultos contaminados que desenvolveram encefalite e Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que leva à paralisia dos membros. Apesar de não existir comprovação, é possível que o aumento de casos destas doenças esteja relacionado com o aumento de casos de zika. Pamplona afirma que o país terá que aprender a lidar com esses pacientes e buscar minimizar o impacto do vírus. “Os casos não vão desaparecer. É preciso aprender a tratar estes pacientes”.

O epidemiologista afirma que, com a chegada do próximo verão, o país pode viver um novo e expressivo aumento de casos de pacientes com zika e crianças com microcefalia. “Se a ciência não apresentar uma vacina e não se conseguir fazer o controle do mosquito, é bastante possível que o país viva um novo pico de casos de zika e de bebês nascidos com microcefalia”, diz Pamplona.

Para a médica infectologista do Hospital Nossa Senhora das Graças, Maria Inez Kuchiki, o impacto do zika no Brasil pode ser ainda maior, já que uma grande quantidade de grávidas que foram infectadas pelo vírus ainda não teve seus filhos. “O número ainda deve aumentar. Se uma grávida foi infectada em fevereiro, quando o número de casos ainda era alto, o filho poderá vir a nascer com microcefalia”, afirma.

De acordo com Maria Inez, existe uma chance que os casos aumentem no próximo verão, assim como é possível que se descubra outras enfermidades relacionadas ao vírus. A infectologista destaca que o vírus da zika já é conhecido da comunidade médica há anos e essa foi a primeira vez que se relacionou o surto de casos de microcefalia com as contaminações pelo vírus. “Pode ser que haja mais casos de microcefalia como a descoberta de outras complicações causadas pelo zika. É imprevisível”, completa.

Prevenção é a melhor saída

O epidemiologista Luciano Pamplona aponta que a prevenção para evitar criadouros do mosquito Aedes aegypti ainda é a melhor saída para lidar com as três doenças causadas pelo vetor. “É impossível qualquer governo eliminar as doenças se não houver uma participação das pessoas”, comenta.

O combate ao mosquito, diz o especialista, deve ser feito toda a semana. “Nós só vamos combater essas doenças se as pessoas passarem a ter raiva do Aedes como tem de um rato e de uma barata, por exemplo. Não podemos nos acostumar a conviver com o mosquito”, completa.

Para Maria Inez, os alertas sobre o aumento no número de casos e diagnósticos precoces das doenças continuam sendo a melhor arma no combate à dengue, zika e chikungunuya. “Quanto mais cedo os diagnósticos são feitos, mais fácil é de fazer o controle do vetor”.

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