Na busca por tornar o trânsito de Curitiba menos violento, a prefeitura tomou mais uma medida que resulta em diminuição na velocidade dos veículos. Primeiro veio a Via Calma, restrita a apenas uma avenida (a Sete de Setembro), e agora uma área que compreende 140 quarteirões em toda a região central obrigará os motoristas a rodarem mais devagar. A Área Calma, que limita a velocidade em 40 km/h, foi apresentada na sexta-feira (18), na abertura da semana de prevenção a acidentes de trânsito.
Sincronização
Uma boa notícia para quem reclama do “anda e para” por causa da falta de ajuste dos semáforos. Com a velocidade padronizada em todo o anel central, os sinaleiros também serão sincronizados para 40 km/h. Assim, quem rodar com uma velocidade regular poderá cruzar o trecho todo sem parar em cruzamentos. Pela região circulam 700 mil pessoas por dia. Há 200 linhas de ônibus, com 21 paradas.
Holanda vai nos ensinar
Uma das principais referências no uso de bicicletas, a Holanda, vai ensinar Curitiba como é possível ampliar o potencial desse modal de transporte. Um convênio foi assinado entre os governos, com duração de cinco anos, para a troca de experiências. Além das estruturas governamentais, o trabalho será realizado por universidades curitibanas e holandesas. Pesquisadores estrangeiros ficarão em Curitiba, por algum tempo, analisando formas de melhorar a integração dos espaços com as bicicletas.
Reclamações
O prefeito Gustavo Fruet destacou que mudanças de comportamento demoram e geram conflito. “Haverá resistência. O nome do prefeito será ‘lembrado’ nos próximos dias”, disse, destacando que estava pronto para as reclamações que devem surgir. Ele reforçou que a estrutura pública deve ser pensada para transportar mais pessoas do que carros.
O limite valerá para todas as vias dentro do polígono formado pelas ruas André de Barros/ Nilo Cairo, Mariano Torres, Luiz Leão, Inácio Lustosa e Visconde de Nacar. Essa região concentra a maior parte dos atropelamentos em Curitiba – tipo de acidente que causa mais mortes na cidade. As regras de velocidade valem inclusive para a circulação de ônibus e para faixas exclusivas de transporte coletivo. A redução não precisará ser aprovada pela Câmara Municipal. É que esse tipo de mudança em regra de trânsito pode ser feito por decreto. O projeto foi conduzido de forma sigilosa pela administração municipal, que há um mês faz postagens enigmáticas no Facebook da prefeitura.
Dia sem carro
Como forma de desestimular o uso de veículos individuais motorizados, na semana que vem acontece o Dia Sem Carro, iniciativa realizada em várias partes do mundo. Em Curitiba, no dia 22 de setembro, o tráfego de automóveis será impedido na Rua Barão do Rio Branco, nas três quadras entre a Marechal Deodoro e a Tobias de Macedo. Curitiba tem um dos maiores índices de carro por habitantes, com 0,8 veículo por morador.
A retirada das placas com velocidades superiores a 40 km/h começa imediatamente e, nas próximas semanas, será a instalada a sinalização da Área Calma. Os limites passam a vigorar em 16 de novembro, quando também deve iniciar a fiscalização. O controle de velocidade será feito por radares instalados em semáforos. Atualmente, quatro dos 133 sinaleiros existentes na área flagram que ultrapassa os limites permitidos e mais oito serão colocados. Também radares móveis farão fiscalizações pontuais.
Na região aconteceram 24 mortes nos últimos três anos. “Salvar uma única vida já justificaria o projeto”, disse o prefeito Gustavo Fruet. Em pelo menos 18 trechos de ruas que cortam o centro era possível trafegar a 60 km/h. Outras oito vias permitiam circulação em até 50 km/h. A prefeitura informa que em muitas ruas o limite já era de 40 km/h e, portanto, os motoristas não devem perceber diferenças. Há também situações em que o limite é 30km/h, principalmente próximo a escolas, e que vai subir para 40 km/h, com a promessa de fiscalização constante.
Em São Paulo já existem várias regiões com velocidade limitada, chamadas de Área 40. O diretor de Engenharia da Secretaria Municipal de Trânsito, Maurício Razera, explicou que, por aqui, se decidiu não usar números no nome do projeto, reforçando que se trata de muito mais do que reduzir velocidade. A proposta curitibana incluiu outras ações, como plantio de árvores e intervenções em vagas de estacionamento, para tentar acalmar e humanizar o trânsito. Para os demais desdobramentos do projeto ainda não há data definida. O valor do investimento no projeto não foi informado, basicamente porque consiste na instalação de placas, nas campanhas educativas e na colocação e na operação de radares.
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