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Fundos dos terrenos não suportaram o excesso de água e cederam. Churrasqueira, banheiro, canil e banheiro ficaram pendurados no barranco | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Fundos dos terrenos não suportaram o excesso de água e cederam. Churrasqueira, banheiro, canil e banheiro ficaram pendurados no barranco| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
  • Morador observa o estrago que o deslizamento de terras causou nos terrenos
  • O terreno de Paulo Sérgio Valle Souza afundou cerca de um metro e meio

As chuvas que caíram de modo contínuo durante toda a terça-feira (28) afetaram não apenas casas que ficam em áreas de risco em Almirante Tamandaré, na região metropolitana, como também moradias com melhor infraestrutura. Quatro residências no loteamento Marinoni, uma localidade de classe média que teve uma grande valorização nos últimos anos, foram afetadas pelo desmoronamento de terras. O deslizamento assustou os moradores, que agora pedem providências da incorporadora que vendeu os terrenos. Alguns estão assustados e nem dormem mais em casa.

Os deslizamentos aconteceram na Rua Tereza dos Santos Rocha, no bairro Tanguá. Além das casas, outros três terrenos que ainda não foram construídos tiveram desbarrancamentos. A área é um fundo de várzea e foi feito uma terraplanagem para os terrenos serem comercializados. A terra afundou cerca de dois metros nos fundos dos terrenos e derrubou muros.

A casa mais afetada foi de Marcos Lisboa. O deslizamento de terra levou junto o canil, a lavanderia, um banheiro e a churrasqueira. Após o estouro, por volta das 19 horas de terça-feira, houve tempo apenas de retirar os cachorros do local e a construção afundou. Ninguém se machucou. A estrutura da casa de Lisboa não foi afetada, assim como a dos seus vizinhos, pois o deslizamento foi na parte dos fundos dos terrenos e os sobrados ficam na frente.

Mesmo assim, a Defesa Civil recomendou que a família não dormisse em casa nas noites de terça e quarta-feira. Lisboa calcula o prejuízo em cerca de R$ 30 mil. "A minha família ficou traumatizada, estão com medo. Minha mulher não quer ficar em casa. A parte material a gente reconstrói, mas o emocional não tem preço. Ninguém vai recuperar isso", disse Marcos Lisboa. Ele pretende entrar com uma ação contra a Elio Winter Incorporações, que vendeu o terreno para ele.

"Não queremos revanchismo, nem briga. Só o reparo do dano que sofremos. Se a incorporadora não assumir a responsabilidade vamos entrar na Justiça", garantiu. Elio Winter, diretor da incorporadora, afirmou que o departamento de engenharia da empresa vai fazer um levantamento do que aconteceu. "Um laudo técnico será feito para saber de quem é a responsabilidade se foi do proprietário que construiu de forma equivocada ou se é culpa da incorporadora", disse Winter.

Nada de errado

Paulo Sérgio Valle Souza, vizinho de Marcos Lisboa, garante que todas as construções foram feitas seguindo todos os critérios de segurança. "Fizemos tudo dentro da lei. O Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná) liberou tudo. Tudo feito com alvará da prefeitura. Isso que nos deixou mais revoltados. Estamos dentro da lei, pagamos impostos caros. Essa situação poderia ter sido evitada", explicou Souza.

No terreno dele o muro caiu e o fundo do terreno afundou cerca de um metro e meio. "Não deixo os meus filhos brincar mais no fundo do quintal", disse. Souza afirmou que paga R$ 400 de Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial (IPTU). "A prefeitura deveria olhar mais para o nosso bairro. Aqui é um dos bairros com maior arrecadação de Almirante Tamandaré", reclamou Souza.

O engenheiro, que Souza levou para olhar o desmoronamento, afirmou que se fosse feito um reflorestamento no local a terra não teria desmoronado. "Quando compramos foi o terreno inteiro e agora metade está comprometido", explicou. Quando comprou o lote, há sete anos, Souza pagou R$ 13 mil. As casas agora valem cerca de R$ 400 a R$ 500 mil e os terrenos R$ 50 mil.

Sonho interrompido

O desmoronamento atingiu a construção de uma casa, que também ficava nos fundos do terreno vizinho de Marcos Lisboa. A construção foi condenada pela Defesa Civil, pois há risco de desmoronar completamente. A casa estava em construção há cinco meses e seria usada para a irmã de Patrícia Pimenta morar com o marido. "Minha irmã ficou arrasada. Ela queria terminar até o fim desse ano para morar. A Defesa Civil disse que tem 90% de chance de desmoronar mais. Agora ela não sabe se vai alugar algum ligar ou vai morar na nossa casa", disse Patrícia, que vive no sobrado dos pais na parte frontal do terreno.

Os familiares de Patrícia também se assustaram com o desmoronamento. "Minha irmã e o meu cunhado ainda estão pensando se vão entrar na Justiça", definiu Patrícia. Elio Winter afirmou que a incorporadora plantou vegetação no fundo dos terrenos e que a empresa fez o primeiro aterro.

"Num levantamento preliminar parece que foi feito um novo aterro, mais ou menos por dois metros à frente. Nós aterramos e depois aterraram mais um pouco. No que parar a chuva vamos apurar o que aconteceu. Procurar morador por morador e ver o que faz, para chegarmos a um acordo", disse o diretor da incorporadora.

Marcos Lisboa rebate a afirmação de que os moradores aterraram além do permitido. "Isso não é correto, não mexemos em nada. Os muros estão no limite do que está na escritura dos terrenos. Não compramos 50% de terreno e 50% de aterro. A terra cedeu na diagonal e atingiu terrenos que estão vazios, onde nada foi construído. Dessa forma cai a afirmação que os moradores fizeram novos aterros", definiu. A reportagem não conseguiu o contato com a prefeitura de Almirante Tamandaré para comentar o assunto.

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