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Em Ponta Grossa, a lavanderia de uma casa desabou e a residência ameaça cair | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Em Ponta Grossa, a lavanderia de uma casa desabou e a residência ameaça cair| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Postes caem e interditam BR-376

As chuvas também prejudicaram estradas no Paraná. Na BR-376, na altura do distrito industrial de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, a queda de cinco postes interditou todas as pistas da rodovia por cerca de uma hora e vinte minutos na tarde de ontem. O congestionamento chegou a 2,5 quilômetros. Um poste caiu por causa do solo encharcado, que cedeu. Um caminhão se enroscou na fiação e derrubou mais quatro postes. Na mesma rodovia, o tráfego em uma das faixas no sentido Curi­­tiba-Ponta Grossa ficou impedido em razão da água de um ar­­roio que invadiu o asfalto. Mui­tas estradas vicinais dos Campos Gerais estão intransitáveis e o Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa analisa a possibilidade de suspender as aulas em alguns colégios da zona rural até que o tempo me­­lhore.

Na região de Londrina, no Norte do Paraná, o número de colisões triplicou desde o último dia 22, quando a chuva iniciou na cidade. A média passou de 4 para 12 acidentes diários, de acordo com os últimos dados da Polícia Rodoviária Estadual (PRE). A falta de consciência dos motoristas, que não reduzem a velocidade com a pista molhada, é apontada como a principal causa dessas colisões. (KB e FL)

Menina cai em rio e desaparece

Uma menina de 12 anos caiu dentro do Rio Terra Boa, na tarde de ontem, em Campina Grande do Sul, na região metropolitana. Chovia no momento do acidente e o rio estava acima do nível normal. O Corpo de Bombeiros Comunitário da cidade fez buscas nas margens do rio e uma equipe do grupamento aquático de São José dos Pinhais procurou dentro da água, mas a menina não foi encontrada.

As buscas foram encerradas por volta das 19 horas de ontem. A criança caiu no rio por volta das 17 horas. "Chovia muito e o rio estava com muita correnteza", explicou o sargento Moisés Ferreira, dos bombeiros comunitários de Campina Grande do Sul. O rio passa atrás de uma escola e, segundo testemunhas, a menina estava com uma amiga e foi lavar o tênis no rio. "Ela acabou escorregando do barranco e caindo no rio. Um rapaz chegou a pular na água atrás da menina, mas não conseguiu pegá-la porque a correnteza estava muito forte", disse o sargento Moisés. São remotas as chances de encontrar a menina viva. Hoje as buscas serão retomadas.

Adriano Kotsan

  • Em Pinhais, moradores queimaram pneus em protesto contra as enchentes
  • Na BR-376, também em Ponta Grossa, chuva derrubou cinco postes

As chuvas que castigam o estado há uma semana começaram ontem a causar prejuízos à população. Em Curitiba e região me­­tropolitana, cerca de 50 ocorrências foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros. Alagamentos, quedas de árvores e deslizamentos de terra foram os danos registrados.

Em Araucária, cerca de 20 ca­­sas no bairro Jardim Arvoredo, próximo à barragem do Rio Pas­­saúna, ficaram inundadas. Treze pessoas na cidade tiveram de ir para residências de parentes ou amigos. Mais de 250 moradores de Colombo também foram atingidos por alagamentos. Na Vila Pantanal, em Curitiba, o excesso de água fez com que 34 pes­soas fossem retiradas de suas casas. Todos foram levados para a escola municipal Arnaldo Alves da Cruz. O Rio Iguaçu, que está com o nível acima do normal, também está sendo monitorado pela Defesa Civil. Nos bairros Campo Comprido e Pinheirinho, duas residências podem desabar e as áreas próximas foram interditadas.

Três casas e parte de uma igreja em Almirante Tamandaré foram danificadas durante o dia de ontem. Um deslizamento causou rachaduras nesses locais e obrigou a Defesa Civil da cidade a isolar a área. Oito pessoas foram para as residências de conhecidos e duas estão abrigadas em uma escola municipal da cidade. "Vamos fazer uma avaliação com equipes da prefeitura para definir como resolver o problema", diz o coordenador da Defesa Civil de Almirante Tamandaré, sargento Alvacir Ferreira.

Em Ponta Grossa, seis famílias precisaram ir para a casa de parentes e quatro buscaram abrigo em prédios públicos em função de alagamentos e deslizamentos. A casa da vendedora Sandra Moreira Bueno, 22 anos, foi uma das três interditadas na cidade. Ela conta que existem obras na rua, para o asfaltamento, e todo o sistema de canalização de água da chuva foi retirado nos últimos dois meses. A chuva derrubou o muro e a lavanderia da casa da mãe de Sandra, que mora no mesmo terreno. Com a ajuda de vizinhos, as duas famílias retiraram os móveis e roupas e alugaram uma casa nas proximidades. No centro da cidade, a parede de uma casa também desabou.

Moradores do Jardim Weis­sópolis, em Pinhais, interditaram a Rua Rio Paraná (próxima à divisa com Curitiba). Eles queimaram pneus para protestar contra as enchentes e dizem que os alagamentos surgem todos os anos e, mesmo assim, o poder público nada faz para dragar ou canalizar os rios que cortam a cidade. "Hoje de manhã tive de fazer uma barricada de areia na frente da minha casa para que a água não entrasse", disse o auxiliar de produção Claudemir Oliveira, morador do Jardim Weissópolis. "No ano passado, já perdi várias coisas com as en­­chentes. Tenho medo de perder tudo de novo", afirmou. Nenhu­ma pessoa no estado ficou ferida em razão dos danos causados pela chuva.

Este mês de julho é o mais chuvoso em Curitiba desde 1997, quando o Instituto Tecnológico Simepar começou a monitorar o volume das águas na cidade. Em 28 dias, já choveram 216 milímetros, mais do que o dobro da média deste período, que costuma ficar entre 75 e 100 milímetros. Até então, o maior índice de chuvas no mês era o de 2001, quando 155,8 milímetros foram registrados na capital paranaense. "Esses números são anormais, pois o inverno tende a ser um período seco e sem muitas chuvas", diz o meteorologista Samuel Braun. Apenas ontem, choveu dois terços do que foi registrado em todo o mês de junho. Nos próximos três dias, julho poderá superar janeiro, mês mais chuvoso de 2009 até agora em Curitiba, com 279 milímetros.

Em Londrina, as chuvas são ainda mais rigorosas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inemet), a cidade do Norte do Paraná tem o segundo mês de julho mais chuvoso desde 1961, com 242,7 milímetros registrados. O número só é inferior ao de 1972, quando choveu 270,8 milímetros. Já em Cas­tro, na região dos Campos Gerais, são 300 milímetros de chuva no mês, mais do que o triplo da média do período, que é de 90 mi­­límetros.

As várias frentes frias que chegaram ao Paraná e ficaram estacionadas são o principal motivo das fortes chuvas. Nos próximos dias, as chuvas continuam em todo o estado, mas em um ritmo mais fraco. De acordo com o Simepar, o sol pode voltar a aparecer na tarde de amanhã e também no domingo.

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