A expectativa de vida para os nordestinos será afetada pelas mudanças climáticas e deve ficar abaixo da média nacional, de acordo com o estudo Migrações e Saúde: Cenários para o Nordeste Brasileiro-2000/ 2050, divulgado ontem.
O estudo foi feito para a Embaixada Britânica pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pelo Centro de Pesquisas René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O mesmo trabalho mostra que a redução das terras disponíveis para a agricultura em função dos choques climáticos pode resultar no aumento da migração de nordestinos dentro da própria região e no país até 2050. As informações são da Agência Brasil.
O coordenador do Cedeplar/UFMG, Alisson Barbieri, destacou que a expectativa de vida no Nordeste tende a aumentar, embora ainda fique em patamar abaixo da média do país, devido ao envelhecimento da população e ao aumento da longevidade, que é diferente nas várias regiões. "No caso da região Nordeste, a população ficará mais envelhecida, viverá mais; porém, com uma menor intensidade em relação ao Brasil", apontou.
Barbieri salientou que, no caso das mudanças climáticas, as crianças e os idosos são os mais vulneráveis às ondas de calor e aos impactos negativos sobre a saúde.
O pesquisador explica que, atualmente, a taxa de fecundidade total brasileira, que é medida sobre o potencial da reprodução da população, é abaixo da reposição. Ou seja, para que a população pelo menos se mantivesse constante no futuro, cada mulher deveria ter dois filhos. Um para substituir a mãe quando morresse e outro o pai quando morresse. No Brasil, o que ocorre hoje é que as mulheres têm menos de dois filhos, aumentando a população adulta idosa.
Migração
O coordenador da pesquisa também apontou os efeitos das mudanças climáticas no fluxo migratório. Em um cenário sem alterações drásticas de clima, a volta de migrantes para suas regiões de origem, principalmente nordestinos e mineiros residentes em São Paulo, tende a se manter. Esse processo vem sendo observado nos últimos 15 a 20 anos.
No caso das mudanças climáticas, porém, Barbieri afirmou que poderia haver reversão dessa tendência de volta à terra natal. Em função da redução da renda e do nível de emprego em várias áreas do Nordeste devido às alterações climáticas, poderia acontecer uma saída de parte dessa população do Nordeste para outras regiões do país.
Segundo o professor, o efeito do clima no Nordeste como um todo, poderia levar a um processo de expulsão de população da região. Ele chamou a atenção, contudo, para o fato de que esse cenário considera as mudanças climáticas sem a adoção de mecanismos de adaptação para a população. Para reverter essa tendência, teriam de ser desenhadas políticas que contribuíssem para manter a população na região e garantir sua subsistência.
Uma das hipóteses levantadas pelo estudo é a ampliação das transferências governamentais de renda, como o Bolsa Família, por exemplo, como instrumento para suavizar os impactos das mudanças do clima sobre a economia do Nordeste.
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