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Na minha coluna "Estrangeirismos legítimos X estrangeirismos que legitimam a preguiça" (Gazeta, 9/3) dei meu ponto de vista sobre esse tema que está longe de ser consensual. Volto ao assunto por causa da polêmica gerada pelo projeto de lei, já aprovado pela Assembleia Legislativa, que proíbe o uso de palavras em outros idiomas em propagandas e obriga que os anúncios sejam traduzidos.

Recupero rapidamente alguns argumentos que usei.

Primeiro: em hipótese alguma uma língua desaparece (ou corre risco!) por causa de termos estrangeiros. Não há um registro sequer de que línguas tenham morrido por isso. Pelo contrário: a língua mais influente do mundo (a inglesa) registra milhares de termos estrangeiros. Alguém imagina que o inglês irá desaparecer em breve? Além disso, toda língua precisa de termos estrangeiros para determinadas áreas do conhecimento. Como escrever um denso texto sobre informática sem recorrer ao inglês?

Segundo: o fato de toda língua precisar de termos estrangeiros não significa que os falantes, por exemplo, do português, estejam "proibidos" de procurar palavras adequadas no nosso idioma quando precisam escrever um determinado texto. O uso de algumas palavras estrangeiras mostra uma imagem equivocada que algumas pessoas têm sobre "sofisticação". Muitas usam off (desconto), delivery (entrega) e customizado (sob medida) e talvez pensem que estejam abafando. Ridículo! Temos palavras adequadas no nosso idioma. Vamos combinar: sofisticação e preguiça não são sinônimos, nem aqui nem there!

A dificuldade de milhões de brasileiros com a língua escrita tem pouco – ou nada – a ver com termos estrangeiros, mas sim com a compreensão de alguns gêneros textuais. Quantos brasileiros, por exemplo, conseguem ler e entender um projeto de lei?

Adilson Alves é professor

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