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Com tudo em grandes proporções, principalmente a muralha de edifícios que cerca a orla central de 7 quilômetros, em Balneário Camboriú o sol nasce para todos. Mas o pôr do sol é um privilégio de quem mora num apartamento de cobertura. O topo da pirâmide social que, se ainda não é, já foi de algum paranaense.

Não é demais dizer que o maior balneário do Brasil Meridional é também o maior balneário do Paraná. Os de antes reconhecem isso e os de muito antes podem contar um sem-fim de histórias dos pioneiros que botaram as primeiras pedrinhas de petit-pavê no calçadão dessa tímida Copacabana. A começar pelos 12 andares do Edifício Londrina, na Avenida Atlântica, marco do que representou a fortuna cafeeira no espantoso desenvolvimento vertical do afortunado balneário que, caso o jogo fosse liberado, poderia ser a Monte Carlo dos mares do sul.

Se Londrina fincou seu pé vermelho na areia, a proximidade com Curitiba muito animou a vida noturna do balneário na década de 1960, nos anos de confronto entre a bossa nova e o iê-iê-iê. Nas soirées do Hotel Marambaia, a jovem Vera Fischer dançava de rosto colado ao som do Bitten-4 (Fernando Loko, Anadir, Dalton Contin e Lápis) e, para fechar a madrugada, o piano de Dimas Campos foi um capítulo à parte na história de Balneário Camboriú.

Depois de passar dez anos matriculado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Dimas voltou com o diploma de pianista e, de passagem por Curitiba, fez o doutorado na boate Manhattan. O jornalista Roberto Mugiatti lembra dele ao lado de Gebran Sabbag, num piano próximo dos pianistas de jazz negros americanos. Sempre cercado de muitos amigos e belas mulheres, o pianista criou os sofisticados Dimas Club de Itajaí e Balneário Camboriú, esta uma boate num estreito sobrado de madeira na Avenida Brasil, onde embaixo morava sua mãe. Como na casa não cabia mais tanto sucesso, o bem sucedido pianista expandiu os negócios e tomou conta da Barra Sul com a boate Baturité, erguida ao lado do pioneiro restaurante Rancho do Baturité. Nome legendário na história do Balneário Camboriú, Dimas Campos era filho de Baturité Campos e neto do fundador do município de Itapema (SC).

Balneário Camboriú, que já tem uma estátua de Jango Goulart sentado em frente de onde era sua casa (perto do falecido Hotel Fischer), nos deve mais dois monumentos: Dimas Campos ao piano onde era o saudoso Baturité e, no número 1.506 do Edifício Londrina, ainda cabe uma placa de bronze em memória aos pioneiros de pé-vermelho que fizeram de Camboriú o maior balneário do Paraná.

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