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O Paraná vai ajudar o Maranhão a controlar o inferno carcerário de Pedrinhas. Ou seja, o roto vai dar uma mão ao esfarrapado. A pedido de Roseana Sarney, a secretária de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes, e uma equipe de técnicos embarcaram na canoa de Caronte (o barqueiro que leva as almas recém-chegadas ao inferno) para levar à Capitania Hereditária do Maranhão o Business Intelligence (BI), um software de gestão prisional desenvolvido em Curitiba.

Não é de agora que os donatários do Maranhão pedem ajuda aos paranaenses. Além dos laços prisionais, os laços de família do Maranhão com o Paraná estão num dos capítulos da biografia do ex-governador Paulo Pimentel, escrita pelo jornalista Hugo Sant’Ana. No episódio que mudaria a árvore genealógica da nobreza de São Luís do Maranhão, os personagens principais foram o patriarca José Sarney e o falecido João de Mattos Leão. Com o apoio de Paulo Pimentel, em 1970 Mattos Leão fora eleito senador pelo Paraná, junto com Francisco Accioly Filho e contra o candidato do PMDB, José Richa. Sarney era senador e se tornou um dos grandes amigos de Mattos Leão, que também tinha um belo latifúndio no Maranhão.

Nessa época, a filha mais velha de José Sarney, Roseana, casou-se com Jorge Murad e algum tempo depois recebeu o diagnóstico de que era estéril. Tanto ela quanto os avós queriam muito uma criança e decidiram recorrer à adoção, relata Hugo Sant’Ana. Aí entra em cena o amigo Mattos Leão, que passa a procurar uma menina em Curitiba e na região de Guarapuava, sua terra. Como os trâmites para adoção são geralmente complicados, o senador Mattos Leão, em nome da boa causa, apelou para o governador do Paraná. Prontamente, Paulo Pimentel colocou em campo os andares superiores do Palácio Iguaçu com a missão de encontrar a filha que Roseana adotaria.

A Casa Civil não precisou ir longe. No Hospital Nossa Senhora das Graças, que naquele tempo mantinha um programa de adoções em Curitiba, uma garota aguardava para ser adotada, fora da lista de espera. Graças, é claro, aos préstimos do governador e de um senador. Alguns dias depois, José Sarney, a esposa Marly e a filha Roseana, com o marido, vieram buscar a encantadora garotinha que se chamaria Rafaela.

Já na adolescência, a mais nova herdeira daquele feudo seria devidamente informada da sua condição de princesa adotiva. Mãe de Fernanda e Rafael, a paranaense Rafaela proporcionou a Sarney e Dona Marly um dos mais importantes títulos da nobiliarquia maranhense: bisavós. Mas, tendo em vista a imortalidade do patriarca, ainda é possível que vejamos o tataravô mandando e desmandando na corte de Brasília.

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