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Deus é mesmo brasileiro. Ou, se não é, tem algum parente no Sul do Brasil, considerando nossas tantas etnias com descendentes próximos dos últimos papas. Sem contar amigos, colegas de trabalho e batina. O padre Lourenço Biernaski é um deles. Conheceu Karol Wojtyla em Cracóvia, ainda jovem, e veio a se reencontrar com João Paulo II no Vaticano, num informal almoço entre amigos, onde provaram da comidinha caseira das freiras oriundas da Polônia.

Fiel guardião da memória polonesa no Brasil na casa dos vicentinos, junto à igreja São Vicente de Paulo, padre Lourenço também preservava a imagem de Wojtyla pendurada na parede. Na foto colorida, o momento exato do atentado ao papa: no dia 13 de maio de 1981, pouco depois das 17 horas locais, João Paulo II estava com os fiéis na Praça de São Pedro quando foi atingido por duas balas disparadas com uma pistola 9 milímetros por Mehmet Ali Agca.

É impressionante: a multidão, o braço apontado, a mão de Ali Agca apontando a arma, e o papa a poucos metros. O mais impressionante: atrás do terrorista, ombro a ombro, dois padres vicentinos aqui de Curitiba, amigos de padre Lourenço, testemunhas oculares da história.

O tiro dispara e seguem-se alguns segundos de perplexidade, com Ali Agca fugindo em direção às colunatas do Vaticano. Em meio ao tumulto, os dois padres vicentinos saíram no encalço do terrorista. Não o alcançaram. A segurança chegou antes, mas a foto comprova que faltou pouco para os padres entrarem para a história como os dois brasileiros que prenderam o assassino do papa, porque foi um milagre o papa não ter sido morto naquele momento.

Quando Albino Luciani foi ungido João Paulo I, a cidade de Nova Trento tinha entre seus habitantes vários descendentes diretos da família Luciani, companheiros de viagem da primeira santa brasileira, em 1875. Primos e sobrinhos do "papa sorriso" saíram do anonimato. Um deles desceu o morro do cemitério, onde era jardineiro, para dar entrevistas ao mundo dos vivos. Com o retrato autografado do primo papa sob a mesa, respondeu ao enviado do Jornal Nacional o que esperava do novo pontífice: "Uma casinha".

Não ganhou uma casinha. Ganhou convite e passagem para conhecer o primo no Vaticano. Embarcou em Florianópolis com o primo vivo, desembarcou em Roma na madrugada de 28 de setembro de 1978 com o primo morto. O Luciani de Nova Trento (onde nasci) conheceu apenas o Aeroporto de Fiumicino, de onde retornou à jardinagem.

Papa que vai, papa que vem, quase com certeza o papa Francisco terá um pé no Brasil. Se o argentino não tem o pé nem mesmo na fronteira, pelo menos deve conhecer a Ilze Scamparini.

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