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"Não converse com estranhos na rua. Nem aceite nada deles.". Esse provavelmente é o primeiro conselho que uma mãe dá a seus filhos quando eles começam a desbravar o mundo do outro lado do muro de casa. É uma solução tradicional para um dilema eterno: preparar as crianças a serem independentes e protegê-las ao mesmo tempo. Um dilema que tem hoje um componente a mais para o qual os pais não estão preparados – a rua, com todos seus benefícios e perigos, entrou nos lares através da internet e se alojou dentro da tela do computador.

Até há pouco tempo, os adultos tinham em suas mãos o poder de monitorar de forma mais eficiente os momentos em que os filhos lidavam com o exterior. Afinal, o contato com a rua era tão somente físico. Se o filho não saía de casa ou ia apenas a locais "controlados" ou "conhecidos" pelos pais, o risco era significativamente menor.

Mas a internet mudou tudo. A rua agora é virtual. E o contato com ela não tem mais hora para ocorrer; basta ligar o micro e acessar a web. Como consequência, são cada vez mais comuns os casos de crianças e adolescentes seduzidos pelo canto da sereia on-line.

Às vezes, essa sedução resulta apenas num abuso da liberdade pelos filhos, sem maiores desdobramentos além de um susto. Foi o caso, amplamente divulgado pela imprensa nesta semana, da adolescente paranaense que marcou um encontro com o namorado pela internet e simplesmente sumiu de casa. Noutros casos, porém, crianças e jovens se tornam vítimas de gente mal-intencionada que usa a web como isca para praticar seus crimes ou golpes.

Lidar com o mundo da rua virtual dentro de casa não é fácil. É como se o pai ou a mãe, ao ir preparar o café na cozinha, não deixasse o filho no quarto em frente ao computador, mas em uma praça movimentada com pessoas completamente desconhecidas.

Mas a solução para o novo dilema on-line talvez seja a mesma de sempre: orientar os filhos a não falar com estranhos e a não aceitar nada deles. Os pais, porém, têm de se conscientizar de que o conceito de "estranho" e de "rua" necessariamente deve se ampliar para além dos limites físicos, englobando o mundo virtual.

Além disso, a internet tem de ser vista como o veículo que conduz pessoas por avenidas virtuais. No mundo real, os adultos não dão a chave do carro para os filhos. Os pais também não deixam que suas crianças pequenas andem de bicicleta sozinhas em locais de trânsito intenso. Ao contrário, levam os filhos para pedalar nas ciclovias ou parques; e ficam acompanhando. Só quando os filhos crescem e se tornam mais responsáveis é que ganham autorização para andar sem supervisão. Com a web, o raciocínio deve ser o mesmo.

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