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No dia 9 de novembro, milhares de jovens universitários realizarão o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), um dos procedimentos de avaliação previstos pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).

O Enade é aplicado a estudantes dos cursos de graduação, utilizando-se de amostragem selecionada entre ingressantes e concluintes, com o objetivo de aferir o desempenho "em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação", bem como a compreensão de temas ligados à realidade brasileira e internacional.

Um dos pontos positivos do Enade é, sem dúvida, a possibilidade que as instituições e os cursos têm de utilizar os resultados nele obtidos como ingrediente de um processo avaliativo mais amplo, gerando ferramenta para a gestão e o aperfeiçoamento do projeto pedagógico. Diferentemente do "Provão", que mantinha o foco no conhecimento específico esperado dos alunos concluintes, o Enade traz dimensões distintas ao avaliar a formação geral e específica. Além disso, atualmente se constitui no mais importante indicador que a sociedade utiliza para aferição da qualidade dos cursos, dando origem ao Conceito Preliminar de Curso, orientador das visitas "in loco" feitas pelo Inep. Ao lado desses aspectos, contudo, é necessário considerar que um teste com 40 itens não é o bastante para avaliar o conhecimento suficiente ao exercício de uma profissão de nível superior. Além disso, por sua aplicação trienal, não permite acompanhar as turmas em cada etapa de sua aprendizagem. Por outro lado, os resultados, que deveriam ser divulgados dentro de um contexto, são, com freqüência, utilizados para estabelecer um "ranking" entre as instituições, o que não é o objetivo do exame. Outras dificuldades se somam como, por exemplo, a análise das diferenças entre ingressantes e concluintes a partir de uma nota única.

Temas recorrentes, nas discussões entre gestores institucionais, são a não-inclusão da nota do Enade no histórico escolar ou o uso do resultado em concursos públicos, o que mudaria consideravelmente o empenho dos alunos no exame, como também a valorização excessiva da percepção dos alunos no cálculo do Índice de Diferença entre os Desempenhos Esperado e Observado, percepção esta muitas vezes distorcida da realidade. Uma sugestão seria a inclusão, nos questionários, de outras dimensões de pesquisa que possibilitem levantar efetivamente as contribuições do ensino superior ao desempenho dos alunos. Pré-testar os itens da prova e dos questionários, do ponto de vista técnico, favoreceria a qualidade dos instrumentos e a comparabilidade dos resultados.

O debate a respeito do Enade é intenso e atual. Espera-se que seja permeado pela clareza quanto aos seus limites como processo avaliativo. Permanentes reflexão e análise são fundamentais para que disso se extraiam as melhores contribuições à qualidade do ensino.

Robert Carlisle Burnett é pró-reitor de Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação da PUCPR.

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