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O cearense Carlos Alberto Nobre, o "Beto", ganha a vida consertando portões de aço arrombados em estabelecimentos comerciais. Desde que chegou a Curitiba, há 23 anos, fixou seu atendimento no centro da cidade, onde conta ter atualmente uma média de cinco pedidos por dia. Na madrugada do último dia 17, segundo ele, sete comerciantes do Centro afirmaram que tiveram os portões de seus imóveis violados. Os ataques, aparentemente, não são voltados a um tipo específico de comércio: dos três Boletins de Ocorrência registrados nesta semana no 1º Distrito Policial (1º DP) de Curitiba, que cobre a região central, um é de uma pastelaria, outro de uma loja de bijuterias, e o terceiro de uma loja de roupas. Outras três ocorrências foram registradas na Polícia Militar (PM).

Bernardo Duarte, proprietário de uma loja de roupas, conta que decidiu contabilizar os casos de arrombamento dos últimos dias para verificar como e quando as ocorrências têm acontecido. "Muita gente tem o estabelecimento arrombado e não registra a ocorrência, por isso resolvemos aumentar o diálogo entre nós para discutir o que pode ser feito em relação a isso", explica Duarte. A insegurança é demonstrada não apenas por quem teve bens furtados. É o caso de Luciana Andrade, gerente de uma loja de bijuterias, que denunciou uma tentativa frustrada. "Quando fomos abrir o comércio pela manhã, vimos que o portão de aço tinha sido arrombado. Por sorte, não conseguiram entrar na loja. Mas temos o negócio aqui há mais de dez anos e esta é a primeira vez em que isso aconteceu", afirma Luciana.

Embora boa parte dos casos aconteça de madrugada, abordagens à luz do dia também preocupam os moradores. No dia 12 de agosto, uma segunda-feira, uma loja de artigos esportivos no centro sofreu um assalto à mão armada por volta das quatro horas da tarde. O gerente da loja, Gabriel Fernando, conta que o movimento no local era grande quando os assaltantes chegaram. "Dois homens entraram dizendo que estavam só dando uma olhada nos artigos. De repente, um deles sacou uma arma, mandou os clientes embora e ficou só com os funcionários na loja. Roubaram o dinheiro que tinha no caixa e mais alguns bonés e óculos. Acionamos o segurança e a PM na hora, mas eles já tinham fugido", relembra o gerente.

Delegacia não tem dados precisos

O 1º DP, que cobre ocorrências do centro, alega não ter dados precisos sobre o atual número de arrombamentos e assaltos no Centro. Os comerciantes, por sua vez, pretendem criar uma associação, até o fim do mês de agosto, para discutir não apenas medidas de segurança, mas também reivindicar mais atenção do poder público ao bairro.

"A região está abandonada. Não é apenas a falta de policiamento, temos iluminação ruim, calçadas em péssimo estado, consumo de drogas contínuo na frente do comércio, enfim, uma série de problemas. A ideia é que a comunidade converse mais, a partir de agora, para se fortalecer", explica o comerciante Bernardo Duarte.

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